quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Deve-se publicar tudo o que dizem os Espíritos?

Esta questão nos foi dirigida por um de nossos correspondentes e a ela respondemos por meio de outra pergunta:

 Seria bom publicar tudo quanto dizem e pensam os homens?  

Quem quer que possua uma noção do Espiritismo, por mais superficial que seja, sabe que o mundo invisível é composto de todos os que deixaram na Terra o envoltório visível. 

Entretanto, pelo fato de se haverem despojado do homem carnal, nem por isso os Espíritos se revestiram da túnica dos anjos.

 Encontramo-los de todos os graus de conhecimento e de ignorância, de moralidade e de imoralidade; eis o que não devemos perder de vista.

 Não esqueçamos que entre os Espíritos, assim como na Terra, há seres levianos, estouvados e zombeteiros; pseudo-sábios, vãos e orgulhosos, de um saber incompleto; hipócritas, malvados e, o que nos pareceria inexplicável, se de algum modo não conhecêssemos a fisiologia desse mundo, existem os sensuais, os ignóbeis e os devassos, que se arrastam na lama.

 Ao lado disto, tal como ocorre na Terra, temos seres bons, humanos, benevolentes, esclarecidos, de sublimes virtudes; como, porém, nosso mundo não se encontra nem na primeira, nem na última posição, embora mais vizinho da última que da primeira, resulta que o mundo dos Espíritos compreende seres mais avançados intelectual e moralmente que os nossos homens mais esclarecidos, e outros que ainda estão abaixo dos homens mais inferiores. 

 Desde que esses seres têm um meio patente de comunicar-se com os homens, de exprimir os pensamentos por sinais inteligíveis, suas comunicações devem ser o reflexo de seus sentimentos, de suas qualidades ou de seus vícios.

 Serão levianas, triviais, grosseiras, mesmo obscenas, sábias, sensatas e sublimes, conforme seu caráter e sua elevação. 

Revelam-se por sua própria linguagem; daí a necessidade de não se aceitar cegamente tudo quanto vem do mundo oculto, e submetê-lo a um controle severo.

 Com as comunicações de certos Espíritos, do mesmo modo que com os discursos de certos homens, poderíamos fazer uma coletânea muito pouco edificante. 

Temos sob os olhos uma pequena obra inglesa, publicada na América, que é a prova disto, e cuja leitura, podemos dizer, uma mãe não recomendaria à filha.

 Eis a razão por que não a recomendamos aos nossos leitores. 

Há pessoas que acham isso engraçado e divertido. Que se deliciem na intimidade, mas que o guardem para si mesmas. 

O que é ainda menos concebível é se vangloriarem de obter comunicações indecorosas; é sempre indício de simpatias que não podem ser motivo de vaidade, sobretudo quando essas comunicações são espontâneas e persistentes, como acontece a certas pessoas.

 Sem dúvida isto nada prejulga em relação à sua moralidade atual, porquanto encontramos criaturas atormentadas por esse gênero de obsessão, ao qual de modo algum se pode prestar o seu caráter. 

 Entretanto, este efeito deve ter uma causa, como todos os efeitos; se não a encontramos na existência presente, devemos buscá-la numa vida anterior.

 Se não estiver em nós, estará fora de nós, mas sempre nos achamos nessa situação por algum motivo, ainda que seja pela fraqueza de caráter.

 Conhecida a causa, depende de nós fazê-la cessar.

 Ao lado dessas comunicações francamente más, e que chocam qualquer ouvido delicado, outras há que são simplesmente triviais ou ridículas.

 Haverá inconvenientes em publicá-las?

 Se forem dadas pelo que valem, serão apenas impróprias; se o forem como estudo do gênero, com as devidas precauções, os comentários e os corretivos necessários, poderão mesmo ser instrutivas, naquilo que contribuírem para tornar conhecido o mundo espiritual em todos os seus aspectos. 

Com prudência e habilidade tudo pode ser dito; o mal é dar como sérias coisas que chocam o bom-senso, a razão e as conveniências. 

Neste caso, o perigo é maior do que se pensa. 

Em primeiro lugar, essas publicações têm o inconveniente de induzir em erro as pessoas que não estão em condições de aprofundá-las nem de discernir o verdadeiro do falso, especialmente numa questão tão nova como o Espiritismo. 

Em segundo lugar, são armas fornecidas aos adversários, que não perdem tempo em tirar desse fato argumentos contra a alta moralidade do ensino espírita; porque, insistimos, o mal está em considerar como sérias coisas que constituem notórios absurdos.

 Alguns mesmos podem ver uma profanação no papel ridículo que emprestamos a certas personagens justamente veneradas, e às quais atribuímos uma linguagem indigna delas.

 Aqueles que estudaram a fundo a ciência espírita sabem como se portar a esse respeito.

 Sabem que os Espíritos galhofeiros não têm o menor escrúpulo de se adornarem de nomes respeitáveis; mas sabem também que esses Espíritos não abusam senão daqueles que gostam de se deixar abusar, e que não sabem ou não querem desmascarar as suas astúcias pelos meios de controle que conhecemos.

 O público, que ignora isso, vê apenas um absurdo oferecido seriamente à sua admiração, o que faz com que diga: Se todos os espíritas são assim, merecem o epíteto com que foram agraciados. 

Sem sombra de dúvida, esse julgamento não pode ser levado em consideração; vós os acusais com justa razão de leviandade. 

Dizei a eles: Estudai o assunto e não examineis apenas uma face da moeda. Entretanto, há tantas pessoas que julgam a priori, sem se darem ao trabalho de virar a folha, sobretudo quando falta boa vontade, que é necessário evitar tudo quanto possa dar motivos a decisões precipitadas, porquanto, se à má vontade vier juntar-se a malevolência, o que é muito comum, ficarão encantadas de encontrar o que criticar. 

 Mais tarde, quando o Espiritismo estiver mais vulgarizado, mais conhecido e compreendido pelas massas essas publicações não terão maior influência do que hoje teria um livro que encerasse heresias científicas. 

Até lá, nunca seria demasiada a circunspeção, visto haver comunicações que podem prejudicar essencialmente a causa que querem defender, em intensidade superior aos ataques grosseiros e às injúrias de certos adversários; se algumas fossem feitas com tal objetivo, não alcançariam melhor êxito. 

O erro de certos autores é escrever sobre um assunto antes de tê-lo aprofundando suficientemente, dando lugar, desse modo, a uma crítica fundamentada.

 Queixam-se do julgamento temerário de seus antagonistas, sem se darem conta de que muitas vezes são eles mesmos que exibem uma falha na couraça.

 Aliás, malgrado todas as precauções, seria presunção julgarem-se ao abrigo de toda crítica: primeiro, porque é impossível contentar a todo o mundo; em segundo lugar, porque há pessoas que riem de tudo, mesmo das coisas mais sérias, uns por seu estado, outros por seu caráter.

 Riem muito da religião, de sorte que não é de admirar que riam dos Espíritos, que não conhecem.

 Se pelo menos suas brincadeiras fossem espirituosas, haveria compensação. Infelizmente, em geral não brilham nem pela finura, nem pelo bom gosto, nem pela urbanidade e muito menos pela lógica. 

Façamos, então, o que de melhor estiver ao nosso alcance. Pondo de nosso lado a razão e as conveniências, poremos de lado também os trocistas. 

 Essas considerações serão facilmente compreendidas por todos. 

Há, porém, uma não menos importante, que diz respeito à própria natureza das comunicações espíritas, e que não devemos omitir: Os Espíritos vão aonde acham simpatia e onde sabem que serão ouvidos. 

As comunicações grosseiras e inconvenientes, ou simplesmente falsas, absurdas e ridículas, não podem emanar senão de Espíritos inferiores: o simples bom-senso o indica. 

Esses Espíritos fazem o que fazem os homens que são ouvidos complacentemente: ligam-se àqueles que admiram as suas tolices e, freqüentemente, se apoderam deles e os dominam a ponto de os fascinar e subjugar. 

A importância que, pela publicidade, é concedida às suas comunicações, os atrai, excita e encoraja.

 O único e verdadeiro meio de os afastar é provar-lhes que não nos deixamos enganar, rejeitando impiedosamente, como apócrifo e suspeito, tudo que não for racional, tudo que desmentir a superioridade que se atribui ao Espírito que se manifesta e de cujo nome ele se reveste. 

Quando, então, vê que perde seu tempo, afasta-se. 

Acreditamos ter respondido suficientemente à pergunta do nosso correspondente sobre a conveniência e a oportunidade de certas publicações espíritas. 

Publicar sem exame, ou sem correção, tudo quanto vem dessa fonte seria, em nossa opinião, dar prova de pouco discernimento. Tal é, pelo menos, a nossa opinião pessoal, que submetemos à apreciação daqueles que, estando desinteressados pela questão, podem julgar com imparcialidade, pondo de lado qualquer consideração individual. 

Como todo mundo, temos o direito de externar a nossa maneira de pensar sobre a ciência que constitui o objeto de nossos estudos, e de tratá-la à nossa maneira, sem pretender impor nossas idéias a quem quer que seja, nem apresentá-las como leis. 

Os que partilham a nossa maneira de ver é porque crêem, como nós, estar com a verdade. O futuro mostrará quem está errado ou quem tem razão. 

 Allan Kardec 
 Revista Espírita Novembro 1859

Noções Espírita

O desvio natural das práticas espíritas, sendo uma consequência do atraso moral da humanidade contemporânea, deve merecer cuidados especiais de todos quantos, bem intencionados, se proponham realizar praticamente, a demonstração da sua eficácia regeneradora no seio da sociedade em que vivem.

 O arrastamento, a fascinação que sobre o nosso espírito exerce o mundo material, nos seus múltiplos aspectos, é incalculável e poderia contar-se por todos os nossos atos e pensamentos, em permuta constante com esse ambiente em que peiados somos, qual seixo à mercê da corrente. 

Uma vez, porém, que não podemos contrariar a corrente nem inverte-la, pois que tudo se justifica e se move na criação por desígnios superiores, procuremos ao menos encaminhar essa corrente no sentido de apressar o adventos das verdades, a nós tão graciosa quão imerecidamente confiadas.

 E esse movimento é tanto mais necessário quanto a própria transcendência filosófica da nossa doutrina produz benefícios negativos quando não procuramos servi-la com intuitos igualmente elevados, como decorrentes legítimos de um coração abnegado e de uma inteligência lúcida.

 Não queremos dizer com isso que só o homem culto esteja em condições de praticar o Espiritismo, o que seria rematado absurdo, aliás incompatível com o caráter eminentemente livre e popular da doutrina:

 - mas queremos tão somente afirmar que para compreender, aceitar e praticar principalmente o Espiritismo com proveito, é preciso possuir uma serena consciência, na qual se possa refletir como em cristalino espelho todos os bons sentimentos, desde a humildade contrastante com os códigos da época, até o altruísmo imoldável aos interesses individuais de cada dia, de cada hora, de cada instante. 

Tendo em vista os abusos que diariamente se cometem à sombra da doutrina espírita, explorados ao demais pelos inimigos interessados e gratuitos que nos espreitam, não é de estranhar a prevenção nem o ridículo com que ainda hoje, a despeito das brilhantes vitórias da nossa causa, somos acolhidos – quando o somos - e julgados por uma certa parte da sociedade.

 Poderíamos replicar a esses tais que assim nos julgam, que o Espiritismo, servido pelos homens é como tudo mais, partícipe de sua natureza, não podendo responder pela idoneidade dos seus intérpretes, preferimos, no entanto, registrar o fato como aviso salutar, redobrando esforços para vulgarizar ensinamentos que só podem ser de regeneração que não de perversão.

 E para que não se diga nem suponha que o Espiritismo só produz visionários e fanáticos, bom seria nos fossemos apresentando como quem somos, para que o mundo nos conhecesse como somos, isto é, racionais e humanos como qualquer mortal, pensando, vivendo e agindo na esfera das nossas atribuições e necessidades. 

A timidez injustificável de muitos dos nossos confrades tem concorrido para essa noção falsa do que sejam o Espiritismo e seus prosélitos:

 - há, entretanto, mais de uma razão militando contra esse precedente, cujos efeitos aí estão clamando reparação. 

Em primeiro lugar temos que, se os homens nos julgam mal pelo que de mal se pratica à sombra do nosso nome, há mostrar-lhes o que de bom e só de bom pode e deve produzir o Espiritismo.

 Em segundo lugar temos que sendo o Espiritismo uma revelação divina corroborada por fatos tão espontâneos quão inconcussos, não devemos os que os estudamos, bem intencionados e cônscios dos seus benefícios, ser avaros da sua propaganda, mas antes imitar os exemplos generosos dos missionários do espaço. 

Finalmente sendo o Espiritismo a síntese de tudo quanto de grandioso e bom pode conceber o homem, quer individual que coletivamente, e sendo mais, de fato, a doutrina do Amor e do Perdão a chave de ouro de todos os problemas que agitaram, agitam e hão de agitar a mente humana no roteiro da Verdade, nobreza só pode haver em afirma-lo à face dos homens, por atos e palavras. Mais por atos que por palavras. 

Manoel Quintão 
Reformador (FEB) pág. 250 ano 1906

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O poder da fé


O Evangelho Segundo o Espiritismo, no Cap. XIX, itens 1 a 5, nos fala sobre a cura de um menino lunático por Jesus; o pai da criança conta que os discípulos não foram capazes de curá-lo e Jesus os repreende e lhes explica que não foram capazes de curá-lo por causa da sua incredulidade e lhes mostra que se a sua fé fosse do tamanho de um grão de mostarda, não só seriam capazes de curar, mas também de dizer à montanha: Transporta-te daí para ali e ela se transportaria, e nada lhes seria impossível. 

O exemplo que Jesus usa – o grão de mostarda, que é o menor grão que existe, significa que não é necessária uma fé muito grande para transportar uma montanha. 

As montanhas de que Jesus fala aos discípulos são as dificuldades, as tribulações que todos nós suportamos, independentemente da nossa posição social.

 A fé de que Jesus nos fala é a capaz de vencer os obstáculos, as dificuldades; é a fé robusta, que nos dá a perseverança e a energia para seguir em frente em direção de nossos objetivos, sejam eles quais forem, não importa o tempo que levar. 

 Os exemplos dessa fé estão no Evangelho, nos diversos episódios das curas que Jesus fez: dos paralíticos, dos cegos, dos leprosos, da mulher que vertia sangue há mais de doze anos, da mulher encurvada, da sogra de Pedro; por isso, ao final das curas, Jesus dizia: a tua fé te curou. 

Com essas palavras, Jesus mostrava que a fé do doente atraía para si os fluidos benéficos que emanavam do Mestre, fazendo com que ficasse curado. 

Nessa época, os discípulos ainda não acreditavam em si mesmos, por isso não puderam curar o menino lunático. 

Após o Pentecoste eles entenderiam as palavras de Jesus, abraçariam a missão que os aguardava e que os faria seguir em frente, apesar de todas as dificuldades. 

O mesmo acontece conosco; muitas vezes duvidamos de nós mesmos e de que somos assistidos por Deus, porque a fé ainda não se consolidou dentro de nós. 

Para que a fé crie raízes é preciso muito trabalho; precisamos regar a semente da fé todos os dias, para que ela cresça forte, através da prática do bem e das leis de Amor preconizadas por Jesus.

 Quando temos fé, somos capazes de suportar os preconceitos, o egoísmo, as dificuldades; e o fanatismo, que leva à fé cega. 

Felizes aqueles que dizem eu tenho fé porque sei e não porque acredito no que me disseram ou no que me impuseram, pois a fé cega nos conduz ao fanatismo.

 A fé raciocinada é a única que nos torna capazes de resistir aos vícios que nos prejudicam, às paixões e às ilusões da vida material.

 Essas são as montanhas que barram o nosso caminho e que precisamos transpor para progredir e nos tornarmos pessoas melhores. 

Fé é sinônimo de confiança; ter fé é confiar em Deus, ter Esperança em dias melhores. 

A fé sincera nos dá a paciência necessária para suportar as dificuldades. 

 A calma é um sinal de força e de confiança, enquanto o desespero é uma prova de fraqueza e de dúvida em nós mesmos e em Deus. 

A fé e a humildade devem andar de mãos dadas; aquele que tem fé coloca-se nas mãos de Deus e espera pacientemente que tudo o que não depende dele se resolva.

 O poder da fé levou os grandes cientistas a descobertas importantes para a Humanidade, apesar da descrença de muitos.

 Graças a eles, nossos filhos podem ser imunizados de várias doenças, antes mortais ou incapacitantes.

 O poder da fé em Deus nos é dado todos os dias por pessoas iguais a nós. 

A confiança em Deus e em suas leis soberanas de amor e justiça nos torna calmos e seguros de que nada devemos temer e nos faz suportar, com paciência, todos os males que nos afligem. 

 Texto escrito com base no Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIX, itens 1 a 5.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Homossexualidade na visão espírita

Este tema está em alta da atualidade, em virtudes de decisões frequentes da justiça, seja acolhendo a união estável entre os homossexuais, seja concedendo a adoção para casais do mesmo sexo, bem como diante de condutas homofóbicas divulgadas na mídia onde os homossexuais sofrem agressões por sua opção sexual.

 No contexto espírita, deveremos analisar a questão sob a ótica do Evangelho, que nos recomenda a tolerância e “não julgar”.

 A reencarnação nos possibilita entender a ocorrência da homossexualidade e as questões emocionais e psicológicas e ela relacionadas. 

A homossexualidade tem como fator causal o espírito, que passa por um período de reajustamento. 

A causa mais comum diz respeito à chamada “inversão reencarnatória”, pq o espírito reencarna em corpos femininos e masculinos, afim de extrair o aprendizado inerente a cada tipo dessas experiências.

 Ao reencarnar como mulher, aprenderá o valor da renúncia, da sensibilidade, da maternidade, da docilidade... 

Ao vincular-se num corpo masculino, assimilará o valor da intrepidez, da ousadia, da força... 

Normalmente, as reencarnações de um espírito apresentam certa predominância no masculino ou no feminino, pq é um desafio para o espírito a opção da inversão reencarnatória em razão das lutas íntimas que propicia, sobretudo no campo da afetividade e da sexualidade.

 Mas, por necessidade da evolução, chega a hora da inversão, seja por opção, seja por expiação (mau uso das energias sexuais). 

É verdade que o espírito, na essência, é assexuado, mas, em razão da referida predominância, terá inclinações, gostos, trejeitos femininos ou masculino, e ao reencarnar num corpo diverso de seu conteúdo emocional, poderá apresentar à tendência a homossexualidade, ou seja, atração por uma pessoa do mesmo sexo.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O estranho mundo dos suicídas

Freqüentemente somos procurados por iniciantes do Espiritismo, para explicações sobre este ou aquele ponto da Doutrina. 

Tantas são as perguntas, e tão variadas, que nos chegam, até mesmo através de cartas, que chegamos à conclusão de que a dúvida e a desorientação que lavram entre os aprendizes da Terceira Revelação partem do fato de eles ainda não terem percebido que, para nos apossarmos dos seus legítimos ensinamentos, havemos de estabelecer um estudo metódico, parcelado, partindo da base da Doutrina, ou exposição das leis, e não do coroamento, exatamente como o aluno de uma escola iniciará o curso da primeira série e não da quarta ou da quinta. 

Desconhecendo a longa série dos clássicos que expuseram as leis transcendentes em que se firmam os valores da mesma Doutrina, não somente nos veremos contornados pela confusão, impossibilitados de um sadio discernimento sobre o assunto, como também o sofisma, tão perigoso em assuntos de Espiritismo, virá em nosso encalço, pois não saberemos raciocinar devidamente, uma vez que só a exposição das leis da Doutrina nos habilitará ao verdadeiro raciocínio. 

Procuraremos responder a uma dessas perguntas, de vez que nos chegou através de uma carta, pergunta que nos afligiu profundamente, visto que fere assunto melindroso, dos mais graves que a Doutrina Espírita costuma examinar. 

A dita pergunta veio acompanhada de interpretações sofismadas, próprias daquele que ainda não se deu ao trabalho de investigar o assunto para deduzir com a segurança da lógica. 

Pergunta. o missivista - Um suicida por motivos nobres sofre os mesmos tormentos que os demais suicidas? Não haverá para ele uma misericórdia especial?

 E então respondemos - De tudo quanto, até hoje, temos estudado, aprendido e observado em torno do suicídio à luz da Doutrina Espírita, nada, absolutamente, nos tem conferido o direito de crer que existam motivos nobres para justificar o suicídio perante as leis de Deus. O que sabemos é que o suicídio é infração às leis de Deus, considerada das mais graves que o ser humano poderia praticar ante o seu Criador. 

Os próprios Espíritos de suicidas são unânimes em declarar a intensidade dos sofrimentos que experimentam, a amargura da situação em que se agitam, conseqüentes do seu impensado ato. 

Muitos deles, como o grande escritor Camilo Castelo Branco, que advertiu os homens em termos veementes, em memorável comunicação concedida ao antigo médium Fernando de Lacerda, afirmam que a fome, a desilusão, a pobreza, a desonra, a doença, a cegueira, qualquer situação, por mais angustiosa que seja,, sobre a Terra, ainda seria excelente condição "comparada ao que de melhor se possa atingir pelos desvios do suicídio".

 Durante nosso longo tirocínio mediúnico, temos tratado com numerosos Espíritos de suicidas, e todos eles se revelam e se confessam superlativamente desgraçados no Além-Túmulo, lamentando o momento em que sucumbiram.

 Certamente que não haverá regra geral para a situação dos suicidas. A situação de um desencarnado, como também de um suicida, dependerá até mesmo do gênero de vida que ele levou na Terra, do seu caráter pessoal, das ações praticadas antes de morrer. 

Num suicídio violento como, por exemplo, os ocasionados sob as rodas de um trem de ferro, ou outro qualquer veículo, por uma queda de grande altura, pelo fogo, etc., necessariamente haverá traumatismo perispiritual e mental muito mais intenso e doloroso que nos demais. Mas a terrível situação de todos eles se estenderá por uma rede de complexos desorientadores, implicando novas reencarnações que poderão produzir até mesmo enfermidades insolúveis, como a paralisia e a epilepsia, descontroles do sistema nervoso, retardamento mental, etc.

 Um tiro no ouvido, por exemplo, segundo informações dos próprios Espíritos de suicidas, em alguns casos poderá arrastar à surdez em encarnação posterior; no coração, arrastará a enfermidades indefiníveis no próprio órgão, consequência essa que infelicitará toda uma existência, atormentando-a por indisposições e desequilíbrios insolúveis. 

Entretanto, tais consequências não decorrerão como castigo enviado por Deus ao infrator, mas como efeito natural de uma causa desarmonizada com as leis da vida e da morte, lei da Criação, portanto. 

E todo esse acervo de males será da inteira responsabilidade do próprio suicida. Não era esse o seu destino, previsto pelas leis divinas. Mas ele próprio o fabricou, tal como se apresenta, com a infração àquelas leis. 

E assim sendo, tratando-se, tais sofrimentos, do efeito natural de uma causa desarmonizada com leis invariáveis, qualquer suicida há de suportar os mesmos efeitos, ao passo que estes seguirão seu próprio curso até que causas reacionárias posteriores os anulem.

 No caso proposto pelo nosso missivista, poderemos raciocinar, dentro dos ensinamentos revelados pelos Espíritos, que o suicida poderia ser sincero ao supor que seu suicídio se efetivasse por um motivo nobre.

 Os duelos também são realizados por motivos que os homens supõem honrosos e nobres, assim como as guerras, e ambos são infrações gravíssimas perante as leis divinas.

 O que um suicida suporia motivo honroso ou nobre, poderia, em verdade, mais não ser do que falso conceito, sofisma, a que se adaptou, resultado dos preconceitos acatados pelos homens como princípios inabaláveis.

 A honra espiritual se estriba em pontos bem diversos, porque nos induzirá, acima de tudo, ao respeito das mesmas leis. Mas, sendo o suicida sincero no julgar que motivos honrosos o impeliram ao fato, certamente haverá atenuantes, mas não justificativa ou isenção de responsabilidades.

 Se assim não fosse, o raciocínio indica que haveria derrogação das próprias leis de harmonia da Criação, o que não se poderá admitir. 

Quanto à misericórdia a que esse infrator teria direito como filho de Deus, não se trataria, certamente, de uma "misericórdia especial". 

A misericórdia de Deus se estende tanto sobre esse suicida como sobre os demais, sem predileções nem protecionismo. 

Ela se revela no concurso desvelado dos bons Espíritos, que auxiliarão o soerguimento do culpado para a devida reabilitação, infundindo-lhe ânimo e esperança e cercando-o de toda a caridade possível, inclusive com a prece, exatamente como na Terra agimos com os doentes e sofredores a quem socorremos.

 Estará também na possibilidade de o suicida se reabilitar para si próprio, através de reencarnações futuras, para as duas sociedades, terrena e invisível; as quais escandalizou com o seu gesto, e para as leis de Deus, sem se perder irremissivelmente na condenação espiritual. 

De qualquer forma, com atenuantes ou agravantes, o de que nenhum suicida se isentará é da reparação do ato que praticou com o desrespeito às leis da Criação, e uma nova existência o aguardará, certamente em condições mais precárias do que aquela que destruiu, a si mesmo provando a honra espiritual que infringira.

 O suicídio é rodeado de complexos e sutilezas imprevisíveis, contornado por situações e conseqüências delicadíssimas, que variam de grau e intensidade diante das circunstâncias. 

As leis de Deus são profundas e sábias, requerendo de nós outros o máximo equilíbrio para estudá-las e aprendê-las sem alterá-las com os nossos gostos e paixões. 

Assim sendo, que fique bem esclarecido que nenhum motivo neste mundo será bastante honroso para justificar o suicídio diante das leis de Deus.

 O suicida é que poderá ser sincero ao supor tal coisa, daí advindo então atenuantes a seu favor. O melhor mesmo é seguirmos os conselhos dos próprios suicidas que se comunicam com os médiuns:

 - Que os homens suportem todos os males que lhes advenham da Terra, que suportem fome, desilusões, desonra, doenças, desgraças sob qualquer aspecto, tudo quanto o mundo apresente como sofrimento e martírio, porque tudo isso ainda será preferível ao que de melhor se possa atingir pelos desvios do suicídio.

 E eles, os Espíritos dos suicidas, são, realmente, os mais credenciados para tratar do assunto. 

 Frederico Francisco Reformador 

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Médiuns Irresponsáveis

Associou-se indevidamente à pessoa portadora de mediunidade ostensiva a qualidade de Espírito elevado. 

O desconhecimento do Espiritismo ou a informação superficial sobre a sua estrutura deu lugar a pessoas insensatas considerarem que, o fato de alguém ser possuidor de amplas faculdades medianímica, caracteriza-se como um ser privilegiado, digno de encômios e projeção, ao mesmo tempo possuidor de um caráter diamantino, merecendo relevante consideração e destaque social. 

Enganam-se aqueles que assim procedem, e agem perigosamente, porquanto, a mediunidade é faculdade orgânica, de que quase todos os indivíduos são possuidores, variando de intensidade e de recursos que facultem o intercâmbio com os Espíritos, encarnados ou não. 

Neutra, do ponto de vista moral, em si mesma, a mediunidade apresenta-se como oportunidade de serviço edificante, que enseja ao seu portador os meios de autoiluminar-se, de crescer moral e intelectualmente, de ampliar os dons espirituais, sobretudo, preparando-se para enfrentar a consciência após a desencarnação. 

Às vezes, Espíritos broncos e rudes apresentam admiráveis possibilidade mediúnicas, que não sabem ou não querem aproveitar devidamente, enquanto outros, que se dedicam ao Bem, que estudam as técnicas da educação das faculdades psíquicas, não conseguem mais do que simples manifestações, fragmentárias, irregulares, quase decepcionantes. 

Não se devem entristecer aqueles que gostariam de cooperar com a mediunidade ostensiva, porquanto a seara do amor possui campo livre para todos os tipos de serviço que se possam imaginar.

 Ser médium da vida, ajudando, no lar e fora dele, exercitando as virtudes conhecidas, constitui forma elevada de contribuir para o progresso e desenvolvimento da Humanidade.

 Através da palavra, oral e escrita, quanto socorros podem ser dispensados, orientando-as, levando-as à edificação pessoal, na condição de médium do esclarecimento?!

 Contribuindo, nas atividades espirituais da Casa Espírita, pela oração e concentração durante as reuniões especializadas de doutrinação, qualquer um se torna médium de apoio.

 Da mesma forma, através da aplicação dos passes, da fluidificação da água, brindando a bioenergia, logra-se a posição de médium da saúde. 

Nas visitas aos enfermos, mantendo diálogos confortadores, ouvindo-os com paciência e interesse, amplia-se o campo da mediunidade de esperança.

 Mediante o diálogo com os aturdidos e perversos, de um ou do outro plano da vida, exerce-se a mediunidade fraternal da iluminação de consciência.

 Nesse mister, aguça-se a percepção espiritual e desenvolvem-se os pródomos das faculdades adormecidas, que se irão tornando mais lúcidas, a fim de serem usadas dignamente em futuros cometimentos as próximas reencarnações.

 Ser médium é tornar-se instrumento e, de alguma forma, como todos nos encontramos entre dois pontos distantes, eis-nos incursos na posição de intermediários. 

Ter facilidade, porém, para sentir os Espíritos é compromisso que vai além da simples aptidão de contatá-los. Desse modo, à semelhança da inteligência que se pode apresentar em indivíduos de péssimo caráter, que a usam egoística, perversamente, ou como a memória que brota em criaturas desprovidas de lucidez intelectual, e perde-se, pela falta de uso, também a mediunidade não é sintoma de evolução espiritual. 

Allan Kardec, que veio em nobre missão, Espírito evoluído que é, viveu sem apresentar qualquer faculdade mediúnica ostensiva, enquanto outros indivíduos do seu tempo, que exerceram a faculdade medianímica, por inferioridade moral, venderam os seus serviços, enxovalharam-na, criaram graves empecilhos à divulgação da Doutrina Espírita que, indevidamente, foi confundida com os maus exemplos desses médiuns inescrupulosos e irresponsáveis.

 Certamente, o médium ostensivo, aquele que facilmente se comunica com os Espíritos, quando é dotado de sentimentos nobres e possui elevação, torna-se missionário do Bem nas tarefas a que vai convocado, ampliando os horizontes do pensamento para a imortalidade, para a vitória do ser libertado de todas as paixões primitivas. 

Normalmente, e as exceções são subentendidas, os portadores de mediunidade ostensivas, porque se encontram em provações reparadoras, falham no desiderato, após os deslumbramento que provocam e a autofascinação a que se entregam por invigilância e presunção. 

Toda e qualquer expressão de mediunidade exige disciplina, educação, correspondente conduta moral e social do seu portador, a fim de facultar-lhe a sintonia com os Espíritos Superiores, embora o convívio com os infelizes, que lhe cumpre socorrer.

 O médium irresponsável, porém, não é apenas aquele que, ignorando os recursos de que se encontra investido, gera embaraços e perturbações, tombando nas malhas da própria pusilanimidade, mas também, aqueloutros que, esclarecidos da gravidade do compromisso, se permitem deslizes morais, veleidades típicas do caráter doentio, terminando vitimados pelas obsessões cruéis.

 Todo aquele, portanto, que deseje entregar-se ao Bem, na seara dos médiuns, conscientize-se da responsabilidade que lhe diz respeito, e, educando a faculdade, torne-se apto para o ministério, servindo sempre e crescendo intimamente com os olhos postos no próprio e no futuro feliz da sociedade.

 Manoel P. de Miranda

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Espírita, um ser em construção


 Ser Espírita Ser espírita é ser clemente 
É ter a alma de crente, 
Sempre voltada pro bem. 

Ensinar ao que erra, 
A viver sempre na Terra,
 Sem fazer mal a ninguém. 

 É ter sempre por divisa 
O amor que suaviza 
O pranto, a dor, a aflição...

 É fazer a caridade!
 É amparar a orfandade, 
Livrando-a da perdição 

 É crer em Deus e ter crença
 Na Sua bondade imensa.
 É guardar sempre em mente 
Os conselhos de Jesus; 

E encaminhar toda a gente,
 Como esse facho de luz.
 É perdoar a injúria, 
É suavizar a penúria 
Daquele que não tem pão.

 É tornar-se complacente, 
E ao inimigo insolente,
 Responder com o perdão. 

 É amar a Deus e nossa cruz, 
Carregar, com Jesus;
 Para que em nossa aflição, 
 A alma suba às alturas, 
 Embora o corpo em torturas, 
Esteja rolando no chão. 

 É estimar os animais... 
Pois, embora irracionais, 
 Sentem dor e aflição. 
E até o seu olhar 
Tem a expressão singular,
 De Almas em formação. 

ESPÍRITA: Profissão AMOR 
 E eu, TENHO ORGULHO DE SER ESPÍRITA! ♥

A raiva destruidora

O homem aprende à custa de muita dor e sofrimento a cuidar do corpo, após conhecer (ou ignorar) a variedade, podemos afirmar, infinita de vermes, bactérias, vírus e micróbios infelicitadores da sua vestimenta carnal. 

Desconhece, no entanto, tudo quanto infelicita a alma, os “bacilos” pestilenciais, causadores de tantos males e distúrbios, cuja patogênese se acha nela própria.

 Nesta oportunidade, iremos deter-nos, um pouco que seja, nesse “bacilo” que é tão nosso conhecido, encontrado com tanta freqüência nas camadas nervosas mais sutis do psiquismo humano. Está alojado lá, e resiste a todos os apelos do bom senso, da medicina terrena e espiritual, malgrado seja a causa de tantas experiências dolorosas que infelicitam a condição somática do ser. 

Queremos referir-nos à raiva. 

Antes de prosseguirmos, notemos onde ela, raiva, se estriba para intoxicar todo o cosmo neurológico da criatura. 

A raiva somente assoma à periferia da criatura porque o orgulho, instalado no seu interior, foi atingido duramente. 

Fosse ela humilde, a raiva não teria como se plantar e espraiar-se por toda a sua estrutura. A raiva tem a sua raiz na forma de julgar as situações e os fatos. 

Escolhemos, impomos e também fantasiamos determinado padrão de comportamento, modelando o de acordo com o nosso ponto de vista. Se a pessoa tem ou não conhecimento desse padrão, para nós pouco importa.

 Não corresponder às expectativas das pessoas é motivo para terem raiva de nós, malgrado sejam as expectativas irreais e irrealizáveis. 

A mãe de uma menina tinha-lhe raiva por ela não ser loura, e um pai exigia que a filha relatasse, com minúcias, grandes tragédias sem mexer as mãos e sem alterar o tom de voz. Não ser atendido em seu desejo o deixava raivoso. 

Estes dois casos foram relatados pelo Dr. Brian Weiss no seu livro A Divina Sabedoria dos Mestres, da GMT Editores Ltda. Dois relatos que mostram até onde chega a doença espiritual motivada pela raiva.

 É bem verdade que os casos acima são mais raros, ou pelo menos somente nos consultórios de psicanalistas, psiquiatras, psicoterapeutas eles chegam ao conhecimento. Os demais motivos de provocação da raiva vividos pelo ser humano são bem conhecidos de todos.

 A irritação é o estopim. Aceso, fica incontrolável. 

Voltando ao “relacionamento pais e filhos”, importa que possa existir um reconhecimento recíproco de que alguém incorreu em erro após se agredirem verbalmente.

 Consertar a atitude errada é próprio de almas enobrecidas pela humildade. 

Os pais que são cultivadores de motivos para sentir raiva, costumam exigir demasiadamente dos filhos, provocando trauma nestes, mais cedo ou mais tarde. 

É costume os pais exigirem de seus filhos que sejam produtivos e inteligentes como eles são, ou, em outros casos, gostariam de ter sido. 

Nessas horas, os pais se realizam em cima dos filhos. É um grande erro porque sabemos, segundo a Doutrina Espírita e a reencarnação, que nossos filhos são herdeiros de si mesmos, trazem para o hoje o que foram ontem. 

Exigir dos filhos o que eles não possuem traumatiza-os, torna-os insatisfeitos e daí para o conflito no relacionamento é um passo. 

Conhecemos certo pai que chegou ao absurdo de não ir ao casamento da filha, não ajudou nada nas despesas desse evento, e culminou o seu despreparo paternal quando, ao ser indagado por alguém da família se iria ao casamento, respondeu com outra pergunta: “Mas que casamento”? 

Outro pai obriga o filho de vinte anos a ser tão diligente e entendido de negócios como ele próprio, chegando ao absurdo de despedir o filho como se ele fora um empregado qualquer, deixando-o desempregado e tendo que se sustentar.

 O salário que pagava ao filho era um minguado salário mínimo de R$ 130,00. Espíritas que somos, é muito importante que olhemos os filhos como Espíritos que na verdade são, estejam em qualquer fase de crescimento. 

Outro motivo de raiva é a preocupação com o que pensam de nós. Não nos importemos com isso, desde que estejamos fazendo o que nos parece certo, agindo sem prejudicar ninguém.

 Assim procedendo evitamos a instalação da raiva em nós. 

Culpar-nos e ficar girando mentalmente em torno da raiva por havermos errado é uma forma trágica de ter raiva de nós mesmos. 

Nunca nos culpemos, doentiamente. Uma coisa é reconhecer o erro, prometer não incidir nele; outra, bem diferente, é permitir encharcar-se do sentimento de culpa, da monoidéia culposa e cultivá-la. 

A criatura está sujeitando-se a todas as suas seqüelas; uma delas a obsessão, a participação perniciosa, infecciosa de mentes doentias na casa mental do raivoso.

 O desapontamento leva à raiva de nós mesmos. Duas atitudes existem para o desapontamento: perseverar ou desistir. 

Cabe analisar a causa do desapontamento e de forma detalhada, consciente, sem paixão.

 A raiva, como vamos percebendo, é perniciosa, inútil, destrutiva. Somente pode ser dissolvida pela compreensão e pelo amor. 

O Dr. Brian Weiss narra outro caso de muita beleza, no livro supracitado, que lhe foi contado por uma avó. 

A neta de quatro anos era sistematicamente agredida pela outra mais velha. Reagia, no entanto, assim: “Não faz isso comigo, não. Eu sou sua irmãzinha e fico triste com seu modo de me tratar!” Afirmou a avó que, passado algum tempo, a mais velha de suas netas mudou o comportamento diante da reação amorosa da mais nova. 

Quando sentirmos raiva, perguntemos se ela resolve a questão que nos aborrece. 

Veremos sempre que não. Pelo contrário, sempre prejudica. Por quê? Ora, a raiva é sintoma de estresse que provoca uma mudança do nosso ritmo cardíaco, da pressão sangüínea e dos níveis de açúcar no sangue, ocasionando desequilíbrio fisiológico. 

É aconselhável que, ao sentirmos raiva, respiremos profundamente, tentemos descobrir os motivos que a desencadearam e busquemos como resolver a questão. 

Com toda a certeza desaparecerá o apego à raiva.

 Isto tem a sua razão de ser porque existem criaturas que são verdadeiras fomentadoras da raiva, cultivam-na, só sabem viver sob a sua influência. 
Agem e falam sempre com raiva. 

Nestas criaturas a doença não demora a instalar-se. 

Quem ama não sente raiva, porque o amor é o seu antídoto. A raiva somente se apropria de quem não ama.

 O ritmo vibratório de quem ama é eficaz eliminador de qualquer emoção nociva desequilibrante. Dissolve-a, antes dela instalar-se. É difícil um sistema imunológico resistir por muito tempo a quem constantemente se irrita, se enraivece. 

A desarmonia vibratória logo explode nas paredes do estômago, nos vasos sangüíneos do coração e da cabeça e vai por aí afora destruindo toda reserva de resistência interior do organismo.

 O ser humano não sabe que é o seu emocional em desequilíbrio que lhe provoca tanta dor e sofrimento, tanta desarmonia para viver em paz. 

É notório o papel desempenhado pela mídia: o de projetar para o homem modelos de pessoas vencedoras, verdadeiros heróis possuidores da “raiva justa”. 

São eles os Rambos, os Exterminadores do Futuro, os Ninjas, os Policiais imbatíveis, os Heróis de Ficção e toda uma gama de falsos modelos. 

São figuras que se vão tornando arquetípicas e forjam cada vez mais a raiva, o ódio, a frieza dos sentimentos diante da dor alheia. 

São imagens em desserviço para a nossa sociedade, principalmente por impressionarem fortemente a formação das crianças, as quais, em boa maioria, não encontram em seus lares, com raras exceções, os bons exemplos de amor ao próximo. 

No fundo, a raiva só possui uma função: destruir-nos pelo funcionamento destrambelhado da química do nosso sistema imunológico ou pela bala disparada por quem for alvo de nossa raiva. 

Compreensão e amor, vamos repetir, destroem a raiva, trazem-nos saúde e bem-estar físico, emocional, psicológico e espiritual. 

O amor é sempre um alívio para todo e qualquer tipo de dor. 

Ele vivido, sentido em plenitude imuniza, cria barreiras intransponíveis contra as causas e os efeitos da raiva. 

Amemo-nos muito, mais um pouco, em nome e por amor a Jesus, Ele que fez do que poderia ser a sua dor, a sua raiva, um hino de Amor para a Humanidade.

 ADÉSIO ALVES MACHADO