quarta-feira, 29 de setembro de 2021

O Espiritismo ampara, e orienta sempre

 

O Espiritismo desempenha importantíssimo papel na vida humana, pela facilidade que oferece à intercomunicação do mundo invisível com o mundo físico. Sua Doutrina, simples, confortadora e compreensível, esclarece, orienta, educa e ampara a criatura humana através das complexidades terrenas. Estabelece ambiente propício ao intercâmbio de ideias entre os dois mundos, favorecendo o trabalho mútuo, regulando e dando aos homens a ajuda ostensiva dos Espíritos, ao mesmo tempo que a estes faculta a contribuição dos trabalhadores terrícolas. Não é assim que procedem alguns credos superados pelos preconceitos que criaram, ao se escravizarem dogmaticamente ou descontrolados por ambições mundanas e políticas. O Catolicismo, por exemplo, proíbe a comunicação do mundo físico com o mundo espiritual, proibição estulta e inútil. Um católico que perde qualquer pessoa da família ou de suas relações mais afetivas está impedido de senti-la perto de si. Para o Catolicismo, morreu, acabou. Não se fala mais nisso, salvo em missas ao preço da tabela. É desdobrar sobre aquele que desencarnou o manto do esquecimento, que significa ingratidão e desamor, e pensar em outra coisa. No Espiritismo, não. Nós não cultivamos morbidamente os mortos, porque os sabemos tão vivos quanto nós, embora não revestidos do corpo carnal. Nós cultivamos o Espírito e por isso compreendemos que o ambiente espírita favorece a manutenção do sentimento de amor que não é rompido pela morte. O Espírito a ela sobrevive e busca as reuniões espíritas na esperança de suavizar as saudades daqueles a quem amaram na Terra. Portanto, o Espiritismo não sufoca esse sentimento afetivo, tão útil à evolução moral da criatura humana: conserva-o, consolando simultaneamente os Espíritos, esclarecendo-os e ajudando-os a compreender o novo estado a que chegaram a obediência a inelutáveis leis de Deus. O Catolicismo procede de modo inverso, pondo uma barreira de intransigência entre os dois mundos, evitando de todas as maneiras que o Espírito possa consolar-se da separação verificada com a perda do corpo somático e proibindo, à criatura ferida pela dor de ver partir para o Além um parente ou um amigo, que busque o lenitivo que o Espiritismo oferece e dá. O mais que o Catolicismo apresenta é uma promessa sombria de purgatório e inferno, porque o prêmio da vida contemplativa no céu, essa ideia absurda que a teologia cristã herdou do paganismo, só existe para um número muito reduzido de crentes. Se outras diferenças fundamentais não houvesse, demonstrando a superioridade doutrinária do Espiritismo sobre o Catolicismo, esse fato - o da intercomunicação de encarnados e desencarnados - serviria de exemplo do quanto a nossa Religião atende mais ao sentimento afetivo da criatura humana, aproximando o que a morte distanciou, permitindo entendimentos e contatos que atenuam o sofrimento da separação provocada pela morte. Graças ao Espiritismo, essa morte não é absoluta, porque podem os chamados mortos comunicar-se com os vivos. Geralmente, depois de desencarnar, o Espírito anseia por voltar à companhia de parentes e amigos, frequentando os lugares a que se habituara quando encarnado. Em vez de o Espiritismo persegui-lo, desprezá-lo, escorraçando-o friamente, recebe-o com bondade, esclarecendo-o, buscando confortá-lo e reduzir suas aflições, assim como assiste e ampara os encarnados, consolando-os em virtude da ausência física dos entes amados que transpuseram a imaginária fronteira do Além. O Catolicismo, que persegue o Espiritismo e os espíritas, não respeita os sagrados sentimentos da criatura humana, impondo-lhes atitudes que não condizem com a caridade cristã, e rechaça os desencarnados, em vez de ampará-los, quando mais sofrem as consequências da separação material. O Espiritismo dá conforto e favorece a reaproximação consoladora, ao mesmo tempo que, por sua Doutrina, opera a elucidação gradual das duas partes, sobre a natureza da vida física, a razão da morte, a vida depois do abandono do corpo carnal. Os que foram e os que ficam aprendem a razão de todas essas coisas e passam a encará-las -com uma serenidade exemplar, adotando a atitude mais razoável em cada caso. O Espiritismo não força, persuade pela razão dos próprios fatos e pelo poder da sua Doutrina de paz, amor e caridade. Não estimula a credulidade fácil, pois não deseja que ninguém abdique a liberdade de raciocinar e julgar por si mesmo o que vê, sente, observa e analisa. O Espiritismo não quer autômatos nem fanáticos, que creiam sem compreender no que creem. Esta é outra diferença profunda que há entre o Espiritismo e o Catolicismo. Léon Denis, em "No Invisível", um de seus magníficos livros, chama-nos a atenção para este pormenor importante: "As revelações de além-túmulo são concordes em um ponto capital: depois da morte, como no vasto encadeamento de nossas existências, tudo é regulado por uma lei suprema." E acrescenta: "Com o Espiritismo, coração e razão, tudo tem sua parte. O círculo dos afetos se dilata. Sentimo-nos melhor amparados na prova, porque aqueles que em vida nos amavam, nos amam ainda além do túmulo e nos ajudam a carregar o fardo das misérias terrestres. Não estamos deles separados senão em aparência. Na realidade, os humanos e os invisíveis caminham muitas vezes lado a lado, através das alegrias e das lágrimas, dos êxitos e reveses. O amor das almas que nos são diletas nos envolve, nos consola e reanima. Cessaram de nos acabrunhar os terrores da morte." (Capítulo XI - Aplicação moral e frutos do Espiritismo, ob. cit.) 

Boanerges das Rocha (Indalício Mendes) 
Reformador (FEB) Nov 1958 

Trazemos dons de outras vidas?


 

Fiéis, honestos e sinceros

 

O Cristo de Deus sempre utilizou grandes missionários para fazer progredir, no mundo, a sua obra divina. E cada vez que um deles abençoou, com a sua excelsa presença, a Humanidade terrena, aqui deixou, ao regressar aos seus pagos celestes, não somente nova sementeira de luzes imortais, senão também a fecunda inspiração dos seus exemplos edificantes, capazes de suscitar discípulos e imitadores, em favor da continuidade do trabalho do bem. Os revérberos de sua brilhante claridade espiritual permanecem por muito tempo na atmosfera do orbe, suprindo de algum modo o vazio deixado por sua ausência na crosta planetária. Antes, porém, que esses revérberos esmaeçam, outras grandes almas esplendem de graça divina no cenário do mundo, a atestar a riqueza infinita do Criador e o poder amoroso do Cristo. Pela sublimal elevação que nos revelam e pelo bem que nos fazem, esses grandes tarefeiros de Jesus merecem de todos nós o mais profundo respeito, a mais acrisolada gratidão e todo o amor que sejamos capazes de lhes oferecer. O que eles não merecem é que façamos deles bandeiras de discórdia e que lhes usemos indebitamente o nome e o trabalho para tentar desacreditar instituições, movimentos e pessoas. O que eles positivamente não merecem é que procuremos usar-lhes a bondade e a presença para procurar colocá-los como recurso ou alternativa mais alta contra companheiros de ideal e suas organizações mais responsáveis. E, sobretudo, o que eles não merecem é que lhes exploremos antecipadamente a desencarnação, para fomentar, desde já, o descrédito generalizado dos que permanecerão a postos, no campo das lutas terrenas, instigando desacordos, inconformidades, dissenções e separatismos. É muito natural que seja dolorosa para nós a expectativa do regresso, aos Céus, de algum servidor do Mundo Maior, que esteja em serviço reencarnatório sobre a face da Terra. Dor de saudade antecipada, precoce sensação de perda de um convívio que ainda não merecemos seja permanente. Jamais, porém, presságio de caos, de irremissível desorganização das estruturas terrestres da obra divina, como se o poder de Deus, do Cristo e de Ismael, e a boa-vontade sincera dos lidadores humanos de boa-fé, nada valessem. O próprio Mestre Divino, após legar-nos o seu Evangelho de Amor, ausentou-se do chão planetário, deixando a sua mensagem aos cuidados dos seus Apóstolos, que também, cada qual por sua vez, partiram deste mundo. Estêvão, Paulo e a gloriosa Mãe Maria de Nazaré, também retomaram, um dia, às regiões etéreas de onde provieram. Assim Francisco de Assis, assim Vicente de Paulo, assim Kardec... Nenhum deles transferiu a ninguém a sua própria tarefa, por ser isso impossível. Não se herda nem se lega dons espirituais ou responsabilidades da alma! Apesar disso, o plano divino jamais deixou de ser cumprido, mais depressa ou mais devagar, conforme as circunstâncias, porém nunca deixou de progredir. Não há de ser agora, neste fim de milênio e diante de uma nova era, de importância vital para a Humanidade, que a desencarnação de um missionário, por maior que ele seja, combalirá o Movimento Espírita da Pátria do Evangelho. Realmente, os homens podem, sob o influxo de Inteligências malignas, fazer de quaisquer nomes e de quaisquer obras motivos de animosidade e perversão, como fizeram até mesmo com o nome e com o Evangelho do próprio Senhor Jesus-Cristo. Isso, porém, só voltará a acontecer se, embora iluminados pelas luzes do Celeste Consolador, não conseguirmos ser, como de nós se espera, servidores do bem, fiéis, honestos e sinceros. 

Editorial Reformador (FEB) Junho 1978 

Todos nascem com uma missão a cumprir?


 

A cilada das almas gêmeas

 

A Doutrina Espírita é clara no que diz respeito às almas gêmeas. Não existem metades que precisam se completar para desfrutar a eterna felicidade. Cada um de nós é uma individualidade que estabelece laços e afinidades com outras individualidades, através dos tempos e das vivencias sucessivas. Se substituirmos o termo “gêmeo” por “afim”, vamos perceber que são muitas as almas afins que encontramos e reencontramos por esse mundão de meu Deus, e que todas elas, cada uma seu modo, têm seu espaço e importância em nossa caminhada. Podemos dizer então que são várias as nossas “almas gêmeas”. Amigos, filhos, irmãos, pais, mães, maridos e esposas, entre outros, formam a imensa fileira das relações de afinidade construídas vidas afora. Porém, apesar da clareza dos ensinamentos espíritas, ainda vemos muita gente boa, dentro do nosso movimento, cair nessa armadilha emocional, que está mais pra conto do vigário que pra conto de fadas, e pode gerar graves consequências, não só na vida pessoal, como também no núcleo espírita em que trabalham. Temos presenciado histórias preocupantes. Aqui, são aqueles dois médiuns, ambos casados com outros parceiros, que se descobrem “almas gêmeas”; E aí, tentam se enganar que estão “renunciando”… Mantém-se em seus casamentos, mas tornam-se “irmãos siameses” na Casa Espírita. Sentam-se lado a lado nas reuniões, são vistos juntos em todos os lugares, dão sempre um jeitinho de fazer parte da mesma equipe (isso quando não arranjam uma missão que “a espiritualidade designou somente aos dois”) e se isolam pelos cantos em conversas particulares sem fim. Só tem olhos um para o outro e, em tal enlevo, não se dão conta que à sua volta todos sentem o que está acontecendo, sobretudo seus maridos e esposas, humilhados publicamente no melhor estilo adultério por pensamento e intenção, embora sob a máscara do amor fraternal. Sim, porque o fato de não partirem para o ato sexual não os exime do abandono afetivo e da traição emocional em relação aos cônjuges. Acolá, é aquela irmã solitária e carente, que se depara com o eloquente e carismático orador. Que palestra!… Que palestrante!… Que homem! Ele só tem um defeito: É casado!… E logo com aquela senhorinha já envelhecida e meio sem graça… Que desperdício!… E eis que de repente ele também a vê na platéia… Bonitona, elegante, jovial e olhando-o com aquele olhar de admiração apaixonada que há muito ele não percebe na companheira… Afinal, o casamento – como todos após lá seus trinta anos já entrou na rotina. Oh céus! Ali mesmo cupido dispara a flecha e zás!… Começam as justificativas íntimas: “Como não tinham se descoberto antes?!… Por certo eram almas gêmeas que há muito se procuravam… O casamento foi um equívoco; o reencontro uma programação para que pudessem trabalhar juntos para Jesus.” Resolvem então assumir o romance. A mulher dele, abandonada após anos de companheirismo e convivência, entra em profunda depressão, os filhos se revoltam, a família se desestrutura, os companheiros se retraem decepcionados e temerosos… “Ora, quem tem suas mulheres e maridos que se cuide, pois se aconteceu com o fulano, que era um exemplo, ninguém está livre”… Instala-se então o tititi e a desconfiança. Daí para o escândalo é apenas um passo, e para o afastamento constrangido dos próprios envolvidos, sua família e outros tantos trabalhadores desencantados com a situação, é um pulo. Sofrimento, deserção e descredibilidade. Tudo pelo direito aos “felizes para sempre” junto à sua “metade da laranja”… Mas, onde é que está escrito, no Evangelho, que é possível construir felicidade sobre os escombros da felicidade alheia ou edificar relacionamentos duradouros em alicerces de leviandade e egoísmo? Temos visto estrondosos equívocos de esse tipo mexer seriamente com estruturas de famílias e Casas Espíritas, fazendo ruir Instituições e relações que pareciam extremamente sólidas. Temos visto companheiros valorosos das nossas fileiras, que caminhando distraídos de que “muito se pedirá àquele que muito tiver recebido”, de repente resolvem jogar pro alto o patrimônio espiritual de uma vida inteira, em nome do “amor”. E assim, cônjuges dedicados e dignos são descartados como se não tivessem alma nem sentimentos, em detrimento de aventuras justificadas por argumentos inconsistentes, sem nenhum respaldo ético/moral ou espiritual. Isto quando ainda há um mínimo de honestidade e se pede a separação, porque alguns preferem continuar comodamente em seus relacionamentos “provacionais”, porém mantendo, na clandestinidade, um “afair” paralelo com a tal “metade eterna”, sob a desculpa esfarrapada de que a família deve ser poupada, pois “família é sagrada!!!”. Logo se faz sentir o efeito dominó. Lá adiante, após vários corações feridos e muitas quedas morais, a convivência faz a alma gêmea virar “alma algemada”. As desilusões chegam inevitáveis, com todo o peso resultante das atitudes ditadas pelas paixões, mas na maioria das vezes, já é tarde pra retomar, ainda nesta existência, o percurso abandonado. Continuação… Reflitamos. Ninguém chega atrasado à vida de ninguém. Chegou-se depois é porque não era pra ser. E se não era pra ser há um bom motivo para isso, visto que as Leis Divinas são indiscutivelmente sábias, justas e providenciais. Não tem pra onde fugir: Quando o teste nos procura, ou somos aprovados ou forçosamente teremos que repetir a lição futuramente, e em condições bem mais adversas… Podemos reencontrar, no grupo de trabalho espírita, grandes amores e paixões do passado que nos reacendem sentimentos e sensações maravilhosas? Sim. Podemos olhar para companheiros de ideal espírita com outros olhos que não sejam os do amor fraternal? Sim. Nada mais natural. Mas sabemos pelo Apóstolo Paulo, que poder nem sempre significa dever… Portanto, o bom-senso nos diz que investir ou não afetivamente nessas pessoas, vai depender de que ambos estejam livres para fazê-lo. Alguém haverá de argumentar que casamento não é prisão e que aliança não é corrente; que ninguém está preso a ninguém “até que a morte os separe” e que o próprio Cristo admitiu a dissolução do casamento. Porém, o espírita não desconhece que, na maioria dos casos, muito além dos compromissos cartoriais existem profundos compromissos e dívidas emocionais entre aqueles que se escolheram como marido e mulher nesta vida. Compromissos muito sérios para serem dissolvidos porque o corpo requer sensações novas, porque a mulher envelheceu, perdeu o brilho ou porque o marido ficou rabugento… Como se o outro estivesse só quebrando um galho enquanto a “outra metade” não chegava… Todos almejamos felicidade, e no estágio evolutivo em que nos encontramos isso ainda tem muito a ver com realização afetiva. Por isso mesmo, não devemos ignorar que só a quitação de antigos débitos emocionais é que nos facultarão essa conquista. Precisamos interiorizar, de uma vez por todas, que os casamentos por afinidade ainda são raros neste momento planetário, e que se ainda não conseguimos amar o parceiro que nos coloca em cheque ou aquele que não corresponde aos nossos anseios, o conhecimento das leis morais exige que ao menos nos conduzamos com um mínimo de retidão e tolerância diante deles. Tal consciência nos exige também, caso nos sintamos atraídos por companheiros já comprometidos, que nos recusemos terminantemente, sob qualquer pretexto, a desempenhar o deprimente e desrespeitoso papel da terceira pessoa numa relação, pois não há conversa fiada de alma gêmea que dê jeito no rombo emocional aberto pela desonestidade afetiva, nem justificativa de carência e solidão que nos permita desviar da rota do dever sem que tenhamos, forçosamente, que colher amargos frutos, porque “se o plantio é livre, a colheita é obrigatória”. Não se colhe rosas plantando espinhos. Sejamos responsáveis diante daqueles que escolhemos e que nos escolheram para compartilhar a vida. Acautelemo-nos contra as ilusões. Se os nossos anseios são irrealizáveis por agora, respeitemos as limitações impostas pelo momento que passa; Por mais possa doer olhar de longe um dos muitos seres amados, que cruza o nosso caminho nesta vida, mas que já optou por outra pessoa, só a dignidade de nos manter à distância é que vai possibilitar, pelas justas leis da vida, que conquistemos por mérito, lá na frente, em outras circunstancias, a alegria do reencontro e a partilha do afeto junto àquele que nos é tão caro, porque estaremos redimidos dos ônus afetivos do ontem através das atitudes renovadas do hoje. “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça, e tudo o mais vos será acrescentado” (Mateus 6.33). Saibamos buscar… Saibamos esperar… Trabalhemos por merecer… Afinal, temos pela frente a eternidade! 

REDE AMIGO ESPIRITA 

Os sonhos são frutos da imaginação de quem dorme?


 

Doutrinar Sempre

 

Nada é mais necessário fazer no ambiente espírita do que doutrinar, levar a Doutrina à compreensão dos confrades mais humildes, para os quais há conveniência em se adotar linguagem muito simples, que lhes permita rápida assimilação das ideias apresentadas. Não se trata, positivamente, de falar bonito, mas de falar eficientemente, com absoluto conhecimento da Doutrina, para esclarecer, ensinando. É bem mais importante do que possa à primeira vista parecer, a pregação inteligente da Doutrina de Kardec. O número daqueles que perambulam pelo Espiritismo e pouco ou quase nada sabem de Doutrina é muito grande. Em virtude da "lei do menor esforço", muitas vezes o adepto do Espiritismo não se mostra exigente, não zela pelo respeito à Doutrina, porque a desconhece em suas minúcias. Aceita qualquer "espiritismo" que lhe pareça bom por falar em Jesus, no bem, etc. Evidentemente, isso não basta. Seria ótimo que a só menção do nome de Jesus fosse bastante para assegurar a certeza de que os princípios doutrinários do Espiritismo são observados em qualquer parte. Tal não sucede, porém. Há necessidade de se martelar a Doutrina, pela palavra falada, nas tribunas e no Rádio, pela palavra escrita, nas conversações, enfim, onde quer que estejam reunidos indivíduos que debatam temas espíritas. Todos nós, que nos sentimos com alguma responsabilidade no movimento espírita nacional, devemos ser rigorosos na exemplificação de todos os instantes, porque os olhos dos confrades mais novos ou dos adeptos incipientes convergem justamente para aqueles que eles supõem ser corretos no procedimento moral. Doutrina, Doutrina, Doutrina - eis o ponto fundamental de qualquer propaganda espírita kardecista. Com a difusão da Doutrina será mais fácil corrigir maus hábitos, superstições, abusões, erradas interpretações dos fatos espíritas e destorcida compreensão do que eles possam ignificar à luz dos preceitos doutrinários. Ninguém pode ter "o seu espiritismo". Todos podem ter apenas o Espiritismo fundamentado na Doutrina, que é simples, porém positivo. Ele somente sobreviverá através da Doutrina. Sua consolidação se deveu à unidade de ação dentro dos princípios doutrinários. Mas à medida que se vai ampliando o seu raio de ação, à medida que cresce extraordinariamente o número de adeptos, é mister reforçar e ampliar o trabalho doutrinário. Devemos dizer uma verdade que talvez não seja bem aceita: o Espiritismo teórico não lança raízes profundas no espírito dos adeptos mais esclarecidos. É imprescindível que ele seja comprovado pelo trabalho prático, objetivo, ilimitado, com base na assistência social, na caridade respeitosa, no socorro àqueles que, tangidos pelos compromissos do Carma, vivem uma existência de privações dolorosas. Isso tem sido feito no Espiritismo, mas precisa de ser multiplicado, desenvolvido e mantido permanentemente, numa atmosfera evangélica de reconstrução moral e espiritual de pobres irmãos em terríveis provas na Terra. Dar o pão do espírito sem esquecer o pão do corpo, eis o caminho que tem apresentado resultados mais seguros e mais rápidos. A Doutrina tanto pode ser encontrada dentro de um livro como dentro de um pedaço de pão. Nunca o mundo sofreu tanto quanto presentemente; nunca houve tanta dor nem tanta miséria como nos dias que correm. Por isto, as responsabilidades dos espíritas multiplicaram-se e eles têm de sustentar galhardamente essa luta, sem o que poderão ser absorvidos ou perturbados em suas tarefas. Doutrinar, Doutrinar, Doutrinar, exemplificando, ajudando, trabalhando praticamente também, para que os obstáculos sejam mais facilmente superados. 

Indalício Mendes Reformador (FEB) 

O que atrapalha o desencarne? (vídeo)