quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Na subida espiritual


"Mas alguém dirá: tu tens a fé e eu tenho as obras; mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé"


Esmorecer na prática das boas obras será desmerecer-nos diante delas. Acontece o mesmo no trabalho de elevação.

A planta que hoje reclama extremo cuidado ao cultivador não lhe dá frutos imediatos.

O aprendiz, de começo, na escola, não responde às argüições do professor na pauta do entendimento e da cultura com que lhe recolhe os ensinamentos.

Que seria de nós, as criaturas humanas destinas à perfeição Angélica, se o Criador nos exigisse chegar à meta de um dia para outro?

Em todo empreendimento digno, tanto quanto em qualquer construção, entre o início e o acabamento da tarefa jazem, de permeio, o ideal e o serviço, a persistência e a esperança.

E quando a empresa em curso se refere ao nosso anseio de melhorar espiritualmente aqueles que mais amamos, é forçoso reconhecer que ninguém consegue modificar alguém, sem que esse alguém se disponha à transfiguração necessária.

Compreendamos assim que, se não é lógico alterarem-se, por nossa causa, as leis e as experiências que regem as criaturas e as instituições que nos sejam queridas, podemos perfeitamente mudar a nós mesmos pela força de nossa vontade na oração, na decisão, no serviço e na lealdade aos compromissos assumidos para a sustentação das boas obras, seja no plano externo ou no campo íntimo, em nós ou fora de nós, aprendendo a compreender e a sofrer, a edificar e a servir, a suportar e a esperar.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

A paciência

A paciência não é um vitral gracioso para as suas horas de lazer.
É amparo destinado aos obstáculos.

A serenidade não é jardim para os seus dias dourados.
É suprimento de paz para as decepções de seu caminho.

A calma não é harmonioso violino para as suas conversações agradáveis.
É valor substancial para os seus entendimentos difíceis.

A tolerância não é saboroso vinho para os seus minutos de camaradagem.
É porta valiosa para que você demonstre boa vontade,
ante os companheiros menos evoluídos.

A boa cooperação não é processo fácil de receber concurso alheio.
É o meio de você ajudar ao companheiro que necessita.

A confiança não é um néctar para as suas noites de prata.
É refugio certo para as ocasiões de tormenta.

O otimismo não constitui poltrona preguiçosa para os seus crepúsculos de anil.
É manancial de forças para os seus dias de luta.

A resistência não é adorno verbalista.
É sustento de sua fé.

A esperança não é genuflexório de simples contemplação.
É energia para as realizações elevadas que competem ao seu espírito.

A virtude não é flor ornamental.
É fruto abençoado do esforço próprio que você deve usar
e engrandecer no momento oportuno.

André Luiz

Aceite o inevitável

A humildade é uma
força que deve estar sempre presente em nossos caminhos.

Ela estabiliza as
nossas condições emocionais, abrindo para nós perspectivas novas dentro daquilo
que antes não aceitávamos.

Ela nos abre as portas do entendimento para aceitar o
inevitável, que é o melhor para a nossa vida.

Se recuamos diante dele, é por não
conhecermos seus efeitos na maturação do nosso espírito.

A reencarnação é um desses
exemplos, chegando a ponto de os próprios conhecedores da lei a detestarem, por
que não querem portar novos corpos dentro da seqüência imposta pela limpeza cármica.

Esses sofrerão mais, porque ela não vai deixar de existir, apesar das
resistências alimentadas pela ignorância.

Podemos enumerar várias situações inevitáveis no mundo em
que ora vives: a dor, o trabalho obrigatório, a educação, a disciplina, o
perdão, as inferioridades; as leis do mundo, chuvas, ventos, guerras, fome,
pestes, agressões de todos os tipos e a temível velhice e decadência do corpo
físico. Sabendo destas, podem deduzir outras mais que, por enquanto, existem no plano em que vives.

O observador inteligente reconhece um Deus único e bom,
justo e amoroso para com todos os Seus filhos. Tal observador usa da humildade,
da obediência e aceita o inevitável, aquilo que não pode ser mudado.

Depois,
reconhecerá que tudo está de acordo com as leis naturais que nos servem a todos.

Grande parte dos problemas é formada por nossas criações
e cabe a nós mesmos resolvê-los, limpando nossos próprios caminhos.

Se a Terra
está passando por uma fase de provações, é porque tal é necessário para a
higiene cármica dos homens.

São processos do despertar espiritual das criaturas,
e a fase mais dura para a humanidade deve ocorrer neste fim de século para o
princípio do outro.

Se os homens se educarem, isolando suas mãos dos engenhos
mortíferos de guerras fratricidas, a própria natureza cobrará as dívidas feitas
pelas invigilâncias das almas em passado mais remoto, com lições dolorosas e
justas para os retardatários que não puderam aprender por amor.

Vamos aceitar o inevitável e tirar dele as lições que
possam nos oferecer, pelos meios que a natureza descobriu serem os melhores para
a humanidade.

Nada ocorre sem a presença de Deus. Ele é que vê primeiro e
analisa as conseqüências.

Tais catástrofes existem dentro de nós nas proporções
dos nossos tamanhos evolutivos e espirituais. Basta analisar as ocorrências.

Quando um idoso de uma família entra em decadência, o apego da mesma deseja
contrariar as leis de Deus e muitos blasfemam contra os sofrimentos necessários
ao desprendimento da alma.

O inevitável deve ser respeitado, para não ser perturbada
a harmonia.

É de bom alvitre que desenvolvamos a fé, porque tendo confiança em
Deus, tudo passa na vida sob a forma de construção, e poderemos sentir o Senhor
mais visível em todos os fatos, com e por amor às Suas magnânimas leis.

Todas as provações são tempestades passageiras.
A bonança
é eterna condição do espírito imortal.

Texto extraido do Livro
Cirurgia Moral escrito por João Nunes Maia ditado pelo espírito
Lancellin.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O natal na visão espírita


“Eis que vos trago boas-novas de grande alegria, que será de todo o povo, porque nasceu para vós, hoje, um salvador, que é o Cristo Senhor, na cidade de Davi.” (Lucas, 2:10-11.)

Natal é comemorado no dia 25 de dezembro porque a data foi retirada de uma festa pagã muito popular existente na Roma antiga, e que fora oficializada pelo imperador Aureliano em 274 d. C.

A finalidade da festa era homenagear o deus sol Natalis Solis Invicti (Nascimento do Sol Invicto) – considerado a primeira divindade do império romano – e festejar o início do solstício de inverno.

Com o triunfo do Cristianismo, séculos depois, a data foi utilizada pela igreja de Roma para comemorar o nascimento do Cristo (que, efetivamente, não ocorreu em 25 de dezembro), considerado, desde então, como o verdadeiro “sol” de justiça.

Com o passar do tempo, hábitos e costumes de diferentes culturas foram incorporados ao Natal, impregnando-o de simbolismo: a árvore natalina, por exemplo, é contribuição alemã, instituída no século XVI, com o intuito de reverenciar a vida, sobretudo no que diz respeito aos pinheiros, que conservam a folhagem verde no inverno; o presépio foi ideia de Francisco de Assis, no século XIII. As bolas e estrelas que enfeitam a árvore de Natal representam as primitivas pedras, maçãs ou outros elementos com que no passado se adornavam o carvalho, precursor da atual árvore de Natal.

Antes de serem substituídas por lâmpadas elétricas coloridas, as velas eram enfeites comuns nas árvores, como um sinal de purificação, e as chamas acesas no dia 25 de dezembro são uma referência ao Cristo, entendido como a luz do mundo.

A estrela que se coloca no topo da árvore é para recordar a que surgiu em Belém por ocasião do nascimento de Jesus.

Os cartões de Natal apareceram pela primeira vez na Inglaterra, em meados do século XIX.

Os espíritas veem o Natal sob outra ótica, que vai além da troca de presentes e a realização do banquete natalino, atividades típicas do dia.

Já compreendem a importância de renunciar às comemorações natalinas que traduzam excessos de qualquer ordem, preferindo a alegria da ajuda fraterna aos irmãos menos felizes, como louvor ideal ao Sublime Natalício.

Os verdadeiros amigos do Cristo reverenciam-no em espírito.
A despeito do relevante significado que envolve o nascimento e a vida do Cristo e sua mensagem evangélica, sabemos que muitos representantes da cristandade agem como cristãos sem o Cristo, porque vivenciam um Cristianismo de aparência.

Neste sentido, afirmava o Espírito Olavo Bilac que “ser cristão é ser luz ao mundo amargo e aflito, pelo dom de servir à Humanidade inteira”.

Chegará à época, contudo, em que Jesus, o guia e modelo da Humanidade terrestre, será reverenciado em espírito e verdade; Ele deixará de ser visto como uma personalidade mítica, distante do homem comum; ou mero símbolo religioso que mais se assemelha a uma peça de museu, esquecida em um canto qualquer, empoeirada pelo tempo.

Não podemos, contudo, perder a esperança.
Tudo tem seu tempo para acontecer.
No momento preciso, quando se operar a devida renovação espiritual da Humanidade, indivíduos e coletividades compreenderão que Jesus representa o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra.

Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo, e a doutrina que ensinou é a mais pura expressão de sua lei.

Distanciado dos simbolismos e dos rituais religiosos, o espírita consciente procura festejar o Natal todos os dias, expressando-se com fraternidade e amor ao próximo.

Admite, igualmente, que a Doutrina Espírita nos reconduz ao Evangelho em sua primitiva simplicidade, porquanto somente assim compreenderemos, ante a imensa evolução científica do homem terrestre, que o Cristo é o sol moral do mundo, a brilhar hoje, como brilhava ontem, para brilhar mais intensamente amanhã.

Perante as alegrias das comemorações do Natal, destacamos três lições ensinadas pelos orientadores espirituais, entre tantas outras.

Primeira, o significado da Manjedoura, como assinala Emmanuel:
As comemorações do Natal conduzem-nos o entendimento à eterna lição de humildade de Jesus, no momento preciso em que a sua mensagem de amor felicitou o coração das criaturas, fazendo-nos sentir, ainda, o sabor de atualidade dos seus divinos ensinamentos.

A Manjedoura foi o Caminho.
A exemplificação era a Verdade.
O Calvário constituía a Vida.
Sem o Caminho, o homem terrestre não atingirá os tesouros da Verdade e da Vida.

Segunda, a inadiável (e urgente) necessidade de nos aproximarmos mais do Cristo, de forma que o seu Evangelho se reflita, efetivamente, em nossos pensamentos, palavras e atos. Para a nossa paz de espírito não é mais conveniente sermos cristãos ou espíritas “faz de conta”.

Comentando o Natal, assevera Lucas que o Cristo é a Luz para alumiar as nações.
Não chegou impondo normas ou pensamento religioso.
Não interpelou governantes e governados sobre processos políticos.
Não disputou com os filósofos quanto às origens dos homens.
Não concorreu com os cientistas na demonstração de aspectos parciais e transitórios da vida. Fez luz no Espírito eterno.

Embora tivesse o ministério endereçado aos povos do mundo, não marcou a sua presença com expressões coletivas de poder, quais exército e sacerdócio, armamentos e tribunais.

Trouxe claridade para todos, projetando-a de si mesmo.
Revelou a grandeza do serviço à coletividade, por intermédio da consagração pessoal ao Bem Infinito.
Nas reminiscências do Natal do Senhor, meu amigo, medita no próprio roteiro.
Tens suficiente luz para a marcha?
Que espécie de claridade acende no caminho?
Fogem ao brilho fatal dos curtos circuitos da cólera, não te contentes com a lanterninha da vaidade que imita o pirilampo em voo baixo, dentro da noite, apaga a labareda do ciúme e da discórdia que atira corações aos precipícios do crime e do sofrimento.

Se procuras o Mestre divino e a experiência cristã, lembra-te de que na Terra há clarões que ameaçam, perturbam, confundem e anunciam arrasamento...

Estarás realmente cooperando com o Cristo, na extinção das trevas, acendendo em ti mesmo aquela sublime luz para alumiar?

Por último é muito importante aprendermos a ser gratos a Jesus pelas inúmeras bênçãos que Ele nos concede cotidianamente, em nome do Pai, como a família, os amigos, a profissão honesta, a vivência espírita etc, sabendo compartilhá-las com o próximo, como aconselha Meimei:

Recolhes as melodias do Natal, guardando o pensamento engrinaldado pela ternura de harmoniosa canção...

Percebes que o Céu te chama a partilhar os júbilos da exaltação do Senhor nas sombras do mundo.

Louva as doações divinas que te felicitam a existência, mas não te esqueças de que o Natal é o Céu que se reparte com a Terra, pelo eterno amor que se derramou das estrelas.
Agradece o dom inefável da paz que volta, de novo, enriquecendo-te a vida, mas divide a própria felicidade, realizando, em nome do Senhor, a alegria de alguém!...

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Como se adquire a fé inabalável?


“Eis que vos trago boas-novas de grande alegria, que será de todo o povo, porque nasceu para vós, hoje, um salvador, que é o Cristo Senhor, na cidade de Davi.” (Lucas, 2:10-11.)

Natal é comemorado no dia 25 de dezembro porque a data foi retirada de uma festa pagã muito popular existente na Roma antiga, e que fora oficializada pelo imperador Aureliano em 274 d. C.

A finalidade da festa era homenagear o deus sol Natalis Solis Invicti (Nascimento do Sol Invicto) – considerado a primeira divindade do império romano – e festejar o início do solstício de inverno.

Com o triunfo do Cristianismo, séculos depois, a data foi utilizada pela igreja de Roma para comemorar o nascimento do Cristo (que, efetivamente, não ocorreu em 25 de dezembro), considerado, desde então, como o verdadeiro “sol” de justiça.

Com o passar do tempo, hábitos e costumes de diferentes culturas foram incorporados ao Natal, impregnando-o de simbolismo: a árvore natalina, por exemplo, é contribuição alemã, instituída no século XVI, com o intuito de reverenciar a vida, sobretudo no que diz respeito aos pinheiros, que conservam a folhagem verde no inverno; o presépio foi ideia de Francisco de Assis, no século XIII. As bolas e estrelas que enfeitam a árvore de Natal representam as primitivas pedras, maçãs ou outros elementos com que no passado se adornavam o carvalho, precursor da atual árvore de Natal.

Antes de serem substituídas por lâmpadas elétricas coloridas, as velas eram enfeites comuns nas árvores, como um sinal de purificação, e as chamas acesas no dia 25 de dezembro são uma referência ao Cristo, entendido como a luz do mundo.

A estrela que se coloca no topo da árvore é para recordar a que surgiu em Belém por ocasião do nascimento de Jesus.

Os cartões de Natal apareceram pela primeira vez na Inglaterra, em meados do século XIX.

Os espíritas veem o Natal sob outra ótica, que vai além da troca de presentes e a realização do banquete natalino, atividades típicas do dia.

Já compreendem a importância de renunciar às comemorações natalinas que traduzam excessos de qualquer ordem, preferindo a alegria da ajuda fraterna aos irmãos menos felizes, como louvor ideal ao Sublime Natalício.

Os verdadeiros amigos do Cristo reverenciam-no em espírito.
A despeito do relevante significado que envolve o nascimento e a vida do Cristo e sua mensagem evangélica, sabemos que muitos representantes da cristandade agem como cristãos sem o Cristo, porque vivenciam um Cristianismo de aparência.

Neste sentido, afirmava o Espírito Olavo Bilac que “ser cristão é ser luz ao mundo amargo e aflito, pelo dom de servir à Humanidade inteira”.

Chegará à época, contudo, em que Jesus, o guia e modelo da Humanidade terrestre, será reverenciado em espírito e verdade; Ele deixará de ser visto como uma personalidade mítica, distante do homem comum; ou mero símbolo religioso que mais se assemelha a uma peça de museu, esquecida em um canto qualquer, empoeirada pelo tempo.

Não podemos, contudo, perder a esperança.
Tudo tem seu tempo para acontecer.
No momento preciso, quando se operar a devida renovação espiritual da Humanidade, indivíduos e coletividades compreenderão que Jesus representa o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra.

Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo, e a doutrina que ensinou é a mais pura expressão de sua lei.

Distanciado dos simbolismos e dos rituais religiosos, o espírita consciente procura festejar o Natal todos os dias, expressando-se com fraternidade e amor ao próximo.

Admite, igualmente, que a Doutrina Espírita nos reconduz ao Evangelho em sua primitiva simplicidade, porquanto somente assim compreenderemos, ante a imensa evolução científica do homem terrestre, que o Cristo é o sol moral do mundo, a brilhar hoje, como brilhava ontem, para brilhar mais intensamente amanhã.

Perante as alegrias das comemorações do Natal, destacamos três lições ensinadas pelos orientadores espirituais, entre tantas outras.

Primeira, o significado da Manjedoura, como assinala Emmanuel:
As comemorações do Natal conduzem-nos o entendimento à eterna lição de humildade de Jesus, no momento preciso em que a sua mensagem de amor felicitou o coração das criaturas, fazendo-nos sentir, ainda, o sabor de atualidade dos seus divinos ensinamentos.

A Manjedoura foi o Caminho.
A exemplificação era a Verdade.
O Calvário constituía a Vida.
Sem o Caminho, o homem terrestre não atingirá os tesouros da Verdade e da Vida.

Segunda, a inadiável (e urgente) necessidade de nos aproximarmos mais do Cristo, de forma que o seu Evangelho se reflita, efetivamente, em nossos pensamentos, palavras e atos. Para a nossa paz de espírito não é mais conveniente sermos cristãos ou espíritas “faz de conta”.

Comentando o Natal, assevera Lucas que o Cristo é a Luz para alumiar as nações.
Não chegou impondo normas ou pensamento religioso.
Não interpelou governantes e governados sobre processos políticos.
Não disputou com os filósofos quanto às origens dos homens.
Não concorreu com os cientistas na demonstração de aspectos parciais e transitórios da vida. Fez luz no Espírito eterno.

Embora tivesse o ministério endereçado aos povos do mundo, não marcou a sua presença com expressões coletivas de poder, quais exército e sacerdócio, armamentos e tribunais.

Trouxe claridade para todos, projetando-a de si mesmo.
Revelou a grandeza do serviço à coletividade, por intermédio da consagração pessoal ao Bem Infinito.
Nas reminiscências do Natal do Senhor, meu amigo, medita no próprio roteiro.
Tens suficiente luz para a marcha?
Que espécie de claridade acende no caminho?
Fogem ao brilho fatal dos curtos circuitos da cólera, não te contentes com a lanterninha da vaidade que imita o pirilampo em voo baixo, dentro da noite, apaga a labareda do ciúme e da discórdia que atira corações aos precipícios do crime e do sofrimento.

Se procuras o Mestre divino e a experiência cristã, lembra-te de que na Terra há clarões que ameaçam, perturbam, confundem e anunciam arrasamento...

Estarás realmente cooperando com o Cristo, na extinção das trevas, acendendo em ti mesmo aquela sublime luz para alumiar?

Por último é muito importante aprendermos a ser gratos a Jesus pelas inúmeras bênçãos que Ele nos concede cotidianamente, em nome do Pai, como a família, os amigos, a profissão honesta, a vivência espírita etc, sabendo compartilhá-las com o próximo, como aconselha Meimei:

Recolhes as melodias do Natal, guardando o pensamento engrinaldado pela ternura de harmoniosa canção...

Percebes que o Céu te chama a partilhar os júbilos da exaltação do Senhor nas sombras do mundo.

Louva as doações divinas que te felicitam a existência, mas não te esqueças de que o Natal é o Céu que se reparte com a Terra, pelo eterno amor que se derramou das estrelas.
Agradece o dom inefável da paz que volta, de novo, enriquecendo-te a vida, mas divide a própria felicidade, realizando, em nome do Senhor, a alegria de alguém!...

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O guia espiritual

Consoladora é a crença doutrinária que prova ao homem com fatos concludentes a existência de um Guia Espiritual que junto dele desempenha missão tutelar conferida pelas leis do Todo Misericordioso e Complacente.

O Guia Espiritual será como um agente do Amor Divino junto das criaturas. Ele conhecerá, com precisão, as leis sobre que o Criador estabeleceu a harmonia moral das sociedades espirituais, e as aplica com sabedoria equivalente ao próprio grau de elevação na escala do aperfeiçoamento.

Se necessita inspiração para os graves problemas a solucionar dentro das atribuições que lhe são conferidas, ele a suplica, ardoroso, ao Grande Foco que nas profundezas do Infinito irradia sabedoria sobre o Universo todo, e o Grande Foco lhe refloresce as energias na mente lúcida, que se amplia, vigorosa, no carreiro a prosseguir. E incompreensível e incompreendido pela maioria das individualidades às quais se dedica.


Sua formosura integral, resplandecente de virtudes imortais, passaria despercebida aos olhos da vulgaridade, se a esta fosse possível defrontá-lo. A fim de contemplá-la e compreendê-la em toda a sua radiosa realidade, tornar-se-á necessário ao tutelado adornar-se de potenciais psíquicos de ordem elevada, os quais se encontram ainda latentes, sufocados pela materialidade, no interior de cada um, à espera das clarinadas- decisivas do progresso. Age sobre o homem freqüentemente, e o homem não o compreende.

Sente, este, suas manifestações em torno da própria vida, mas geralmente ignora que sejam suas.

O Guia Espiritual é a destra do Criador que se espalma sobre o homem,inspirando-o e protegendo-o na espiral difícil, mas gloriosa, do Espírito, rumo da redenção. As doces lendas do passado o denominavam Anjo de Guarda. Seja, porém, qual for o nome que lhe derem, será invariavelmente a dedicação incansável, o amor abnegado até ao sacrifício. Ama seus pupilos com o amor elevado à potência espiritual a que chegou, o que quer dizer que tal sentimento se avoluma e fortalece à proporção que ele próprio ascende na espiral do progresso, rumo da perfeição. O homem desconhece essa modalidade do amor, a qual denominaremos divina, conquanto a Terra já tivesse ocasião de contemplá-la em toda a sua gloriosa expressão.

A visão espírita do pecado


Um dos conceitos mais arraigados na nossa cultura cristã é a ideia do pecado.

Desde a mais tenra idade nos ensinam que somos todos pecadores, que tudo de errado que fazemos é pecado e que por isto devemos ser punidos, ou como é mais comum dizermos, castigados.

Fazendo-se uma análise, à luz da razão, desta relação entre pecado e castigo, vamos verificar que este é um processo que apenas gera medo e temor, levando-nos a conter nossos atos, não pela educação, mas pela ameaça do respectivo castigo.

Mas será esta a maneira adequada de levar as pessoas à obediência do Evangelho? Será este o meio adequado de implantar o amor entre os homens?

Antes de nos concentrarmos na busca de uma alternativa, seria interessante que fôssemos procurar a origem desta visão punitiva.

Quando Moisés retirou seu povo do Egito, os Hebreus estavam completamente influenciados pela cultura egípcia, a ideia de um Deus único era estranha e não havia qualquer disciplina entre eles, era um povo rebelde e acostumado à prática do roubo, do adultério e da adoração a vários deuses.

Era ainda um povo primitivo, incapaz de espontaneamente modificar sua conduta. Não existia outra maneira de levá-los a abandonar os velhos hábitos a não ser a adoção da imagem de um Deus punitivo, um Deus que se irava e que castigava implacavelmente aqueles que não obedecessem a “sua Lei”, era o tempo do “olho por olho, dente por dente”.

Quando Jesus veio a terra, seu discurso falava de um Deus tão amoroso que ele o chamava de Pai, sua mensagem não era mais o antigo conceito do Deus vingativo, mas do Deus que perdoava e que nos queria vivendo como irmãos, perdoando e oferecendo a outra face.

Com o advento da Idade Média, a Igreja resgatou o conceito mosaico do pecado, e a ideia de que os pecadores precisavam ser castigados como forma de remir suas faltas, além disso, foi fortalecida a ideia da ação do demônio na vida dos homens e de que se não “pagássemos” pelas nossas faltas estaríamos irremediavelmente condenados ao fogo do inferno.

Essa concepção foi transmitida através das gerações e chegou até os nossos dias, onde continuamos temendo os castigos de Deus.

O Espiritismo, através de uma visão amadurecida, observa sob uma nova ótica a questão do pecado, lançando a luz do entendimento sobre o assunto e trazendo conforto e esperança aos homens, que doravante apagam a noção de pecadores e passam a assumir o papel de seres em evolução, ainda imperfeitos é verdade, mas rumando inexoravelmente para uma condição superior onde não mais cometerão os erros atuais.

Alguns podem julgar esta posição absurda, mas então vamos parar um minuto e perguntar a nós mesmos: Quantos de nós, que somos humanos, ao invés de darmos nova oportunidade a nossos filhos, quando estes fazem algo que julgamos errado, os expulsamos de casa e os condenamos a viver eternamente com sua culpa?

Então por que Deus que é o infinito amor agiria de uma forma pior do que a nossa? Afinal não foi Jesus quem disse: “Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus” (Mateus 7:11).

Apaguemos de nossas mentes a ideia da culpa.

Na Doutrina Espírita nós não somos culpados; somos responsáveis pelos nossos atos e devemos responder pelas nossas ações, não através do famigerado castigo, mas através de mecanismos que nos levam à conscientização de nossas atitudes equivocadas e da reparação dos mesmos, pois o equívoco faz parte do processo de aprendizado e como seres em evolução precisamos vivenciar as mais diversas experiências para alcançar o progresso espiritual, e nessa jornada de luz é natural que nos enganemos, mas, é imprescindível que nos esforcemos para crescer.

O objetivo da lei divina não é punir, mas, educar, fazendo com que cada indivíduo evite repetir seus erros pela compreensão de que sua atitude passada foi inadequada e que é necessária uma mudança de conduta.

As fases deste processo de mudança são: o Arrependimento, momento em que reconhecemos a nossa falha de conduta, a Expiação, que é quando vamos refletir sobre o que fizemos e finalmente a Reparação, que é o ápice deste processo, pois é quando alteramos nossos passos ou corrigimos o ato falho.

Observem a lógica desta proposta, nela todos saem enriquecidos; nós, pelo amadurecimento, e o outro (a quem porventura prejudicamos), por ser valorizado ao consertarmos os nossos enganos.

A vida é uma dádiva de Deus, que no-la concedeu, para que alcancemos a felicidade, e não para vivermos com medo, vamos todos então trabalhar para alcançarmos a comunhão com Ele, certos de que: “Todo homem podendo corrigir as suas imperfeições pela sua própria vontade, pode poupar-se os males que delas decorrem e assegurar a sua felicidade futura” (o Céu e o Inferno, Cap VII).

Doutrina Espírita - 03ª parte (vídeo)

Conflitos interpessoais

Aprender um pouco mais sobre as origens do conflito e como lidar com ele no âmbito da família é impor­tante neste momento.

Precisamos nos conscientizar de que as pessoas, apesar de terem nascido numa mesma cultura e, às vezes, até do mesmo pai e da mesma mãe, diferem na maneira de perceber, pensar, sentir e agir, porque são Espíritos que têm sua trajetória própria, sua individualidade.

As diferenças individuais são inevitá­veis, mas essas diferenças não são em si mesmas, boas ou más, e deveríamos considerá-las valiosas, porque propiciam maior riqueza à interação humana. Das diferenças, nascem às discussões, as tensões e insatis­fações e os conflitos interpessoais.

A partir de ideias e percepções diferentes, as pessoas se desentendem. Os conflitos são, pois, inevitáveis na experiência dos seres encarnados em mundos de provas e expiações, mas não são patológicos, nem destrutivos.

Há muitos aspectos positivos no conflito. Podemos dizer que um conflito previne a estagnação e estimula o interesse, pois, quando ele se apresenta, instiga a nossa curiosidade em olhar para o outro, a fim de entender suas manifestações.

Queremos saber por que o outro pensa e sente de forma diferente.

O conflito é positivo também, porque descortina os problemas e, assim, possibilita encontrar soluções.

Tendemos a acreditar que a felicidade seria a ausência de conflitos, por isso tentamos lidar com eles de maneira inadequada e não aproveitamos as oportunidades de aprendizagem que nos oferece.

Não há fórmula mágica para se lidar com o conflito. É preciso compreender sua dinâmica, analisar a situação, porque cada caso é um caso.

O Espiritismo, Consolador prometido por Jesus, está no mundo para nos fazer reviver a religião cristã na sua pureza primitiva. Vem das fontes de ordem divina e se baseia nas próprias leis da Natureza, objetivando auxiliar-nos a desenvolver o potencial positivo que trazemos, para que nos tornemos cidadãos melhores e possamos criar leis mais compatíveis com a justiça.

O objetivo do Espiritismo é fazer com que o coração e o amor caminhem unidos à Ciência e isso representa uma revolução. Não revolução no sentido que entendem os homens, que sempre pensam na violência como recurso para garantir o equilíbrio nas relações sociais, mas uma revolução moral, determinando a cada um de nós uma missão, um trabalho em prol da realidade nova que deve ser construída na Terra.

A edificação da paz se fará pela melhoria moral de cada um. Precisamos tornar-nos agentes da paz, pelo esforço continuado no bem. Como convoca Fénelon: “Começou a nova cruzada. Apóstolos da paz universal, que não de uma guerra, modernos São Bernardos, olhai e marchai para frente; a lei dos mundos é a do progresso”

sábado, 10 de dezembro de 2011

O que é ser cristão segundo o Espiritismo

É ter gravado no recesso de nosso entendimento as passagens maravilhosas do Evangelho a fim de evitá-las nos casos concretos da existência humana.

O espírita não bate nos peitos soturnamente, mas ama a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Não veste opa (capa sem mangas, mas com aberturas para enfiar os braços) nem se ajoelha ante imagens talhadas no mármore ou fundidas no bronze; adora o ser sensível com as efusões de sua alma extasiada com as magnificências da criação universal.

Para chegar no céu, dispensa o caminho dos confessionários e considera muito mais benéficos o perdão das injúrias, o amor à justiça, a piedade para todas as fraquezas, a doçura e o amparo para todos os infortúnios.

Faz-se menor entre os menores, combate a iniquidade, difunde a instrução, protege ao órfão, enxuga as lágrimas da viuvez desconsolada.

Não incensa aos orgulhosos cercados de grandezas e de glórias efêmeras, lastima-os.
Põe seus cuidados na vida futura, encara a dor como instrumento de progresso, resigna-se às opressoras contingências do planeta, porque a sua verdadeira pátria está além, no seio augusto da Misericórdia Suprema.
As suas paixões guerreia sem cessar. E só se empenha tenazmente em conseguir moldar seu caráter nas linhas puras traçadas por Jesus para a edificação de todas as gerações.

Vianna de Carvalho
Reformador (FEB) 1.6.1918

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Adivinhações

Meu amigo: você ainda pertence ao número daqueles que consideram os Espíritos desencarnados adivinhadores e pergunta o motivo pelo qual não pulverizamos as afirmativas dos detratores gratuitos e apressados do Espiritismo cristão.

Julga você, acompanhando as águas de muita gente, que somos novas edições do velho Tirésias, precursor da “buenadicha” e que, à maneira dos criados linguarudos, devemos estar em dia com todos os segredos do próximo, a fim de, por esse processo fácil, dar-lhe a conhecer nossas atividades espirituais, de modo concreto e insofismável.


Creia, porém, que a lógica não autoriza semelhantes suposições.

Se o Espiritismo tivesse por advogados tão somente os magos do revelacionismo barato, a grande doutrina jamais passaria de movimento anedótico, em que o palpite e o boato se encarregariam de interceptar a luz divina.

Reduzir-se-iam as sessões a espetáculos caseiros, com a supervisão de palhaços sem corpo físico, e os assistentes voltariam à posição psíquica das crianças curiosas, que frequentam as salas de mágica, atentando apenas para a varinha do feiticeiro.


Acredita você que a Providência Divina permitiria o regresso dos mortos apenas para isso? O fenômeno transcendente da comunicação com o plano espiritual estaria circunscrito a meras demonstrações telepáticas?


Para muitas pessoas, a finalidade de nosso intercâmbio consiste em convencer os corações mais endurecidos, sem esforço.

Os pais mortos imporiam convicções aos filhos, adivinhando-lhes as intenções e anulando-lhes o livre arbítrio, na esfera das realizações materiais.

Os esposos falecidos continuariam à testa da casa, satisfazendo caprichos da companheira, por mais disparatados que fossem. Entretanto, a morte é chave de emancipação para quantos esperam a liberdade construtiva. E aqui, no “outro mundo”, somos naturalmente compelidos a imediato reajustamento do quadro de opiniões pessoais.

As afirmações quixotescas dos adversários da verdade não chegam a modificar um til nas leis universais e as suas arremetidas injuriosas contra os servidores fiéis da causa do bem não passam de bulha infantil, em torno das sublimes fontes da Nova Revelação. Aliás, é razoável que digam insultos e asneiras, atendendo aos impulsos da boca deseducada. Ignoram a grandeza do verbo criador e, por vezes, não passam de anões espirituais fantasiados de gigantes físicos.


Nós outros, porém, que atravessamos a experiência do sepulcro, não podemos cair no mesmo nível. É indispensável examinar os problemas graves da vida, penetrar o conhecimento do destino e da dor, amparar a compreensão de eternidade nascente no mundo, e não seria lícito perder as horas em atender aos serviços de adivinhação barata.


Além disso, é preciso ponderar as deploráveis consequências das informações prematuras.


Referir-se-á você, naturalmente, aos belos serviços da psicometria na divulgação da doutrina consoladora. Sim, é certo.

Não julgue, todavia, que esses trabalhos se efetuam sem o controle das inteligências esclarecidas de nossa esfera de ação. E não só os desencarnados necessitam disciplina em suas doações verbais: também os médiuns devem sofrear o desejo de adiantar ilações do que observam em silêncio, porque em assuntos de espiritualidade toda a prudência se faz imprescindível.


Li, algures, a história de um vidente moderno que passava por ser maravilhosamente verdadeiro. Certa vez, foi visitado por um homem que lhe pedia socorro para as aflições psíquicas. O cliente inquieto trazia consigo um quadro doloroso. Na existência passada, fora homicida e, no campo mental embora a benção do olvido no renascimento físico, estampava ainda a cena lamentável do pretérito delituoso. Desde a infância, em razão do resgate que deveria levar o efeito, era atormentado de pesadelos e tentações que pareciam sem termo.


Davam-no os médicos por vítima de perturbações congênitas, e como não lhe solucionavam a questão angustiosa recorreu ao sensitivo, sequioso de paz íntima. O médium, usando a sua faculdade de penetração noutros domínios vibratórios e sentindo-se vaidoso da franqueza que lhe era característica, movimentou o cabedal das apreciações próprias e falou-lhe abertamente do que via. Sem o espírito da caridade construtora, concluiu o vidente loquaz q quadro significava assassinato em futuro próximo, asseverando que o consulente mataria um homem. Retirou-se o enfermo d’alma em condições terríveis. Sugestionado pelo médium invigilante, passou a viver muito mais do passado criminoso, reconstituindo instintivamente as ideias sinistras de outra época. Deveria matar alguém e preparou-se para o horrível acontecimento. Correram os anos. Um, dois, três, quatro... O enfermo procurou eliminar diversos parentes e amigos sem resultado. Perdera o contacto com o trabalho sadio.


A ideia fixa do crime empolgava-o. Não dormia, alimentava-se mal e convertera-se em perigoso alienado, fora do hospício. A sua situação continuava angustiosa quando, certa noite, encontrou um homem a meditar numa ponte solitária. Não teria chegado o momento? Pensou. Não lhe cabia assassinar um homem? Perturbado, aflito, precipitou-se sobre o desconhecido e apunhalou-o. Mais alguns instantes e aclarava-se a identidade do morto. O assassinado era o vidente, fornecedor do pensamento inicial do crime. A ideia, pequena e insignificante a princípio, desenvolvera-se, crescera e agira contra o seu próprio criador.


Compreende você a responsabilidade dos que fazem conclusões precipitadas ou que adiantam informações prematuras? Responderemos por todas as imagens mentais que criarmos nos cérebros alheios.


Natural, portanto, nosso retraimento em matéria de pareceres inoportunos e novidades sensacionais. A obra evolutiva de cada um de nós pede tempo e experiência.


Se você deseja cooperar nas fileiras do Espiritismo cristão, instrua-se no conhecimento da verdade e edifique-se na prática do bem, abstendo-se de exigir o concurso dos seus amigos desencarnados, no campo do revelacionismo fácil. Divulgue, onde você vive e trabalha a mensagem de boa-vontade e colaboração evangélica que a fé e o esforço próprio gravaram em seu coração. Quanto aos detratores e perseguidores vulgares, não lhes conceda o apreço que estão muito longe de merecer. Entregue-os à luz abençoada da consciência, porque o sofrimento e a morte se encarregarão de transformá-los, no instante oportuno.

Lazaro Redivivo

domingo, 27 de novembro de 2011

Resposta a um Católico


Vou explicar-vos as razões porque efetivamente não sou cristão no sentido emprestado erroneamente a esta palavra pela igreja romana.

Para esta seita, ser cristão não é cumprir os preceitos admiráveis do Evangelho; não é imitar, quanto possível, as sublimes lições da vida de Jesus.

Tanto assim que, sendo o Mestre um simples carpinteiro, o papa é rei com todo o cortejo de mundanas grandezas.

Enquanto o Cristo vestia a túnica dos pastores que não tem onde repousar a cabeça, seus pretensos continuadores cobrem-se de ouro e de púrpuras, alardeiam uma pompa de caráter pagão, cercam-se de luxo familiar aos tiranos do tempo de Sermacherib.

O Filho de Maria era humilde e perdoava as ofensas alheias; a igreja católica mostra-se sob um orgulho indomável e amaldiçoa, desde séculos, a quantos se não submetam a seus dessarroados caprichos.

Cristo espalhava, sem remuneração, os benefícios de um amor incomparável; a igreja vende os sacramentos, negocia com a salvação das almas, trafica com o reino dos céus.

Cristo profligava os erros e o despotismo dos fariseus bafejados pela riqueza da Terra; a igreja rasteja aos pés dos potentados.

No Rabino genial, conjugam-se as perfeições do missionário cumprindo à risca os desígnios da Providência; na igreja proliferam os crimes e os atentados contra a vida e a consciência de nosso semelhante.

A disparidade entre o ensino de Jesus e o dos concílios romanos não precisa de mais exemplos para se impor com a força dos axiomas irrespondíveis.

Cristo, no conceito católico, é o homem escravizado ao culto externo, às regrinhas da disciplina religiosa, às bulas e pastorais ejaculadas, de vez em vez, pelo ralo das autoridades eclesiásticas.

Ouve missa, bate nos peitos, confessa ao padre as suas mazelas espirituais, usa a veste das procissões, torce entre os dedos, maquinalmente, as contas dos rosários e crê no sortilégio dos escapulários.

Vive transido com o horror blasfemo de um Deus vingativo e implacável que tem embaixadores na Terra para a regularização dos negócios celestes. Isto não o impede, entretanto, de alimentar ódios, intolerância, dureza de coração, maledicências venenosas, invejas surdas, ambições insuportáveis e apego aos bens temporais.

Não o impede de desejar todo o mal possível ao próximo, de vangloriar-se com o alheio infortúnio, de rogar pragas, atirar esconjuros sobre os que não comungam com os seus ideais.

A piedade, a doçura, a indulgência, a mansidão... São coisas de que não se ocupa absolutamente.
Rezando a sua ‘salve rainha’ e pondo uma vela a arder em face do oratório bento, dá-se por satisfeito, repousa a consciência no cumprimento dessas puerilidades.

De tempos em tempos, a penitência dos confessionários, com a deglutição complementar da hóstia, lavam-lhe os pecados velhos. Julga-se, então, apto para subir entre serafins tangendo liras vaporosas aos esplendores da felicidade eterna.

Mas, como a morte parece-lhe longe, torna a pecar e copiosamente, fiado no perdão já tantas vezes concedido às suas faltas anteriores.

Entre a prática do bem, das virtudes humildes e o abster-se de carne às sextas-feiras, ele prefere este “último sacrifício”. É mais cômodo, mais ortodoxo e produz resultados extraordinários.

Pode-se realizá-lo conservando o orgulho, o egoísmo, a vaidade, os rancores rubros que geram as explosões de criminalidade.