Nunca retribuas maldade com vingança ou desforço. O homem mau encontra-se doente e ainda não sabe. Dá-lhe o remédio que minorará o seu aturdimento, não usando para com ele dos recursos infelizes de que ele se utiliza para contigo. Se alguém te ofende, o problema é dele. Quando és tu quem ofende, a questão muda de configuração e o problema passa a ser teu. O ofensor é sempre o mais infeliz. Conscientiza-te disso e segue tranquilo. Joanna de Ângelis
quarta-feira, 14 de outubro de 2015
A técnica da paciência
A paciência é virtude muito ensinada, mas dificilmente vivida nos momentos em que ela se torna imprescindível.
Recomenda-se lhe o uso desde tempos imemoriais.
Dela tratam as religiões, as filosofias e, hodiernamente, a psicologia.
Evidentemente, para que algo possa ser conscientemente usado é necessário que seja conhecido.
Já é tempo de aprofundar-se o estudo desse estado emocional produtivo, a fim de que seus benefícios sejam dilatados.
Ante difícil problema, forte emoção, profunda tristeza ou qualquer frustração, o antídoto recomendado é: Paciência!
Mas, como encontrar a paciência?
Deverá ser buscada interiormente ou exteriormente?
Muitas são as questões que o tema propõe.
Evidentemente não pretendemos equacioná-los. Todavia, urge comentá-lo, analisá-lo com maior profundidade.
Começamos nossa ilação interrogando: paciência encontra-se ou se desenvolve?
Acreditamos que a paciência é um estado mental positivo que se desenvolve.
Porém, esse desenvolvimento, em face do próprio processo evolutivo a que o espírito está subordinado, pode ser natural, espontâneo, empírico, por isso mais lento; ou planejado, estudado, preparado e exercido conscientemente, no processo da auto-educação, consequentemente mais rápido.
Como o homem, através do estudo e da técnica, pode melhorar o rendimento até do vegetal, o que não alcançará ele se a mesma coisa fizer na estruturação da sua felicidade?
Portanto ensaiemos em torno da paciência. Absolutamente não pode ela ser confundida com o desanimo, a inércia, o desinteresse, a acomodação ou outros estados emocionais que, exteriormente indicam certa tranquilidade por parte daquele que enfrenta exacerbada dificuldade.
Não é paciente aquele que ignora propositadamente o problema.
Exige uma atitude positiva, verdadeira e realista ante o fato, ato, sentimento ou emoção frustrante.
É preciso conhecer o problema, suas causas e efeitos. Delimitá-lo em seu real território. Consequentemente, a paciência é a conscientização que, clarificando o obscuro e aterrador, proporciona visão clara e posição íntima, serena, para a movimentação de forças solucionadoras.
Ela pode ser: ativa ou passiva.
Ativa quando, para a solução do problema, ela determina comportamento e atitudes atuantes na remoção do obstáculo, de forma enérgica, persistente e confiante.
Passiva, quando a omissão e a inércia se impõem a fim de que o comportamento e a atitude ante o fato obstruidor não seja irracional, infringindo os princípios equilibrantes da Lei Divina.
Diante dessas duas formas de dispor da energia mental é que reside a importância de “como” ser paciente. Nessa aplicação torna-se necessário profundo estudo para conhecer: se houve liberação de forças instintivas, oriundas da animalidade irracional, ou forças superiores conscientemente aplicadas para o engrandecimento do homem.
Outro aspecto que merece analisado é a reação interiormente sentida, sob a forma de irritação, revolta, despeito, cólera e, até mesmo, ódio ante o evento desagradável.
Isto porque, às vezes, a causa do desajustamento não está no exterior; fato, acontecimento ou pessoa, mas em raízes neuróticas que a personalidade traz em si. Então, essa causa faz explodir, na personalidade, as reações improdutivas, egoísticas e destruidoras.
Por isso, é necessário que, ante o problema, a reação por ele produzida seja “facionalmente” compreendida (se tem um sentido construtivo ou destrutivo).
O que jamais ocorre é a paciência constituir-se em emoção imponderável. Ela é um feixe de energias mentais positivas e atuantes.
Concluímos que a paciência é uma posição mental construtiva, a ser conquistada. Para tal, caminharemos ganhando terreno aos poucos, pois, como verdadeira técnica, exige esforço, persistência e prática.
Não é conquistável de uma vez, nem por um “golpe de força de vontade”.
Até sua conquista definitiva e exercício natural, conforme a situação, ela será exercida ou não de modo perfeito ou imperfeito.
O que importa é seu conhecimento e aplicação pois a paciência constitui condição para a saúde mental e processo de desenvolvimento espiritual.
Airton Paiva
Reformador (FEB) Fevereiro 1970
Assinar:
Postagens (Atom)