sábado, 26 de agosto de 2017

Remorso


Melhor é resolver as questões e não protelar reconciliações, enquanto é tempo. Muitas pessoas imaginam que não há grandes diferenças entre remorso e o arrependimento. No livro “Aborto à Luz do Espiritismo”, Eliseu Florentino da Mota Jr. Escreve que “dentre as causas determinantes das anomalias psíquicas é induvidoso que o remorso assume especial relevância, porquanto, ao contrário do arrependimento, que é o primeiro passo para a reabilitação diante de um erro cometido, ele determina o surgimento do complexo de culpa, levando a pessoa que eventualmente tenha errado a crises nervosas, chegando mesmo à loucura”. Dessa forma, podemos entender claramente essa diferença, deixando para reflexão o quanto o remorso é prejudicial para o indivíduo. Sempre nos questionamos quando deixamos alguma questão mal resolvida ou de não se ter uma reconciliação – isto acontece quando o nosso desafeto venha a falecer. Consequentemente, o remorso bate à nossa mente por termos protelados para depois a solução de problemas, algumas vezes simples, outras não, mas que poderiam ter sido resolvidos ou esclarecidos com uma conversa sincera entre as partes envolvidas. Porém nosso orgulho acaba sendo predominante fazendo com que a reconciliação não se realize. Recentemente duas pessoas queridas de minha convivência estavam brigadas, sabia do amor que sentiam um pelo outro, porém o orgulho fazia com que a reconciliação fosse evitada. Uma noite falei para uma das partes que seu desafeto estava doente, para ele imaginar se essa pessoa viesse a falecer, o remorso iria ser grande por não ter se reconciliado enquanto podia. Minutos depois, essa pessoa pegou o telefone e se reconciliou com a outra. Neste caso correu tudo bem, mas quantos deixam para depois. O tempo não é eterno e o amanhã pode ser muito tarde. Devemos pensar que o presente é agora e que o futuro pode não existir. Vitor Ronaldo Costa, em seu livro “Gerenciando as Emoções”, explica que se alguém alimenta um sentimento de culpa, em decorrência de um mal cometido intencionalmente, o bom senso recomenda que se busque a solução do impasse na prática inadiável de uma atitude enobrecida. A anulação do remorso sugere a tomada de duas providências essenciais: o cultivo da humildade e o pedido de perdão. No livro “O Céu e o Inferno, Allan Kardec no capítulo IV, intitulado “Criminosos Arrependidos”, descreve o contato feito com um jovem padre de nome Verger que havia assassinado em 3 de janeiro de 1857, Monsenhor Sibour, Arcebispo de Paris, quando saía da Igreja de Saint-Étienne-du-Mont. Verger foi condenado à morte e em 30 de janeiro executado. Em nenhum momento mostrou-se arrependido do seu crime. O mesmo foi evocado no mesmo dia de sua execução e posteriormente três dias mais tarde. Nestes contatos quando Verger foi indagado: Qual a vossa punição? Ele respondeu: “Sou punido porque tenho consciência da minha falta, e para ela peço perdão à Deus; sou punido porque reconheço a minha descrença nesse Deus; sabendo agora que não devemos abreviar os dias de vida de nossos irmãos; sou punido pelo remorso de haver adiado o meu progresso, enveredando por caminho errado, sem ouvir o grito da própria consciência que me dizia não ser pelo assassínio que alcançaria o meu desiderato. Deixei-me dominar pela inveja e pelo orgulho; enganei-me e arrependo-me, pois, o homem deve esforçar-se sempre por dominar as más paixões – o que, aliás, não fiz. Quando tiramos a vida de alguém estamos retardando nossa evolução e cortando a oportunidade de nosso irmão dar sequência na sua. Além do mais, é um pecado que corrói a nossa consciência por ser um ato indigno de nossa parte. É muito triste chegar ao plano espiritual e sentir na consciência o remorso. Deus nos dá a oportunidade de reparação, é parte de nossa evolução colocar em prática os ensinamentos morais de Jesus. O perdão faz parte destes ensinamentos e é providencial, deixando de lado o orgulho, que não leva a nada. Dessa vida a única coisa que levamos são as nossas obras, que é feita através da caridade. Quando falamos em caridade é no sentido amplo, começando por ajudar aqueles a quem temos algum desafeto. Vamos analisar a situação, não somos santos e todos sujeitos a erros. Vamos nos colocar no lugar de nosso desafeto e imaginar se não agiríamos da mesma forma. Uma reflexão profunda pode ser essencial para essa reconciliação. O tempo é curto, devemos guardar momentos felizes e aprender com os tristes. São esses momentos alegres que nos fazem refletir o tão quão somos queridos. As amizades e a família são algo que devemos saber aproveitar, pois são momentos de compartilhar experiências e reparar erros cometidos em outras vidas ou até mesmo nessa. Todos os atos indignos como o aborto, o suicídio, a traição entre outros, são prejudiciais a nós mesmos. Eliseu Florentino descreve em seu livro a diferença do remorso para o arrependimento, quando se tratando de aborto praticado, que o arrependimento leva a pessoa a reparar o seu erro adotando uma criança ou trabalhando em lugares que cuidam de crianças carentes, enquanto que o remorso é patológico à medida que o autor da conduta abortiva é levado ao monoideísmo, causando anomalias psicológicas e psíquicas. André Luiz no livro Nosso Lar descreve as palavras de consolo do benfeitor Clarêncio: “aproveita os tesouros do arrependimento, guarda a bênção do remorso, embora tardio, sem esquecer que a aflição não resolve problemas”. 

Fonte: Revista Internacional de Espiritismo

Sonhos...


Gandhi


Quando Gandhi estudava Direito na Universidade de Londres tinha um professor chamado Peters, que não gostava dele, mas Gandhi não baixava a cabeça. 
Um dia o prof. estava comendo no refeitório e sentaram-se juntos. O prof. disse: Sr. Gandhi, você sabe que um porco e um pássaro não comem juntos? 
Ok, Prof..... Já estou voando...... e foi para outra mesa. 
O prof. aborrecido resolve vingar-se no exame seguinte, mas ele responde, brilhantemente, todas as perguntas. 
Então resolve fazer a seguinte pergunta: Sr. Gandhi, indo o Sr. por uma rua e encontrando uma bolsa, abre-a e encontra a Sabedoria e um pacote com muito dinheiro, com qual deles ficava? Gandhi respondeu.... Claro que com o dinheiro, Prof.! Ah! Pois eu no seu lugar Gandhi, ficaria com a sabedoria. Tem razão prof, cada um ficaria com o que não tem! 
O prof. furioso escreveu na prova "IDIOTA" e lhe entregou. Gandhi recebeu a prova, leu e voltou: E disse... Prof. o Sr. assinou a prova, mas não deu a nota! 
Moral da historia. Semeie a Paz, Amor, compreensão. Mas trate com firmeza quem te trata com desprezo.

Os espíritos nos informam...


A carne é fraca

Há tendências viciosas que são, evidentemente, inerentes ao Espírito, porque se prendem mais ao moral do que ao físico; outras parecem antes a consequência do organismo, e, por este motivo, delas se pode crer menos responsável; tais são as predisposições à cólera, à moleza, à sensualidade, etc. 
Está perfeitamente reconhecido hoje, pelos filósofos espiritualistas, que os órgãos cerebrais correspondentes às diversas aptidões, devem seu desenvolvimento à atividade do Espírito; que esse desenvolvimento é assim um efeito e não uma causa. Um homem não é músico porque tem a bossa da música, mas ele não tem a bossa da música senão porque seu Espírito é músico. Se a atividade do Espírito reage sobre o cérebro, ela deve reagir igualmente sobre as outras partes do organismo. O Espírito é, assim, o artífice de seu próprio corpo, que ele configura, por assim dizer, a fim de apropriá-lo às suas necessidades e às manifestações de suas tendências. Estando isto posto, a perfeição do corpo nas raças avançadas seria o trabalho do Espírito que aperfeiçoa o seu aparelhamento à medida que as suas faculdades aumentam. Por uma consequência natural deste princípio, as disposições morais do Espírito devem modificar as qualidades do sangue, dar-lhe mais ou menos atividade, provocar uma secreção mais ou menos abundante de bile ou outros fluidos. É assim, por exemplo, que o guloso sente vir a saliva, ou, como se diz vulgarmente, a água à boca à vista de uma comida apetitosa. Não é a comida que pode superexcitar o órgão do gosto, uma vez que com ele não tem contato; é, pois, o Espírito cuja sensualidade é despertada, que age pelo pensamento sobre esse órgão, ao passo que, sobre um outro Espírito, a visão dessa comida nada produz. Ocorre o mesmo com todas as cobiças, todos os desejos provocados pela visão. A diversidade das emoções não pode se explicar, numa multidão de casos, senão pela diversidade das qualidades do Espírito. Tal é a razão pela qual uma pessoa sensível derrama facilmente lágrimas; não é a abundância das lágrimas que dá a sensibilidade ao Espírito, mas a sensibilidade do Espírito que provoca a secreção abundante das lágrimas. Sob o domínio da sensibilidade, o organismo é modelado sob essa disposição normal do Espírito, como é modelado naquela do Espírito guloso. Seguindo esta ordem de idéias, compreende-se que o Espírito irascível deve levar ao temperamento bilioso; de onde se segue que um homem não é colérico porque é bilioso, mas que ele é bilioso, porque é colérico. Assim ocorre com todas as outras disposições instintivas; um Espírito mole e indolente deixará o seu organismo num estado de atonia em relação com o seu caráter, ao passo que se for ativo e enérgico, dará ao seu sangue, aos seus nervos, qualidades muito diferentes. A ação do Espírito sobre o físico é de tal modo evidente, que se vêem, frequentemente, graves desordens orgânicas se produzirem pelo efeito de violentas comoções morais. A expressão vulgar: A emoção lhe revirou o sangue não é também destituída de sentido quanto se poderia crê-lo; ora o que pôde revirar o sangue, se não as disposições morais do Espírito? Este efeito é sobretudo sensível nas grandes dores, nas grandes alegrias e nos grandes medos, cuja reação pode ir até causar a morte. Vêem-se pessoas que morrem do medo de morrer; ora, que relação existe entre o corpo do indivíduo e o objeto que causa seu pavor, objeto que, frequentemente, não tem nenhuma realidade? É, diz-se, o efeito da imaginação; seja; mas que é a imaginação senão um atributo, um modo de sensibilidade do Espírito? Parece difícil atribuir a imaginação aos músculos e aos nervos, porque, então, não se explicaria porque esses músculos e esses nervos não têm sempre imaginação; por que não o têm mais depois da morte; porque o que causa em uns um pavor mortal, superexcita a coragem em outros. De qualquer sutileza que se use para explicar os fenômenos morais unicamente pelas propriedades da matéria, cai-se, inevitavelmente num impasse, no fundo do qual percebe-se, em toda a sua evidência, e como a única solução possível, o ser espiritual independente, para quem o organismo não é senão um meio de manifestação, como o piano é o instrumento das manifestações do pensamento do músico. Do mesmo modo que o músico afina o seu piano, pode-se dizer que o Espírito afina o seu corpo para colocá-lo no diapasão de suas disposições morais. É verdadeiramente curioso ver o materialismo falar, sem cessar, da necessidade de levantar a dignidade do homem, então que se esforça em reduzi-la a um pedaço de carne que apodrece e desaparece sem deixar nenhum vestígio; de reivindicar para ele a liberdade como um direito natural, quando dela faz uma mecânica caminhando como uma pessoa encarregada de girar o espeto, sem responsabilidade de seus atos. Com o ser espiritual independente, preexistente e sobrevivente ao corpo, a responsabilidade é absoluta; ora, para o maior homem, o primeiro, o principal móvel da crença no nada é o pavor que causa essa responsabilidade, fora da lei humana, e à qual se crê escapar tapando os olhos. Até hoje esta responsabilidade nada tinha de bem definida; não era senão um temor vago, fundado, é preciso muito reconhecê-lo, sobre crenças que não eram sempre admissíveis pela razão; o Espiritismo a demonstrou como uma realidade patente, efetiva, sem restrição, como uma consequência natural da espiritualidade do ser; é porque certas pessoas têm medo do Espiritismo que lhes perturbaria em sua quietude, levantando diante delas o temível tribunal do futuro. Provar que o homem é responsável por todos os seus atos é provar a sua liberdade de ação, e provar a sua liberdade, é levantar a sua dignidade. A perspectiva da responsabilidade fora da lei humana é o mais poderoso elemento moralizador: é o objetivo ao qual o Espiritismo conduz pela força das coisas. Segundo as observações fisiológicas que precedem, pode-se, pois, admitir que o temperamento é, pelo menos em parte, determinado pela natureza do Espírito, que é causa e não efeito. Dizemos em parte, porque há casos em que o físico influi evidentemente sobre o moral: é quando um estado mórbido ou anormal é determinado por uma causa externa, acidental, independente do Espírito, como a temperatura, o clima, os vícios hereditários de constituição, uma doença passageira, etc. O moral do Espirito pode então ser afetado em suas manifestações pelo estado patológico, sem que a sua natureza intrínseca seja modificada. Desculpar-se de seus defeitos sobre a fraqueza da carne não é, pois, senão uma fuga falsa para escapar à responsabilidade. A carne é fraca porque o Espírito é fraco, é em que se torna a questão, e deixa ao Espírito a responsabilidade de todos os seus atos. A carne, que não tem nem pensamento nem vontade, não prevalece jamais sobre o Espírito, que é o ser pensante e que quer, é o Espírito que dá à carne as qualidades correspondentes aos seus instintos, como o artista imprime à sua obra material a marca de seu gênio. O Espírito liberto dos instintos da bestialidade, forma um corpo que não é mais um tirano para as suas aspirações na direção da espiritualidade de seu ser; é quando o homem come para viver, porque viver é uma necessidade, mas não vive mais para comer. A responsabilidade moral dos atos da vida, portanto, permanece inteira; mas a razão diz que as consequências desta responsabilidade devem estar em razão do desenvolvimento intelectual do Espírito; quanto mais o Espírito é esclarecido, mais é indesculpável, porque com a inteligência e o senso moral, nascem as noções do bem e do mal, do justo e do injusto. O selvagem, ainda vizinho da animalidade, que cede ao instinto do animal comendo seu semelhante, é, sem contradita, menos culpável que o homem civilizado que comete uma simples injustiça. Esta lei encontra ainda sua aplicação na medicina, e dá a razão de seu insucesso em certos casos. Desde que o temperamento é um efeito e não uma causa, os esforços tentados para modificá-lo podem ser paralisados pelas disposições morais do Espírito que opõe uma resistência inconsciente e neutraliza a ação terapêutica. E, pois, sobre a causa primeira que se deve agir; chegando-se a mudar as disposições morais do Espírito, o temperamento se modificará por si mesmo sob o império de uma vontade diferente, ou, pelo menos, a ação do tratamento médico será secundada em lugar de contrariá-la. Daí se for possível, coragem ao covarde, e vereis cessar os efeitos fisiológicos do medo; ocorre o mesmo com as outras disposições. Mas, dir-se-á, o médico do corpo pode se fazer o médico da alma? Está em suas atribuições tornar-se o moralizador de seus doentes? Sim, sem dúvida, num certo limite; é mesmo um dever que um bom médico não negligência jamais, desde o instante que vê, no estado da alma, um obstáculo ao restabelecimento da saúde do corpo; o essencial é aplicar o remédio moral com tato, prudência e com propósito, segundo as circunstâncias. Desse ponto de vista, sua ação está forçosamente circunscrita, porque, além de que não tem sobre seu doente senão um ascendente moral, uma transformação do caráter é difícil em certa idade; é, pois, à educação, e sobretudo à educação primeira, que incumbem os cuidados dessa natureza. Quando a educação for, desde o berço, dirigida nesse sentido; quando se aplicar em abafar, em seu germe, as imperfeições morais, como se faz para as imperfeições físicas, o médico não encontrará mais, no temperamento, um obstáculo contra o qual a sua ciência, muito frequentemente, é impotente. Como se vê, é todo um estudo; mas um estudo completamente estéril enquanto não se tiver em conta a ação do elemento espiritual sobre o organismo. Participação incessantemente ativa do elemento espiritual nos fenômenos da vida, tal é a chave da maioria dos problemas contra os quais a ciência se choca; quando a ciência fizer entrarem linha de conta a ação desse princípio, verá abrir-se diante dela horizontes todos novos. É a demonstração desta verdade que o Espiritismo traz. 

 Fonte: Revista Espirita – 1869

Jornada Espírita