sexta-feira, 30 de março de 2012

A morte sem mistérios

Por que a morte, sendo tão natural quanto o nascimento, fenômeno corriqueiro ao qual todos estamos sujeitos, sem exceção, ainda é considerada algo sinistro e tão misterioso?

Por que ela é tão incompreendida e causa tanto sofrimento, sobretudo quando surpreende prematuramente nossos entes queridos?

O Espiritismo veio, em boa hora, desmistificar a morte, mostrando a sua verdadeira face, e, o que é mais importante, veio realçar a importância da vida, demonstrando que ela transcende a questão da sobrevivência. 

Entretanto, mesmo para os que estudam a realidade além-túmulo, a morte dos entes queridos é algo difícil de aceitar e administrar.

Isso mostra quanto ainda somos imaturos, espiritualmente, e quanto temos ainda de desmaterializar nossos pensamentos e sentimentos.

Todas as religiões pregam a imortalidade da alma, mas a Doutrina Espírita foi além: comprovou, cientificamente, a imortalidade e resgatou o espírito da matéria, “matando a morte”. 

Não se trata mais de convicção religiosa. Trata-se de estar bem ou mal informado, pois, sem prejuízo dos princípios revelados pelo Consolador, o Espírito já foi pesado, medido e fotografado por uma legião de sábios, pesquisadores e cientistas de renome, conforme registrado nos anais da História.

Muito da incompreensão e do temor da morte repousa no desconhecimento da natureza espiritual do homem e no desconhecimento do perispírito, este, o invólucro inseparável da alma ou Espírito, elemento semimaterial, fluídico, indestrutível, que serve de intermediário entre o Espírito e o corpo físico.

 O estudo das propriedades e das funções do perispírito dilata novos horizontes à Ciência e constitui a chave de uma grande quantidade de fenômenos, preconceituosamente negados pelo materialismo e qualificados por outras crenças como milagres ou sortilégios, entre eles a materialização de Espíritos, confundida com a “ressuscitação” ou “ressurreição” dos mortos.

Denomina-se “morte” o esgotamento ou a cessação da atividade vital nos organismos. Nós, os espíritas, chamamo-la “desencarnação”, palavra que designa, com maior precisão, o evento, pois o que se dá, na realidade, é o desprendimento do Espírito ou do princípio inteligente do corpo físico, que a esse se havia ligado por meio do fenômeno encarnatório.

Deus criou os Espíritos simples e ignorantes, impondo a eles encarnações sucessivas, com o objetivo de fazê-los chegar à perfeição, gradualmente, pelo próprio mérito. Logo, a evolução se processa por fases, pois não é possível escalar o cume glorioso da plena vitória espiritual sobre si mesmo num só voo. Assim, podemos comparar o mundo físico a uma escola, a um campo de provas para o Espírito. André Luiz afirma:

 O Espírito, eterno nos fundamentos, vale-se da matéria, transitória nas associações, como material didático, sempre mais elevado, no curso incessante da experiência para a integração com a Divindade Suprema. 

O estágio na carne é o buril que esculpe o aperfeiçoamento do ser. Não é uma excursão de lazer a que somos convidados a gozar, à saciedade, na taça da vida, pois os excessos contribuem para a destruição prematura do corpo físico, equiparando-se a um suicídio inconsciente.

Com a desencarnação, o corpo grosseiro é descartado, à semelhança de uma roupa imprestável, que se desprende do perispírito e do Espírito, molécula a molécula. 

Decompostos os elementos químicos, esses são restituídos à Natureza para serem reutilizados na construção de outros corpos. Sem a veste carnal, o Espírito, em vibração diferenciada, desaparece dos olhos físicos dos encarnados, como se mudasse de residência, mantendo-se intacto e conservando, em outra dimensão apropriada ao progresso realizado, todo o patrimônio de experiências adquiridas.

O corpo é o instrumento do progresso espiritual. A decomposição dele é uma sábia lei da Natureza, sem a qual não haveria renovação e transformação. 

A encarnação e a morte constituem ciclos na trajetória das criaturas, que permitem o desenvolvimento delas por etapas, o que proporciona, nos intervalos entre uma e outra existência física, a avaliação e a reavaliação das experiências, o planejamento das futuras encarnações, para o recomeço proveitoso de novas provas.

Se a morte fosse a destruição completa do homem (Espírito encarnado), muito ganhariam com ela os maus, pois se veriam livres, ao mesmo tempo, do corpo, do Espírito e dos vícios. 

É uma ideia materialista que repugna o bom-senso e a lógica. 

A crença de que após a morte física vem o nada, além de anticientífica, é incompatível com a perfeição, a justiça e a bondade do Criador.

A vida na carne é uma constante preparação para a morte.

Todos sabem que esta é inexorável e pode acontecer a qualquer instante. Apesar disso, raramente valorizamos a existência e quase sempre desprezamos as oportunidades de crescimento:

A educação para a morte não é nenhuma forma de preparação religiosa para a conquista do Céu. É um processo educacional que tende a ajustar os educandos à realidade da Vida, que não consiste apenas no viver, mas também no existir e no transcender. 

Aqueles que, durante a vida terrena, se esforçarem sinceramente por se melhorar, mesmo errando durante o curso de sua existência, podem aguardar, serenos, a hora de seu retorno para o mundo espiritual, pois verão recompensados seus suores, dores e lágrimas. 

O Espírito Irmão X (Humberto de Campos) relaciona conselhos muito úteis para os que pretendem morrer bem. Eis o resumo de alguns deles, em forma de decálogo:

1. Diminua gradativamente a volúpia de comer a carne dos animais.

2. Evite os abusos do álcool e do fumo.

3. Não se renda à tentação dos narcóticos.

4. Quanto ao sexo, guarde muito cuidado na preservação do seu equilíbrio emotivo.

5. Se tiver dinheiro, não adie doações aos que realmente precisem e observe cautela com testamentos, pois a morte pode chegar de surpresa, deixando-o aflito com pendências judiciais perante os familiares.

6. Não se apegue demasiado aos laços consanguíneos, pois os entes queridos não nos pertencem.

7. Se você já possui o tesouro de uma fé religiosa, viva de acordo com os preceitos que abraça. É muito grande a responsabilidade moral de quem já conhece o caminho, sem equilibrar-se dentro dele.

8. Faça o bem que puder, sem a preocupação de satisfazer a todos.

9. Trabalhe sempre. O serviço é o melhor dissolvente de nossas mágoas.

10. Ajude-se, através do leal cumprimento de seus deveres. 

Em nossa quadra evolutiva, é normal que sintamos tristeza pela partida, inesperada ou não, dos entes queridos. 

A lembrança e a saudade geralmente evidenciam o amor que nutrimos por eles, contudo, não devemos nos entregar ao desespero e à tristeza mórbida, sob pena de prejudicarmos o restabelecimento dos recém-desencarnados, pois nossos pensamentos e sentimentos os atingem em cheio.

Ademais, tal comportamento demonstra o nosso egoísmo pelo apego excessivo aos laços familiares, ou ainda a falta de confiança em Deus, de fé no futuro e na imortalidade dos entes queridos, dos quais, a rigor, nunca nos apartamos, havendo, até mesmo, a possibilidade de nos comunicarmos com eles.

É realmente consolador haurir a certeza da imortalidade da alma.

Assimilar esses conhecimentos, adquirir essa convicção eleva a nossa condição de Espíritos, o que nos faz sentir herdeiros do Criador e nos dá mais forças para vencer as dificuldades do dia a dia, permitindo que valorizemos ainda mais a vida.

A maior prova que damos de que realmente internalizamos as noções imortalistas do ser e da reencarnação é recebermos com resignação e coragem a notícia do passamento de nossos entes queridos.

Lamentar exageradamente a partida daqueles a quem amamos é falta de caridade, pois seria exigir a permanência deles na prisão do corpo, fustigados por todo o cortejo de provas da existência física, muitas vezes pelo egoísmo de tê-los junto de nós. 

Saibamos impor silêncio às nossas dores, entregando-nos ao trabalho do bem, que nos dará forças para prosseguirmos no cumprimento dos deveres. 

Morrer todos os dias para a existência inferior é uma forma de viver a vida eterna, construindo o futuro glorioso que nos aguarda.

Reformador Março 2012

1XAVIER, Francisco C. Obreiros da vida eterna. Pelo Espírito André Luiz. 33. ed. 4. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Cap. 19.
2PIRES, J. Herculano. Educação para a morte. 9. ed. São Paulo: Paideia, 2004. p. 23.
3XAVIER, Francisco C. Cartas e crônicas. Pelo Espírito Irmão X. 13. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 4. p. 21-24.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Homosexualidade

Cartas de confrades espíritas enviadas à revista eletrônica “O Consolador” evidenciaram certa desinformação quanto à questão da homoafetividade.

O tema não pode ser abordado de forma apaixonada, pois dessa forma interpomos entre nós e o tema óculos construídos por tradições pouco saudáveis e pelo espírito de uma época.

Os últimos estudos verificados por neurocientistas e sociólogos sérios e competentes têm mostrado, ao contrário do que acreditávamos, que a condição de homossexualidade “Não depende em nada da Educação”.
  
A Educação tem importância notável na forma como o homossexual vai conduzir sua libido (e isso se presta também para o heterossexual), mas não interfere na condição em si mesma, pois a homossexualidade é um “Determinismo Biológico”, portanto, inata.

Homossexuais nascem assim e nada os fará mudar de polaridade sexual, tal qual os canhotos nascem canhotos e os destros nascem destros.

Não se trata de “sem-vergonhice”, ou “desvio moral”, nem tão pouco “opção de vida”, que pode, ou não, ser induzida por quem quer que seja, como querem crer teólogos e psicólogos vinculados a religiões tradicionais, principalmente evangélicas.

5 a 10% das pessoas, sejam do gênero masculino ou feminino, possuem no hipotálamo anterior (possivelmente no núcleo intersticial do hipotálamo anterior 3) neurônios numa configuração diversa das outras 90%, que as colocam numa condição biológica de atração sexual por pessoas do mesmo sexo. Vejamos os dados que comprovam isso:

No campo da Zoologia: a homossexualidade não é exclusiva dos humanos. O biólogo americano Bruce Bagemihl lançou na década passada (nos EUA) o livro “Exuberância Biológica Homossexualidade Animal e Diversidade Natural”.

Ele analisou 450 espécies de animais, na maioria mamíferos e aves, todos apresentando em menor ou maior grau a orientação homossexual.

Este trabalho originou uma idéia nova na Zoologia, de que, apesar de não gerar descendentes, a homossexualidade faz parte do dia-a-dia de uma quantidade enorme de espécies.Entre os carneiros machos, 10% deles são atraídos sexualmente para carneiros machos.

No campo da Neurociência: a homossexualidade possui uma origem biológica e uma expressão anatômica no cérebro. A Neurociência estuda o cérebro. A pesquisa científica recente (1991) de maior repercussão sobre homossexualidade e neurociência foi de Simon Le Vay, do Instituto Salk da Califórnia - EUA.

O Dr. Le Vay é um neuroanatomista de grande reputação científica em sistemas visuais. Dois dos seus mestres - Torsten Wiesel e David Hibel - ganharam o Prêmio Nobel e foram pioneiros nesta área. Le Vay dedicava-se a uma questão específica: como o cérebro processa informação visual.

Depois de muito estudar esta questão, ele começou o seu trabalho com a hipótese lógica de que "um provável substrato biológico da orientação sexual está na região do cérebro envolvida na regulagem do comportamento sexual". Le Vay supôs que uma parte do cérebro, que regula o impulso sexual, pode ser anatomicamente diferente de acordo com as orientações homo e heterossexuais.

Ele comprovou a hipótese de que o “NIHA-3” é grande em homens hetero e mulheres homo (indivíduos com a orientação sexual para ter relações com mulheres) e pequeno em mulheres hetero e homens homo (indivíduos com a orientação sexual para ter relações com homens).

NIHA-3 significa “Núcleo Intersticial do Hipotálamo Anterior” e é denominado 3 porque existem também “NIHA 1,2 e 4”. São estruturas do hipotálamo que regulam fome, sede, funções sexuais, temperatura e certos hormônios. Ele pesquisou tecido cerebral de 41 indivíduos. Entre eles havia 19 homens comprovadamente gays (morreram de AIDS); 16 homens e 6 mulheres heterossexuais.

A conclusão do Dr. Le Vay foi que “O NIHA-3 exibiu dimorfismo.O volume desse núcleo era mais do que o dobro nos homens heterossexuais comparados aos dos homens homossexuais. 

Há uma diferença similar entre homens heterossexuais e as mulheres heterossexuais”. A descoberta de que um núcleo difere em tamanho entre homens heterossexuais e homossexuais ilustra que a orientação sexual nos humanos é receptível ao estudo em nível biológico.

No campo da Sociologia: a homossexualidade possui características culturalmente invariáveis que permanecem estáveis através da geografia, da classe social e do tempo.

O sociólogo Frederick L. Whitam, da Universidade do Arizona comparou experiências infantis de 375 homens homossexuais na Guatemala, no Brasil, nas Filipinas, na Tailândia, no Peru e nos Estados Unidos.

 Esta pesquisa originou o trabalho:Características Culturalmente Invariáveis da homossexualidade Masculina. Whitam indica seis aspectos da homossexualidade presentes em culturas diversas:

1. A homossexualidade como modalidade de orientação sexual
é universal, surgindo em todas as sociedades;

2. A porcentagem de homossexuais em todas as sociedades parece ser a mesma e permanece estável, independentemente do tempo. Em todo mundo, a população homossexual parece compreender não mais que 5% do total da população;

3. As normas sociais nem impedem nem facilitam o surgimento da orientação sexual.
 Os homossexuais estão presentes com a mesma freqüência nas sociedades que os reprimem quanto nas que são permissivas. A repressão apenas reduz o manifestar-se de uma orientação sexual, não a sua existência;

4. Subculturas homossexuais surgem em todas as sociedades, desde que haja suficientes conjuntos de pessoas.

5. Mesmo em diferentes sociedades, os homossexuais  se parecem em relação a certos interesses comportamentais e escolhas ocupacionais;

6. Todas as sociedades produzem conjuntos similares de homossexuais assumidos, masculinos e femininos.

Whitam concluiu que a indicação desses seis aspectos está acima do poder de controle de qualquer sociedade, levando-nos a considerar fortemente a etiologia (origem) biológica da orientação sexual.

Sabe-se, ainda, que gêmeos idênticos apresentam uma possibilidade acima da média de compartilharem a mesma orientação sexual (superior a 50%, enquanto nos pares aleatórios de indivíduos a média está abaixo de 8%); a orientação sexual dos recém-nascidos adotados tem pouca relação com a dos seus pais adotivos; mais de 90% dos recém-nascidos adotadas por casais gays são heterossexuais.

Concluímos com o pensamento de Emmanuel, extraído do livro “Vida e Sexo”, capitulo 21: “Observadas as tendências homossexuais dos companheiros reencarnados nessa faixa de prova ou experiência, é forçoso se lhes dê o amparo educativo adequado, tanto quanto se administra instrução à maioria heterossexual, porquanto, à frente da vida eterna, os erros e acertos dos irmãos de qualquer procedência, nos domínios do sexo e do amor, são analisados pelo mesmo elevado gabarito de Justiça e Misericórdia”.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Os opostos se repelem

No Mundo Espiritual os opostos se repelem
Ramatis – Missão de Luz

Com efeito! No mundo espiritual os seres cuja afinidade não existe, se repelem e andam em lados opostos. 

Façamos uma análise comprovando esta verdade. Por exemplo, a sociedade terrícola vive em grupos que se formam por afinidade cultural, ideológica, religiosa, política entre outras.

Nascer num mesmo país não significa que iremos conhecer todos estes grupos ou criarmos afinidades com todas as pessoas, entretanto, vamos nos integrando às várias culturas e aproximando-nos daqueles cujo modo de ser nos chama atenção.

Há uma curiosidade natural quanto ao modo de ser e de agir de outras pessoas, quando este difere do nosso e sob nossa ótica, passa a ser interessante, porém, existem as diferenças e elas muitas vezes são causas de grandes polêmicas.

Grosso modo, um ateu não se dá com um homem de fé, da mesma forma como o herético não se dá com o religioso. Do "lado de lá” é da mesma forma, os opostos se repelem, pois o magnetismo influi e muito, principalmente nas dimensões sutis que nos permeiam afetando-nos sobremaneira.

Espíritos zelosos, trabalhadores, equilibrados e caridosos se aproximam de outros iguais, há aí afinidade tanto de idéias quanto de ordem psíquica, já que a mente determina o estado de pureza da alma, identificando-a através do magnetismo próprio do ser equilibrado.

Vagabundos do astral inferior não se unem aos que estão comprometidos com o estudo sério e com a disciplina, mas sim com os que preferem permanecer estacionados no erro, por preguiça que também é filha da ignorância.

Os seres maus e extremamente inteligentes que têm plena consciência de sua situação, mas não desejam retificar-se, aqueles mesmos que são contrários as idéias de Jesus, mantém-se distantes da pureza áurea dos anjos. Esta distância é medida tanto em planos ou dimensões quanto em grau de evolução.

Não caminham juntos, mas o anjo em sua plenitude de sentimentos crísticos, trabalha em favor dos que ignoram as Leis oriundas de Deus, para que os mesmos possam se libertar das peias que os mantém nas trevas.

Os que estão presos aos prazeres aviltantes, empedernidos no erro e cegos pelo ódio, atraem para si mais sofredores, afastando igualmente a oportunidade de socorro, e aproximando cada vez mais espíritos iguais.

Médiuns egoístas, indisciplinados e materialistas acabam por negligência, afastando (repelindo) de si, os bons mentores e guias que infelizmente os “deixam” por causa destas más ações, o caminho fica livre para os aproveitadores fanáticos do astral, que “se chegam” por simpatia e familiaridade de idéias e de vibração.

No mundo espiritual os iguais se atraem e os opostos se repelem, portanto fica aí uma dica para os que não sabem se estão no caminho certo ou não, os que têm dúvidas sobre quem os acompanha e os dirige a mente (por sugestão).

Se as criaturas portam-se de forma egoísta, maliciosa, visando somente o benefício próprio, estão ligadas e familiarizadas com seres iguais, vivos ou mortos na carne, ou seja, vibram para eles e recebem igualmente deles a mesma vibração, que neste caso é inferior. 

Os maus, impiedosos, violentos, cúpidos, lascivos, viciados e materialistas, afastaram-se dos seres evoluídos espiritualmente, trilham caminhos opostos.

“Semelhante atrai semelhante”, por isso é tão importante olharmos para nós mesmos a fim de fazermos uma investigação pormenorizada, sobre quem somos, assim passaremos a saber quem nos acompanha e quem são os que nos inspiram e nos intuem do mundo imaterial.

O espiritismo de Kardec nos dias de hoje

sábado, 24 de março de 2012

Morte Prematura

Quando a morte vem ceifar em vossas famílias, levando sem consideração os jovens em lugar dos velhos, dizeis freqüentemente:

“Deus não é justo, pois sacrifica o que está forte e com o futuro pela frente, para conservar os que já viveram longos anos,carregados de decepções; leva os que são úteis, e deixa os que não servem para nada mais; fere um coração de mãe, privando-o da inocente criatura que era toda a sua alegria.”

Criaturas humanas, é nisto que tendes necessidade de vos elevar, para compreender que o bem está muitas vezes onde pensais ver a cega fatalidade. 

Por que medir a Justiça Divina pela medida da vossa? Podeis pensar que o Senhor dos Mundos queira, por um simples capricho, infligir-vos penas cruéis?

Nada se faz sem finalidade inteligente, e tudo o que acontece tem sua razão de ser. 

Se perscrutásseis melhor todas as dores que vos atingem, sempre encontraríeis nelas a razão divina, razão regeneradora, e vossos miseráveis interesses representariam uma consideração secundária, que relegaríeis ao último plano.

Acreditai no que vos digo: a morte é preferível, mesmo numa encarnação de vinte anos, a esses desregramentos vergonhosos que desolam as famílias respeitáveis, fere um coração de mãe, e fazem branquear antes do tempo os cabelos dos pais.

A morte prematura é quase sempre um grande benefício, que Deus concede ao que vai, sendo assim preservado das misérias da vida, ou das seduções que poderiam arrastá-lo à perdição.

Aquele que morre na flor da idade não é uma vítima da fatalidade, pois Deus julga que não lhe será útil permanecer maior tempo na Terra.

É terrível desgraça, dizeis, que uma vida tão cheia de esperanças seja cortada tão cedo! Mas de que esperanças quereis falar? Das esperanças da Terra onde aquele que se foi poderia brilhar, fazer sua carreira e sua fortuna? Sempre essa visão estreita, que não consegue elevar-se acima da matéria! Sabeis qual teria sido a sorte dessa vida tão cheia de esperanças, segundo entendeis?

Quem vos diz que ela não poderia estar carregada de amarguras? Considerais como nada as esperanças da vida futura, preferindo as da vida efêmera que arrastais pela Terra?Pensais, então, que mais vale um lugar entre os homens que entre os Espíritos bem-aventurados?

Regozijai-vos em vez de chorar, quando apraz a Deus retirar um de seus filhos deste vale de misérias. Não é egoísmo desejar que ele fique, para sofrer convosco? Ah! Essa dor se concebe entre os que não têm fé, e que vêem na morte a separação eterna.Mas vós, espíritas, sabeis que a alma vive melhor quando livre de seu invólucro corporal.

Mães, sabeis que vossos filhos, bem-amados estão perto de vós; sim, eles estão bem perto; seus corpos fluídicos vos envolvem, seus pensamentos vos protegem, vossa lembrança os inebria de contentamento; mas também as vossas dores sem razão os afligem, porque revelam uma falta de fé e constituem uma revolta contra a vontade de Deus.

Vós que compreendeis a vida espiritual, escutai as pulsações de vosso coração, chamando esses entes queridos. E se pedirdes a Deus para os abençoar, sentireis em vós mesmas a consolação poderosa que faz secarem as lágrimas, e essas aspirações sedutoras, que vos mostram o futuro prometido pelo Soberano Senhor

quinta-feira, 22 de março de 2012

Mãos invisíveis

Em muitos momentos na vida,alguém segurou na nossa mão.

Indicou o caminho, deu segurança, mostrou a direção.

Um dia, entre passos incertos e vacilos, pegamos nosso rumo, queremos a liberdade, e entre erros e acertos, descobrimos a responsabilidade.

Quantas vezes quebramos a cara?

Quantos erros ainda vamos cometer?

Talvez mais alguns milhares, mas e daí?

O que você aprendeu com os passos errados?

O que você leva na sua bagagem da vida?

Tenha tempo para refletir, pensar em você,nas causas e consequências das suas atitudes.

A partir dai, sinta-se guiado pela sua intuição.

De tudo, resta uma lição,e por mais que você reclame, por mais que sofra, sempre tem algo de bom na solidão.

Aprenda de uma vez por todas, que mesmo isolado e perdido, sempre haverá uma mão a te sustentar, fios invisíveis aos olhos, mas nítidos para a alma.

Onde você estiver, segure nessa mão de luz, segure na mão de Jesus!

quarta-feira, 21 de março de 2012

Aos enfraquecidos da luta

Almas enfraquecidas, que tendes, muitas vezes, sentido sobre a fronte o sopro frio da adversidade, que tendes vertido muitos prantos nas jornadas difíceis em estradas de sofrimentos rudes, buscai na fé, os vossos imperecíveis tesouros.

Bem sei a intensidade da vossa angústia e sei de vossa resistência ao desespero. Ânimo e coragem! No fim de todas as dores, abre-se uma aurora de ventura imortal; dos amargores experimentados, das lições recebidas, dos ensinamentos conquistados à custa de insano esforço e de penoso labor, tece a alma sua auréola de eternidade gloriosa; eis que os túmulos se quebram e da paz cheia de cinzas e sombras, dos jazigos, emergem as vazes comovedoras dos mortos. 

Escutai-as!... elas vos dizem da felicidade do dever cumprido, dos tormentos da consciência nos desvios das obrigações necessárias.

Orai, trabalhai e esperai. Palmilhai todos os caminhos da prova com destemor e serenidade.

 As lágrimas que dilaceram, as mágoas que pungem, as desilusões que fustigam o coração, constituem elementos atenuantes da vossa imperfeição, no tribunal augusto, onde pontifica o mais justo, magnânimo e integro dos juízes.

 Sofrei e confiai, que o silêncio da morte é o ingresso para uma outra vida, onde todas as ações estão contadas e gravadas as menores expressões dos nossos pensamentos.

Amai muito, embora com amargos sacrifícios, porque o amor é a única moeda que assegura a paz e a felicidade no Universo.

Emmanuel

segunda-feira, 19 de março de 2012

Yvone do Amaral Pereira


Véspera de Natal de 1900, seis horas da manhã, na pequena vila de Santa Tereza de Valença, hoje rio das Flores, Estado do Rio de Janeiro, renasce em lar espírita Yvonne do Amaral Pereira, primogênita do casal Manoel José Pereira Filho e Elizabeth do Amaral Pereira. 

Teve cinco irmãos, além de outro mais velho, filho do primeiro casamento de sua mãe.

Seu pai, pequeno comerciante, homem generoso de coração e desprendido dos bens materiais, faliu por três vezes por favorecer a clientela em prejuízo próprio.

Tornou-se, pouco depois, funcionário público, de cujos parcos proventos viveu até sua desencarnação, em 1935.

Yvonne viveu em lar pobre e modesto. Aprendeu com os pais a servir os mais necessitados, pois em sua casa eram acolhidos com carinho pobres criaturas sem recursos, inclusive mendigos.

Contam seus biógrafos que, com 29 dias de nascida, depois de um acesso de tosse, sobreveio uma sufocação que a deixou como morta, em estado de catalepsia.
Durante 6 horas permaneceu nesse estado.

O médico e o farmacêutico atestaram a morte por sufocação. 
O velório foi preparado. A suposta defunta foi vestida com grinalda e vestido branco e azul, e o caixão encomendado.

 A mãe, que não acreditava que a filha estivesse morta, retirou-se para um aposento, onde orou fervorosamente a Maria de Nazaré, pedindo que a situação fosse definida. 

Instantes depois, a criança acordou em prantos.
Sua infância foi povoada de fenômenos espíritas, muitos deles narrados no livro Recordações da Mediunidade. 

Aos 4 anos já se comunicava com os Espíritos, que considerava pessoas normais, encarnadas. Duas entidades lhe eram particularmente caras. O espírito Charles, que fora seu pai carnal e a quem considerava como tal, devido a lembranças vivas de uma encarnação passada. Foi seu orientador durante toda a sua a vida, inclusive nas atividades mediúnicas.

O espírito Roberto de Canalejas, que fora médico espanhol em meados do século XlX, era a outra entidade pela qual nutria um profundo afeto e com a qual tinha ligações espirituais de longa data. 

Mais tarde, na vida adulta, manteria contatos mediúnicos regulares com outras entidades evoluídas, como o Dr.Bezerra de Menezes, Camilo Castelo Branco e Frédéric Chopin.

Aos 8 anos repetiu-se o fenômeno de catalepsia, associado a desprendimento parcial.

 Aconteceu à noite e a visão que teve marcou-a pelo resto da vida. 

Em espírito, foi parar ante uma imagem do “Senhor dos Passos”, na igreja que freqüentava. Pedia socorro, pois sofria muito. A imagem, então, cobrando vida, dirigiu-lhe as seguintes palavras : “Vem comigo, minha filha, será o único recurso que terás para suportar os sofrimentos que te esperam”. Aceitou a mão que lhe era estendida, subiu os degraus e não se lembra de mais nada.

De fato, Yvonne Pereira, foi uma criança infeliz. Vivia acossada por uma imensa saudade do ambiente familiar que tivera na sua última encarnação na Espanha e que lembrava com extraordinária clareza. 

Considerava seus familiares, principalmente seus pais e irmãos, como estranhos . Para ela, o pai verdadeiro era o espírito Charles e a casa, a da Espanha. 

Esses sentimentos desencontrados e o afloramento das dificuldades mediúnicas faziam com que tivesse comportamento considerando anormal por seus familiares. 

Por esse motivo, até os dez anos, passou a maior parte do tempo na casa da avó paterna.

Em ambientação reencarnatória propícia, teve aos 8 anos o primeiro contato com um livro espírita. Aos 12, o pai deu-lhe de presente “O evangelho segundo o Espiritismo” e O livro dos Espíritos, que a acompanharam pelo resto da vida, sendo a sua leitura repetida um bálsamo nas horas difíceis. 

Aos 13 anos começou a frequentar as sessões práticas de Espiritismo, que muito a encantavam, pois via os espíritos comunicantes. 

Teve como instrução escolar apenas o curso primário. Não pôde, por motivos econômicos , fazer outros cursos, o que representou uma grande provação para ela, pois amava o estudo e a boa leitura, tanto que, aos 16 anos, já tinha lido obras de grandes autores como Goethe, Bernardo Guimarães , José de Alencar, Alexandre Herculano e Arthur Conan Doyle. 

Desde cedo teve de trabalhar para o seu próprio sustento.
O fenômeno de catalepsia foi comum na sua vida a partir dos 16 anos. 

A maior parte das reportagens de além-túmulo, dos romances, das crônicas e contos relatados por Yvonne Pereira foram coletados no mundo espiritual através deste processo. 

A sua mediunidade, porém , foi diversificada. Foi médium psicografa e receitista, assistida por entidades de grande elevação, como Bezerra de Menezes, Charles, Roberto de Canalejas e Bittencourt Sampaio.

Possuía mediunidade de efeitos físicos, chegando a realizar algumas sessões de materialização, mas nunca sentiu atração por esta modalidade mediúnica.

 Os trabalhos que mais gostava de fazer, no campo da mediunidade, eram os de desdobramento, incorporação e receituário homeopático. 

Nessa última atividade trabalhou em diversos centros espíritas de várias cidades em que morou durante seus 54 anos de labor mediúnico.

Como médium psicofônica , pôde entrar em contato com obsessores, obsidiados e suicidas, aos quais devotava um carinho especial sendo que muitos deles tornaram-se espíritos amigos. 

Costumava ler nos periódicos e jornais nomes de suicidas e orava por eles constantemente, catalogando-os num livro de preces criado por ela. 

Era o que fazia como forma de reparação ao seu suicídio pretérito por afogamento. Passado algum tempo, muitos deles vinham agradecer-lhe as orações e davam-lhe fortes abraços passeando com ela de braços dados pelo casarão em que morava, sem que ela, confusa, soubesse distinguir se o visitante era encarnado ou desencarnado...

Pelo desdobramento noturno Yvonne Pereira visitava o mundo espiritual, amparada por seus orientadores, coletando as crônicas, contos e romances com os quais hoje nos deleitamos.

Deixou 20 obras de sua lavra mediúnica, entre as quais Memórias de um Suicida, considerada por Chico Xavier a que melhor retrata a profundeza do Umbral. 

Este livro, ditado pelo espírito Camilo Castelo Branco, que usou o pseudônimo de Camilo Cândido Botelho, foi recebido em 1926, mas editado somente 30 anos depois, em 1956, pela FEB.

São também de sua autoria os seguintes livros: Nas telas do Infinito, Amor e Ódio, Nas voragens do Pecado, O Drama da Bretanha, Cavaleiro de Numiers, Ressurreição e Vida, Sublimação, Dramas da Obsessão, Devassando o Invisível, Recordações da Mediunidade, tendo como autores espirituais Bezerra de Menezes, Charles, Leão Tolstoi e Roberto de Canalejas.

Embora conhecesse bem a arte poética, jamais psicografou qualquer poema.

Deixou uma série de 10 livros destinados ao público infanto-juvenil, recebidos por intuição e supervisionados por Bezerra de Menezes e Leon Denis, livros que ainda não vieram a lume.

Diz Yvonne, em entrevista a Jorge Rizzini em 1972: “a formação do meu caráter foi feita pelo Dr.Bezerra”. Segui sempre os conselhos dele. Mas houve outros espíritos que me guiaram, como Bittencourt Sampaio e Eurípedes Barsanulfo, com quem trabalhei muito, principalmente em curas de paralíticos.

“A maior parte de sua atividade Mediúnica foi exercida em Lavras-MG e outras cidades de Minas Gerais”.

Foi esperantista convicta e trabalhou arduamente na sua propaganda e difusão, através de correspondência que mantinha com outros esperantista, tanto no Brasil quanto no exterior.

Yvonne Pereira serviu como médium de 1926 a 1980, quando um acidente vascular cerebral impossibilitou-a para a atividade mediúnica.

Sempre humilde, terna e vivaz, morava num casarão em Piedade, subúrbio do Rio de Janeiro, em companhia de sua irmão casada , Amália Pereira Lourenço, também espírita.

Na noite de 09 de março de 1984, vitimada por trombose, desencarnou durante uma cirurgia a que se submetera no Hospital da Lagoa, no Rio de Janeiro. 

Seu corpo foi sepultado no cemitério de Inhaúna. Tinha 83 anos e mantivera-se solteira, cumprindo dignamente o mandato mediúnico exercido com amor e total devotamento ao semelhante.

sábado, 17 de março de 2012

Os heróis da era nova


Programada a vinda de Jesus-Cristo à Terra, as Coortes espirituais apresentaram-se espontaneamente para contribuir da melhor maneira possível em favor do messianato divino.

Na política, na arte, na filosofia, tomaram o corpo físico Espíritos nobres que deveriam desempenhar papel de relevância, a fim de que a doutrina do amor encontrasse ressonância na sociedade sedenta de alucinações e prazeres.

O Império Romano ainda se encontrava em plena glória, a grandeza das conquistas e o Fausto deslumbrante dominavam quase toda a Terra conhecida, demonstrando o poder da força das legiões e da habilidade do governo central.

As antes famosas cidades gregas, ora em declínio, contribuíam com filhos ilustres para a grandeza de Roma, na condição de pedagogos, médicos e servidores, embora ainda ostentassem as magníficas edificações do passado e sua cultura permanecesse esplendorosa, apesar da ausência dos grandes filósofos de outrora.

Éfeso erguia-se suntuosa, derramando-se próxima das águas azuis-turquesa do Egeu, em pleno Fausto da Jônia, na Anatólia, visitada pelos romanos ilustres e outros povos que vinham negociar habilmente e distrair-se nos seus banhos e teatros espetaculares…

Ali encontrava-se o famoso templo de Ártemis, a deusa da abundância – anteriormente Cibele e mais tarde Diana, a caçadora – uma das sete maravilhas do mundo antigo. As grandiosas colunas que o ornavam, produziam deslumbramento nos visitantes e podiam ser notadas desde o mar, a quase cinco quilômetros de distância….

Destruído e reconstruído várias vezes, incendiado por um louco, os seus escombros denotam, ainda hoje, a audácia e a beleza dos seus construtores, inclusive Praxíteles e Escopas, dois dos mais famosos do mundo que o enriqueceram com estátuas extraordinárias e perfeitas. A deusa era elaborada em mármore polido e ornada de ouro, apresentando as características da exuberância…

Por Éfeso passaram filósofos, que lá viveram e legaram à humanidade páginas de inconfundível beleza, quais foram Heráclito (de Éfeso) e Tales de Mileto…

Situada em um ponto importante, que liga o Oriente ao Ocidente, era um local de cruzamento entre Mileto e a Jônia.

A cidade, envolvente e tumultuada, nas terras de Esmirna, repousava desde então em verdejante vale cercado de montanhas altaneiras e protetoras, proporcionando-lhe temperaturas agradáveis, embora úmidas, nas diferentes épocas do ano.

Suas festividades em abril chegavam a atrair um milhão de pessoas, embora fosse habitada por umas duzentas e cinqüenta mil, que vinham das redondezas, assim como de distantes terras, quais Jerusalém e Atenas…



Foi embelezada por atenienses, espartanos, romanos e conquistadores diversos, entre os quais o rei Creso da Lídia, egípcios, persas, Alexandre Magno da Macedônia, vencida e ressuscitada por turcos, bizantinos, otomanos, havendo exercido, no seu esplendor, uma grande importância para o Cristianismo nascente, com quase dois mil anos desde quando fundada, antes que os jônios a dominassem no século XI a.C.

Durante o cruel reinado de Cláudio, que expulsou os judeus de Roma, Paulo, que se encontrava em Atenas, desceu na direção de Jerusalém, passando por Corinto, onde se fez acompanhar pelos amigos queridos Áquila e Prisca, visitando outras cidades e chegando a Éfeso, ali apresentando a sua primeira exposição sobre Jesus, na sinagoga local.

Depois, embora solicitado para que ficasse por mais tempo, prometeu retornar, dali seguindo a Cesaréia, de onde rumou a Jerusalém…

Nesse ínterim, um erudito judeu chamado Apolo, natural de Alexandria, trouxe o verbo inflamado a Éfeso iluminando as consciências que se lhe acercavam, dando-lhes conhecimento da mensagem de Jesus.

A cidade-capital foi beneficiada pelo apostolado de Paulo, que ali viveu por vários anos e, posteriormente, por João, que iniciou, nas suas terras, a escrita das suas memórias, que passou à posteridade como o seu Evangelho, tendo erguido sua residência num dos montes periféricos da cidade, onde, mais tarde, passou a residir, até a sua desencarnação, a Mãe Santíssima da Humanidade.

A casinha de pedras foi erguida nos arredores da cidade, em uma encosta, a 350 metros acima do nível do mar entre oliveiras e verdejante relva, mas de onde se podia vê-lo…

Os enfrentamentos entre os pensadores gregos, efésios e outros, aferrados aos deuses ancestrais do seu panteão, e os ministros do Evangelho nascente fizeram-se formosos dialeticamente e agressivos emocionalmente.

Ao mesmo tempo, o farisaísmo, que predominava nas sinagogas erguidas em toda parte onde viviam os judeus, sempre se levantava com ferocidade para combater Jesus e naturalmente aqueles que se Lhe fizeram mensageiros, conduzindo ao cárcere, muitas vezes, esses notáveis Espíritos que jamais desfaleciam nas refregas ou temiam qualquer tipo de hostilidade.

Paulo de Tarso, que ali esteve por diversas vezes, demonstrou com eloqüência incomum a grandeza da palavra do Crucificado nazareno sensibilizando os ouvintes que se multiplicavam, dando início à construção das primeiras células de discípulos cristãos, conforme os denominara Lucas...

Numa dessas ocasiões, no auge do entusiasmo, o apóstolo dos gentios declarou que Jesus se encontrava acima de todos os deuses, naturalmente incluindo Ártemis, que era fonte de renda para a cidade e para artesãos, funcionários, sacerdotes e exploradores em geral…

Um joalheiro famoso de nome Demétrio, que produzia miniaturas de prata da deusa, tomando conhecimento de que os deuses fabricados pelos humanos não eram sagrados, conforme Paulo proclamara, receou que a deusa perdesse o prestígio e, por conseqüência, ele e os demais artesãos ficassem seriamente prejudicados, deu início a um movimento que atraiu tanta gente ao grande Teatro, gritando Ártemis de Éfeso é grande, recitando orações e homenagens, que o ato redundou num pleito, quando as autoridades, por fim, convidaram o apóstolo a abandonar a cidade…

Logo depois, João deu início ali ao seu ministério de amor, atraindo verdadeiras multidões que o ouviam fascinadas.

Ele e Paulo tornaram-se os ministros do reino de Deus, enfrentando as vãs filosofias e apresentando a incomparável mensagem do amor do Mestre, atitudes essas que os levaram ao testemunho por diversas vezes, sem os abater ou os atemorizar.

A coragem desses heróis da Era Nova constitui um dos grandes e fascinantes estímulos para todos quantos desejam servir ao Bem, porquanto nada havia que os intimidasse ou lhes diminuísse o entusiasmo no trabalho a que se entregavam.

Humilhações, suplícios, cárcere e morte não lhes constituíam impedimento à divulgação da Verdade, tão impregnados se encontravam da certeza da imortalidade do Espírito, que as suas vidas ainda hoje constituem modelos de abnegação e de sacrifício comovedores.

Foram eles e muitos outros que se olvidaram de si mesmos para permitirem que Jesus prosseguisse arrebanhando as multidões, que a Mensagem de Luz chegou aos dias modernos, embora as alterações que sofreu, conservando, no entanto, a sua pulcritude nos conteúdos insuperáveis do amor, da compaixão, da humildade, do perdão, da caridade e da sobrevivência espiritual, ainda conduzindo milhões de vidas na direção do Mestre Insuperado.

Nenhuma edificação do Bem alcança a sua gloriosa destinação dispensando os heróis da abnegação e da renúncia. Incompreendidos, no início, suportam as dificuldades mais sérias confiantes no resultado dos esforços, vencendo as intempéries de todo tipo e os enfrentamentos mais covardes e rudes, traiçoeiros e ignóbeis, firmes na decisão, até o momento em que o triunfo do ideal os aureola com o martírio demorado…

O Cristianismo é a saga de homens e mulheres admiráveis que, fascinados por Jesus, tudo abandonaram para melhor O servirem, vencendo distâncias imensas sob o Sol inclemente e as chuvas torrenciais, dominados pela presença d’Aquele que nunca os abandonou, conforme lhes houvera prometido.

Sucederam-se os séculos, e, periodicamente, eles retornaram às grandes Éfesos terrestres, sacudindo a comodidade e revolucionando as idéias, firmes no convite à transformação moral e ao amor em plenitude, pagando o alto preço da audácia da fé que não se mancomuna com os interesses sórdidos dos comensais da ilusão.

Com o advento do Espiritismo, trazendo Jesus e Sua mensagem de volta, os desafios fizeram-se inadiáveis e, desde os dias de Allan Kardec, Espíritos portadores de grande vigor moral tomaram a indumentária carnal para levarem a Nova Revelação à humanidade distraída e desinteressada do reino de Deus…

Pagando altos preços de incompreensões e calúnias perversas, de competições desastrosas e perseguições doentias, ei-los seguindo altaneiros com os sentimentos colocados no Mestre de amor, superando-se a si mesmos e pondo marcos definidores dos tempos, a fim de que aqueles que virão depois deles dêem prosseguimento ao programa de libertação e de felicidade.

Eles sabem que são os desbravadores, os audazes desmatadores da ignorância e que o seu ministério é o de quebrar os tabus, vencer as hostilidades, suportar o peso das injunções penosas, facilitando a tarefa dos porvindouros apóstolos do Bem.

Incansáveis, prosseguem, anônimos uns, conhecidos outros, todos porém unidos na Causa comum da Doutrina Espírita, de forma a torná-la conhecida pelas suas palavras lúcidas e sábias, respeitada pelos seus atos desataviados e transparentes, pela sua coragem de não revidar o mal com outro mal, uma com outra calúnia, não se permitindo transformar em inimigo de outrem, mesmo que esse lhe seja inimigo, felizes e certos da vitória final.

Esses heróis que se consomem, na condição de combustível do lume que derrama claridade por onde passam, encontram-se sob o amparo do seu Senhor, conforme Paulo, João evangelista, Barnabé, Pedro, Tiago… e todos os pioneiros da nascente doutrina de Jesus que modificou a história da sociedade, preparando o campo de lutas para este momento de ciência, de tecnologia, de conhecimentos filosóficos e éticos, de arte e beleza, de telecomunicações e convivência virtual, quando o Espiritismo implantará na Terra, com os seus paradigmas grandiosos, a sociedade feliz e livre da ignorância para sempre.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Medo da morte



Não devemos temer a morte; devemos temer, antes, uma má vida, que é pior que a morte.

A morte não é a da matéria, porque o que se dá nesse caso não é uma morte no sentido de fim; mas uma transformação.

 A nossa matéria ressurge então sob nova forma, assim como o grão que, aparentemente morto quando enterrado na cova, ressurge para o bem do próprio homem.

A verdadeira morte é a morte moral, essa que mata o conceito e liquida a credibilidade do homem; que traz o remorso que aniquila a consciência; que faz com que o homem se envergonhe de se olhar num espelho.

Teme mais a morte do corpo aquele que já se acha moralmente morto; o que se envergonha do presente e teme o futuro, porque tem contra si o libelo dos próprios atos, da conduta reprovável.

Quer dizer, o que leva o homem a temer a morte, a apavorar-se diante da idéia de morrer, não é simplesmente o instinto de conservação, nem a ignorância em relação à vida. É acima de tudo a consciência culpada.

Os mártires caminhavam para morte sem medo, transbordantes de esperanças, cantando até, tal como ocorreu com os primeiros cristãos levados às feras nos circos e às fogueiras da Inquisição.

Já os grandes tiranos, os grandes culpados sempre fugiram e ainda fogem hoje da morte. A ameaça da morte os atormenta em todos os tempos. Consta que a toda poderosa Elizabeth da Inglaterra, que mandara decapitar a prima Maria Stuart, da Áustria, oferecia no leito de morte todo o seu reino por mais um minuto de vida. 

Nuremberg até hoje procura os exterminadores de judeus, os responsáveis pelos grandes holocaustos e genocídios, que escreveram com sangue as páginas de horror da história da humanidade. Estes já estão moralmente mortos, punidos pelo tribunal da própria consciência culpada.

A morte é diferente, porém, nas expectativas do homem de consciência limpa. O mártir Sebastião não a temeu. E, mesmo tendo que a enfrentar, mais cedo ou mais tarde, quer na quitação dos débitos, quer nas imposições do testemunho de sua fé e do ideal superior, ele saberá repetir com toda a força da alma o desafio que Paulo lançou para sempre, através do capítulo 8,55 da sua primeira epístola aos Coríntios: “Ò morte, onde está a tua vitória? Onde está o teu agulhão?”