segunda-feira, 30 de abril de 2012

Espiriteiros


A possibilidade de se melhorarem noutra existência não será de molde afazer que certas pessoas perseverem no mau caminho, dominadas pela idéia de que poderão corrigir-se mais tarde?

Aquele que assim pensa em nada crê e a idéia de um castigo eterno não o refrearia mais do que qualquer outra, porque sua razão a repele, e semelhante idéia induz à incredulidade a respeito de tudo. 

Se unicamente meios racionais se tivessem empregado para guiar os homens, não haveria tantos cépticos. De fato, um Espírito imperfeito poderá, durante a vida corporal, pensar como dizes; mas, liberto que se veja da matéria, pensará de outro modo, pois logo verificará que fez cálculo errado e, então, sentimento oposto a esse trará ele para sua nova existência. 

É assim que se efetua o progresso e essa a razão porque, na Terra, os homens são desigualmente adiantados. Questão 195

Não encontraremos no dicionário a expressão ”espiriteiro”.

Podemos situá-la como um neologismo (palavra nova) para definir pessoas que se ligam ao Centro Espírita desligadas das finalidades do Espiritismo.

Espiriteiro é o ”papa-passes”, que comparece às reuniões apenas para receber sua ”hóstia” depuradora, representada pela transfusão magnética.

Freqüentador assíduo de ”consultórios do Além”, grupos mediúnicos que se formam apenas para receber favores espirituais, não consegue compreender que o Espiritismo não é mero salva-vidas para acidentes existenciais nascidos de sua própria invigilância.

Refratário a qualquer compromisso que imponha disciplinas de horário e assiduidade, alega absoluta falta de tempo, sem atentar a um princípio elementar: tempo é uma questão de preferência.

Kardec fala dos espiriteiros, em ”O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no capítulo XVII: Nalguns, ainda muito tenazes são os laços da matéria para permitirem que o Espírito se desprenda das coisas da Terra; a névoa que os envolve tira-lhes a visão do infinito, donde resulta não romperem facilmente com os seus pendores, nem com seus hábitos, não percebendo haja qualquer coisa melhor do que aquilo de que são dotados.

Têm a crença nos Espíritos como um simples fato, mas que nada ou bem pouco lhes modifica as tendências instintivas. Numa palavra: não divisam mais do que um raio de luz, insuficiente- para guiá-los e a lhes facultar uma vigorosa aspiração, capaz de lhes sobrepujar as inclinações.

Atêm-se mais aos fenômenos do que à moral, que se lhes afigura cediça e monótona.

Pedem aos Espíritos que incessantemente os iniciem em novos mistérios, sem procurar saber se já se tornaram dignos de penetrar os arcanos do Criador.

Esses são os espíritas imperfeitos, alguns dos quais ficam a meio caminho ou se afastam de seus irmãos em crença, porque recuam ante a obrigação de se reformarem, ou então guardam as suas simpatias para os que lhes compartilham das fraquezas e das prevenções.

Tive um amigo espiriteiro, um ”bon vivant”, dado a aventuras extraconjugais e viciações. Embalado pelo comodismo, surdo e cego aos princípios espíritas que dizia esposar, justificava sua posição:

- Temos milênios pela frente, nos domínios da eternidade. 

Retornaremos incontáveis vezes ao educandário terrestre. 

Por isso não há pressa. O que não fizer hoje, faço amanhã. 

Além do mais, ninguém é de ferro. Disciplina demais é tirania do cérebro sobre o coração. Como ensinava Jesus, ”o Espírito é forte, mas a carne é fraca”. Homem que sou, não posso furtar-me às contingências do mundo. Incrível! Uma observação tão séria de Jesus, em circunstância dramática, é vulgarizada, com inversão de seu significado para justificar os desatinos de um espiriteiro!

Textualmente, segundo Marcos (14:38), diz Jesus: Vigiai e orai para que não entreis em tentação.

O Espírito, na verdade., está pronto, mas a carne é fraca.

O Mestre fez esta advertência no Horto, antes de ser entregue soldados romanos. Em plena madrugada recomendava aos discípulos que o ajudassem na vigília, buscando, em oração, a proteção divina para os testemunhos que viriam.

Embora a fraqueza da carne representasse naquele momento o sono que insistia em apossar-se dos discípulos, ficou o simbolismo vigoroso quanto à necessidade de vigiarmos nossos pensamentos, a fim de não nos deixarmos dominar por impulsos incompatíveis com os princípios religiosos que esposamos.

O grande recurso, nesse propósito, é a oração, evocando as forças do Céu, no empenho por mantermos nossa integridade moral.

O reconhecimento, pois, de que ”a carne é fraca”, deve ser, à luz dos ensinamentos evangélicos, uma advertência; jamais uma justificativa para deslizes de comportamento.

A intenção de transferir para um futuro remoto nossas realizações espirituais, como pretendia nosso amigo espiriteiro, é algo um tanto irracional, porquanto o contato com a verdade implica em compromisso com ela.

É até compreensível que alguém se recuse a levar a sério a idéia de que há penas e castigos eternos para os que não se ajustam a determinados princípios religiosos. Quando aprendemos a raciocinar escasseia espaço em nosso cérebro para a fantasia.

O mesmo não ocorre com a idéia da reencarnação, que se exprime na lógica, dando-nos conhecimento dos porquês da existência humana, onde somos convocados ao desenvolvimento de nossas potencialidades criadoras, superando mazelas e imperfeições.

Sobretudo, ficamos sabendo que a Dor, a grande mestra, tende a acentuar sua energia na proporção em que, tomando conhecimento do que nos compete, deixamos de fazê-lo.

♥♥♥

Abeberando-nos do conhecimento espírita, não haverá justificativa para a omissão. 

Partindo da afirmativa evangélica de que muito será pedido ao que muito recebe, concluímos que nós, espíritas, estaremos sempre em débito com a Doutrina, porquanto o empenho de uma vida será pouco, ante a gloriosa visão de realidade espiritual que ela desdobra aos nossos olhos.

Companheiros que se manifestam nos Centros Espíritas a que estiveram vinculados, reportam-se a esse problema.

Não tiveram dificuldade em reconhecer sua nova condição, bafejados pelo conhecimento doutrinário.

Habilitam-se à proteção de benfeitores amorosos, ligados que estiveram a atividades no campo da fraternidade humana.

Reportam-se a indescritíveis emoções, no reencontro com familiares queridos.

Mas, com freqüência, revelam indefinível tristeza, por não terem aproveitado integralmente as oportunidades recebidas.

Guardam a nostalgia do ideal espírita não realizado. Embora as conquistas alcançadas como espíritas, não conseguem furtar-se à penosa impressão de que estiveram mais para espiriteiros...



Richard Simonetti

Livro: Quem tem medo de Espíritos

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Que Deus...

...possa nos fortalecer, a fim de não esmorecermos em meio ao caminho, não obstante possa vir a ser uma jornada, lenta...porém firme, determinada.

A nossa vontade, por vezes Senhor, nos puxa para o desespero, para o desequilíbrio, para a fraqueza...

Confiamos em vós Pai, para continuarmos, pois sabemos que se quisermos, conseguiremos, pois nunca nos encontramos abandonados, sempre dispondo do vosso olhar de extremo amor a nos abençoar.

Senhor, que saibamos valorizar esse ato de misericórdia para nosso desenvolvimento como filhos vosso que somos.

Que assim seja!

terça-feira, 24 de abril de 2012

Mensagem de Chico Xavier

Que Deus não permita que eu perca o romantismo,
mesmo sabendo que as rosas não falam...

Que eu não perca o otimismo, mesmo sabendo que o futuro
que nos espera pode não ser tão alegre...

Que eu não perca a vontade de viver, mesmo sabendo que a vida é,
em muitos momentos, dolorosa...

Que eu não perca a vontade de ter grandes amigos,
mesmo sabendo que, com as voltas do mundo,
eles acabam indo embora de nossas vidas...

Que eu não perca a vontade de ajudar as pessoas,
mesmo sabendo que muitas delas são incapazes
de ver, reconhecer e retribuir, esta ajuda...

Que eu não perca o equilibrio, mesmo sabendo
que inúmeras forças querem que eu caia...

Que eu não perca a vontade de amar, mesmo sabendo que a pessoa que
eu mais amo pode não sentir o mesmo sentimento por mim...

Que eu não perca a luz e o brilho no olhar, mesmo sabendo que muitas coisas
que verei no mundo escurecerão os meus olhos...

Que eu não perca a garra, mesmo sabendo que a derrota e a perda
são dois adversários extremamente perigosos...

Que eu não perca a razão, mesmo sabendo
que as tentações da vida são inúmeras e deliciosas...

Que eu não perca o sentimento de justiça, mesmo
sabendo que o prejudicado possa ser eu...

Que eu não perca o meu forte abraço, mesmo sabendo
que um dia os meus braços estarão fracos...

Que eu não perca a beleza e a alegria de viver, mesmo sabendo
que muitas lágrimas brotarão dos meus olhos e escorrerão por minha alma...

Que eu não perca o amor por minha família, mesmo sabendo que ela
muitas vezes me exigiria esforços incríveis para manter a sua harmonia...

Que eu não perca a vontade de doar este enorme amor que existe em meu coração,
mesmo sabendo que muitas vezes ele será submetido e até rejeitado...

Que eu não perca a vontade de ser grande, mesmo
sabendo que o mundo é pequeno...

E acima de tudo...

Que eu jamais me esqueça que Deus me ama infinitamente!

Que um pequeno grão de alegria e esperança dentro de cada um
é capaz de mudar e transformar qualquer coisa, pois,,,
A VIDA É CONSTRUÍDA NOS SONHOS
E CONCRETIZADA NO AMOR!

segunda-feira, 23 de abril de 2012

O espiritismo e seus princípios (vídeo)

Religião é vida

"Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vai ao Pai senão por mim”. 

Você é convocado para uma nova ideia de Religião.


Não se trata de mera inovação humana. É o retorno ao sentido legítimo de Religião.


Certo é que Você terá visto muita gente fazendo do templo de fé o local da prática religiosa.


Templo, porém, é escola do coração.


Ali se aprende.

A prática dos ensinamentos morais do Cristianismo puro, contudo, pede por palco a própria vida.


Nada de locais restritos e especiais.


É junto de seus familiares, ao lado de seus amigos, no encontro com seus desafetos, que Religião alcança a sua dinâmica de "ligação com Deus".


Jesus viveu religiosamente em toda parte.


Jamais fugiu do mundo.


 Você é chamado para isso: para viver no campo do amor ao próximo, ajudando a construir um mundo novo a partir das fronteiras de seu próprio mundo íntimo.


Evangelho é mensagem de Vida.


A sua presença, no cotidiano, corresponde a um abrir de olhos, a uma visão mais ampla da existência, permitindo que Você se coloque corajosamente diante de Você mesmo.


A Boa Nova é o caminho.


Os Espíritos, rompendo com as barreiras do Além, vêm convocá-la para rasgar os horizontes de novas esperanças.


Eles e Você estão juntos.


O grande desafio, que abala os orgulhosos e confunde os egoístas, é para que Você tenha a coragem de amar, de querer paz, de construir e reconstruir o seu destino.


A serenidade é o salário do Bem.

Fé ou razão?


Pedimos ao caro visitante para limpar a mente de quaisquer idéias preconcebidas, a fim de que esta leitura seja feita com absoluta isenção de ânimo, sem qualquer tipo de preconceito.

As teses apresentadas pelo Espiritismo têm sido envolvidas, desde a sua codificação, numa aura de superstição e misticismo pelos que as desconhecem ou pelos que têm interesse em assim agir. Mas, apesar de tudo, são conceitos que vêm se impondo pela força de sua própria realidade.

Por que então há tanta rejeição a estas idéias?
É fácil entender. Se em todas as épocas, na caminhada da ciência, houve sempre momentos de granítica rejeição a novas idéias, principalmente quando vinham desestruturar antigos paradigmas, agora não poderia ser diferente.

Por que a mídia não divulga o que a ciência vem confirmando com relação à reencarnação, à comunicabilidade dos espíritos, à vida depois da morte, etc.?

Porque só lhe interessa o que “dá ibope”. Quando se trata de fenômenos ela está a postos, mas cuida de ignorar o que há por trás deles, por serem informações que fatalmente mudariam os mais importantes paradigmas do mundo cristão. Além disso, iriam contrariar forças extraordinárias, tais como, idéias enraizadas no psiquismo coletivo ocidental e as próprias estruturas das organizações religiosas.

No entanto, quantas pessoas fogem de suas religiões pelos entrechoques da fé com a razão, mas não conseguem deixar de ver Deus na grandiosidade do universo, senti-Lo na imensidão dos oceanos, na figura assustadora das cordilheiras geladas, assim como nas coisas mais singelas como o ordenado labor das formigas? Só lhes falta a explicação correta sobre todos esses mecanismos para que a razão possa juntar-se à intuição e abrir-se à plenitude da fé, sem perplexidades ante as incoerências até então encontradas.

Não é nossa intenção tentar convertê-lo a qualquer doutrina, caro visitante, mas colocar à sua disposição conhecimentos que mudam enfoques, dão novos e mais jubilosos objetivos à vida e, acima de tudo, informações e esclarecimento que pacificam a alma com relação a si mesma, à vida e a Deus.

São informações que dão novo alento, novas perspectivas, renovam mentalidades, modificam conceitos, proporcionando infinito bem-estar, já que mostram os justos porquês de todas as coisas nos perfeitos mecanismos que regem o universo, a vida e a evolução de tudo para patamares sempre mais perfeitos, mais agradáveis, mais belos.

Esses conhecimentos não representam alguma nova religião, nascida da cabeça de alguém. São informações que foram trazidas por espíritos evoluídos através da mediunidade, a partir da metade do século dezenove, e Allan Kardec as codificou e publicou em vários livros, que compõem os fundamentos do Espiritismo.

Quando conseguimos pensar a questão religiosa com mais liberdade mental, sem preconceitos, podemos concluir que o futuro das religiões está na religiosidade e não nos formatos religiosos, mesmo porque é óbvio o fato de não existir uma religião certa, verdadeira ou legítima, já que nas centenas de religiões existentes há sinceridade, há verdade, há Deus, mas com interpretações distintas. Não se pode então dizer que tal ou qual é a verdadeira. Todas estão a caminho da verdade, desde que sua meta seja a busca do divino e, com ela, o crescimento interior do ser.

Jesus ensinou o código de conduta adequada a toda a humanidade, e a Doutrina Espírita esclarece quanto aos mecanismos da vida e da evolução.

Também não há hierarquias no Espiritismo. Para que intermediários entre a criatura e o Criador, intermediários esses tão imperfeitos quanto os demais? Nos ensinos de Jesus Ele sempre colocou cada qual como o único responsável por si mesmo, não por graças de qualquer natureza, mas tão-somente pelas atitudes, omissões e ações vivenciadas no cotidiano.

O Espiritismo, com sua formidável lógica, pode ser considerado também a ciência do bem viver.

Agenda mínima para evoluir

A evolução é lenta, caminha no compasso da natureza, mas a própria natureza tem seus ciclos e nossa humanidade está justamente vivenciando a fase de transição de um ciclo para outro.

É algo semelhante ao que acontece com a borboleta, após longo período no casulo, gestando sua metamorfose. Um dia sai completamente modificada, abre as asas e, bela e leve, irradiando alegria, parte para nova etapa.

O mesmo ocorre conosco. Se estivemos encasulados ao longo dos séculos ou milênios, em gestação evolutiva, podemos fazer agora um esforço maior para promovermos nosso “nascimento cósmico”, como seres melhorados. Podemos também permanecer no casulo, aguardando nova primavera nos ciclos do tempo. Só depende de nós.

E não se pense que pelo fato de sermos espíritas, detendo conhecimentos mais avançados, estejamos num degrau superior, porque como disse o espírito Ermance Dufaux “Espiritismo na cabeça é informação, no coração é transformação”. E é bom observar que essa transformação não acontece, ou então ocorre de forma excessivamente lenta, se não lhe dermos prioridade.

Até agora nos meios espíritas vem-se priorizando o estudo doutrinário, que é importante, mas peso maior tem em nossa evolução a vivência dos conteúdos espíritas, que são muito simples e estão ao alcance de qualquer intelecto, por mais pobre que seja.

Enquanto isso os espíritos continuam enfatizando, sempre com maior insistência, quanto à nossa mais premente necessidade nesta fase de transição, a transformação interior.

Mas por que não conseguimos realizá-la, quanto desejaríamos?

Essa transformação interna é tão difícil, por sermos o resultado de milenares elaborações no bojo do tempo e das reencar-nações, que para se conseguir resultados apreciáveis é necessário:

a) dar-lhe absoluta prioridade;
b) ter um programa evolutivo fácil e objetivo.

Então, no bojo de muitas reflexões e ajuda dos irmãos maiores, fomos conseguindo anotar idéias e conclusões, construindo este programa evolutivo muito simples e de fácil aplicação.

Mediunidade

A mediunidade é um canal entre nós
e a dimensão espiritual.

Ele pode ser de luz ou de sombras...

Cabe ao médium iluminar esse canal com os valores mais
nobres da vida, utilizando-o para a prática do bem...

... ou torná-lo em instrumento de interesses
rasteiros, gerando sofrimentos para si mesmo,
nesta mesma vida e em futuras reencarnações.

Muitos médiuns, antes da sua reencarnação, aceitaram a tarefa mediúnica como opção de resgate de erros de vidas passadas. Por isso não se trata de pessoas diferentes, favorecidas ou desfavorecidas pela vida.

Mas todo aquele que comece a sentir sintomas que indicam mediunidade, deve começar a pensar com seriedade sobre o assunto.

Não é em vão que os poderes superiores nos dão faculdades mediúnicas. Elas existem para podermos entrar em contato com o mundo espiritual, receber notícias dos que se foram, esclarecimentos sobre a vida nessa outra dimensão, sobre as leis naturais e sobre todos aqueles “porquês” que tanto angustiam a alma humana.

Mas existem principalmente como instrumentos para a prática do bem, no atendimento a espíritos sofredores e obsessores, no consolo aos aflitos de toda natureza e para alívio e cura de enfermidades do corpo e da alma.Sabe-se que a tarefa mediúnica é programada antes da reencarnação e, muitas vezes, ela representa uma troca nas formas de resgate kármico. Digamos que um espírito, conhecendo ou lembrando-se de uma ou mais de suas vidas passadas, nas quais cometeu faltas graves perante a Lei Maior, decide-se a resgatá-las. Entende então, que para acabar com aquele remorso, retirar aqueles “pesos” de sua consciência profunda, precisa renascer na Terra e purgar suas culpas numa existência de sofrimentos ou limitações.

Nessas situações, e quando há merecimento de sua parte, ele pode conseguir uma troca. Em vez de reencarnar com um programa de vida repleto de dores e aflições, irá retornar á matéria trazendo um compromisso de trabalho mediúnico. É a permuta de sofrimentos por uma tarefa de amor. E lembramos, a propósito, que o apóstolo afirmou: “O amor cobre uma multidão de pecados”.

Assim, em vez da doença, da penúria, das deficiências físicas ou problemas semelhantes, esse espírito reencarna trazendo compromisso de trabalho mediúnico, inteiramente gratuito, visando apenas fazer o bem, ajudar o próximo necessitado.

Também é verdade que muitos médiuns sofrem... e muito. Sem dúvida sofreriam muito mais, não fosse a sua tarefa mediúnica.

Mas há também casos de mediunidade que não representam resgate, mas uma tarefa de amor que alguém resolveu assumir.

Se o sofrimento é caminho de evolução, também é instrumento de contenção e de equilíbrio. A dor, queiramos ou não, nos preserva de muitas quedas espirituais, e muitas almas valorosas não a dispensam de suas programações reencarnatórias.

Sempre que alguém vai voltar à terra comprometido com tarefa mediúnica, os mentores elaboram um planejamento para suas futuras atividades. Eles também o preparam devidamente, para poder servir, quando na Terra, como intermediário entre os encarnados e os desencarnados.

O futuro médium então renasce e cresce, recebendo os devidos cuidados da parte dos espíritos responsáveis pela sua tarefa.

Então, ao aproximar-se a época em que deve iniciar a sua atividade mediúnica, começam a lhe ocorrer coisas estranhas: perturbações as mais variadas, doenças que os médicos não conseguem diagnosticar, acidentes anormais, sensações perturbadoras como arrepios e formigamentos, sonhos esquisitos, pesadelos, dores de cabeça, visão ou audição de espíritos, e outras semelhantes.

Nessas ocasiões sempre aparece alguém para dizer que isto pode significar mediunidade.

Pois bem, quando o médium, obedecendo ao compromisso assumido, inicia o desenvolvimento de suas faculdades, também passa a merecer assistência dos bons espíritos, que irão orientá-lo e ajudá-lo de acordo com permissão superior. Mas, para que possa receber essa ajuda é necessário que se torne merecedor, sendo dedicado, responsável, e procurando melhorar sempre as próprias atitudes, tornado-as mais compatíveis com a nobreza de uma tarefa no bem.

O médium deve também trabalhar, sem cessar, pela própria evolução ou crescimento interior; dedicar-se a leituras de elevado teor espiritual, como por exemplo “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. A conduta reta e o amor fraterno representam a sua segurança e equilíbrio como medianeiro entre a dimensão material e a espiritual. Isto é fundamental para fortalecer o seu campo energético e situá-lo fora da faixa de sintonia com entidades inferiores.

Nos meios espíritas é onde poderá encontrar maior segurança para suas atividades, porque é onde melhor se conhece e mais seguramente se trabalha no campo mediúnico.

Mas a mediunidade também pode ser uma faca de dois gumes: com Cristo, na caridade mais pura e sob a direção de pessoas experientes e verdadeiramente fraternas, apresenta-se como ponte de luz entre a Terra e o Céu. Mas quando se propõe ao atendimento a interesses rasteiros, ao ganho de bens, de posições, de influência ou status, ou pior ainda, a fazer o mal, ela se transforma em canal para espíritos das sombras com resultados imprevisíveis, mas sempre muito ruins.

E o pior ocorre no retorno ao mundo espiritual, depois da morte. Ali, o médium faltoso terá de amargar suas dores, seus remorsos e o resultado de suas ações irresponsáveis ou antifraternas, sem falar em que terá de recomeçar tudo outra vez, e em condições mais desfavoráveis.

Na maioria dos casos, o candidato a médium começa a receber o chamamento para a tarefa e não atende; muitos por medo, outros por acomodação e outros ainda, por causa de suas religiões, pois a maioria delas, sem conhecerem bem o assunto, condenam a mediunidade e a comunicação dos espíritos.

Mas as suas faculdades certamente começarão a aflorar, mesmo assim, no tempo previsto. Só que, pela falta de orientação adequada e pelo não cumprimento do compromisso assumido antes da reencarnação, elas podem transformar-se em canal para as mais diversas perturbações, podendo desembocar em doenças ou em desequilíbrios os mais variados, de conseqüências imprevisíveis.

É preciso, no entanto, ver que não foi a mediunidade a causadora desses problemas, mas sim, o descaso do próprio médium que deixou de cumprir seus compromissos.

PERGUNTA FREQUENTE
É possível que todas as pessoas sejam médiuns?

De certa forma todas as pessoas são médiuns, porque todas são passíveis de serem influenciadas pelos espíritos, mas quando falamos em médium a referência é feita aos que tem essas faculdades mais desenvolvidas, capazes de transmitir o pensamento dos espíritos, ou servir como veículo para suas manifestações na matéria.
Há médiuns, desde aqueles que possuem faculdades apenas latentes, até aqueles outros nos quais elas se apresentam com toda a sua potencialidade.

Os primeiros, regra geral, não têm maiores compromissos nesse terreno, enquanto uma mediunidade estuante certamente está informando que há tarefas de maior ou menor abrangência em sua pauta reencarnatória.

Também há casos em que a tarefa é ampliada no decorrer dos anos, a depender do desempenho do médium, enquanto em outros ela não chega a ser cumprida em sua totalidade. E há também aqueles, infelizmente muitos, que a abandonam a meio do caminho, sem falar nos que nem chegam a iniciá-la.

Na maioria dos centros espíritas há cursos para médiuns, com estudos doutrinários e sobre mediunidade, nos quais os participantes vão aprendendo a se concentrar e a educar suas faculdades.

Isto é muito importante para que a sua tarefa possa desenvolver-se com equilíbrio e dentro dos princípios de ética ensinados pelo Espiritismo.

A mediunidade praticada com amor, dedicação e desprendimento é fator de equilíbrio e paz para seu portador.

PERGUNTA FREQÜENTE
Quais são as principais atividades mediúnicas desenvolvidas num centro espírita?

As principais atividades mediúnicas nos centros espíritas são a desobsessão e o atendimento a espíritos sofredores.

Alguns centros também se dedicam a curas através da mediunidade, nos mais variados formatos.

Mas as faculdades mediúnicas também são utilizadas para contatos com espíritos orientadores, para recepção de mensagens, para escrita de livros, e muitas outras finalidades voltadas para o bem.

E há ainda a pintura de quadros, por espíritos de pintores, a composição de músicas, etc.


O espiritismo...

...é a nossa grande esperança, e, por todos os títulos, é o consolador da humanidade encarnada; mas, a nossa marcha ainda é lenta.

Trata-se de uma dádiva sublime, para a qual a maioria dos homens ainda não possui "olhos de ver".

Esmagadora porcentagem dos aprendizes novos aproxima-se dessa fonte divina a copiar antigos vícios religiosos.

Querem receber proveitos, mas não se dispõem a dar coisa alguma de si mesmos. Invocam a verdade, mas não caminham ao encontro dela.

Enquanto muitos estudiosos reduzem os médiuns a cobaias humanas, numerosos crentes procedem à maneira de certos enfermos que, embora curados creem mais na doença que na saúde, e nunca utilizam os próprios pés.

domingo, 22 de abril de 2012

Imagine...

...o que aconteceria se vc dissesse a uma família que vive na pobreza mais abjeta que há um baú cheio de ouro sob o piso de terra do seu barraco.

Bastaria remover as camadas de terra de cima do ouro e ficariam ricos para sempre!

Do mesmo modo não temos consciência do tesouro da nossa natureza espiritual, escondida pela ignorância e pela ilusão.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Um retrato do aborto


Perita auxiliar de ginecologia,
Sempre atenta às questões de luxo e reconforto,
A senhora dizia:
- Meu problema não é a prática do aborto,
Tento apenas livrar a mulher desprezada,
Dos desgostos fatais que a esperam na estrada

Quando o homem lhe fere o brio feminino...
Amigos respondiam:
- Mas, no caso, a mulher, ante as leis do destino,
Não será responsável quando aceita
Ser mulher-mãe do filho que carrega?
Se ao homem que a buscou ela própria se entrega?

Sabemos que o espírito enlaça o corpo de que se aproveita
Quando estão, ele e ela, em comunhão perfeita.
A senhora, entretanto, Falava, contrafeita:
- Não protesto, nem digo que estou certa,
Sei apenas que estou em minha profissão,
Tanto quanto angario apreço e estimação,

Creio que faço o bem, liberando a mulher
Do fardo que ela traz quando não quer;
Além do mais, preciso do dinheiro
Para dar minha filha a um caminho seguro,
Uma bela mansão, um marido e o futuro
Sem aflição e sem dificuldade...

Ela agora possui quinze anos completos;
Sonho vê-la feliz ao dar-me vários netos...
Para isso, o dinheiro é a base inesquecível,
Depósito bancário é melhora de nível.
Vejo no meu trabalho um trabalho qualquer
Simples mulher que ajuda a uma outra mulher,

Não tenho hesitação, nem penso quanto a isso,
Aborto é proteção a quem presto serviço;
Desde que a candidata chegue mascarada,
Passo a cumprir o meu dever
E não quero saber
Se veio acompanhada ou desacompanhada,

Se anota o nome ou não,
Não quero queixa, nem complicação,
Cada uma a que atendo é mais seis mil!...
E aditava, esboçando um sorriso gentil:
_ Preciso de milhões...
desdobrava-se o tempo, hora por hora,
quando em chuvosa noite surge uma senhora,
pagando a taxa de seis mil cruzeiros.

Ela explica que trouxe uma sobrinha pobre
Para comprar a intervenção...
Declara-se parente e mostra-se incumbida
De socorrer a moça e dar-lhe proteção,

Quer mante-la, porém, desconhecida...
A senhora ouve, calma, e concorda em seguida:
- Entendo, claramente,
Cada pessoa está em sua própria vida...

Entra no gabinete a jovem mascarada,
Parece muda e surda que se entrega
A uma força terrível, dura e cega...

Ao ver-lhe o corpo verde de menina,
A senhora em ação
Elogia-lhe a pele alabastrina;
Mas, aparentemente sem razão,

Quando o chamado auxilio estava em meio,
Estranha hemorragia surge em cheio...

A jovem geme, a parteira entra em luta...
Nada consegue... O sangue explode e vence-a
A dama ao telefone roga a um médico amigo
Que lhe venha em socorro...

Vê a moça em perigo,
Quer salva-lhe a existência,
Mas o sangue que sai prossegue a jorro...

Chega o médico à pressa,
Nota a menina em coma...
- Nada mais a fazer – diz ele quando a toma,

A fim de examinar-lhe o pulso e, logo após,
Diz à parteira aflita:
- É uma jovem bonita,
Liberemos a face, enquanto estamos sós.

Ele mesmo retira a máscara em veludo
Quer anotar-lhe o rosto para estudo...
Eis, porém, que aparece
A mocinha, a morrer, num sorriso tristonho,

Qual criança que dorme a fitar a luz do último sonho...
Mas ao ver-lhe, de todo, a face em primavera,
Grita a pobre senhora em gemidos de fera:
- Por que? Por que, meu Deus, esta dor que me mata?

Em pranto convulsivo a dor se lhe desata...
É que, ao fitar o corpo enfeitado em rendilha,
Naquele rosto lindo e pálido, ante a morte,
A rugir e a chorar sem nada que a conforte,
A senhora encontrara a sua própria filha.

Maria Dolores
Fonte: livro – “Coração e Vida” Francisco Cândido Xavier – Maria Dolores