quinta-feira, 23 de julho de 2015

Vários modos de comunicação


As comunicações inteligentes entre os Espíritos e os homens podem dar-se por sinais, pela escrita e pela palavra.
 Os sinais consistem no movimento significativo de certos objetos e, mais freqüentemente, nos ruídos ou golpes vibrados.
 Quando esses fenômenos têm sentido, não permitem dúvidas quanto à intervenção de uma inteligência oculta, por isso que se todo efeito tem uma causa, todo efeito inteligente tem uma causa inteligente. 
Sob a influência de certas pessoas, designadas pelo nome de médiuns e, algumas vezes espontaneamente, um objeto qualquer pode executar movimentos convencionados, vibrar um determinado número de pancadas e assim dar respostas pelo sim e pelo não ou pela designação das letras do alfabeto. As pancadas podem ser ouvidas sem nenhum movimento aparente e sem causa ostensiva, quer na superfície, quer nos próprios tecidos dos corpos inertes, numa parede, numa pedra, num móvel ou em qualquer outro objeto.
 De todos esses objetos, por serem os mais cômodos, dada a sua mobilidade e pela facilidade com que nos colocamos em sua volta, são as mesas os mais freqüentemente utilizados: daí a designação geral do fenômeno pelas expressões triviais de mesas falantes e de dança das mesas, expressões que convém banir, primeiro pelo que têm de ridículo, depois porque podem induzir em erro, levando a crer que, nesse particular, as mesas tenham qualquer influência especial. Daremos a este modo de comunicação o nome de sematologia espírita, expressão que dá uma perfeita idéia e compreende todas variedades de comunicações por sinais, movimento de corpos ou pancadas.
 Um de nossos correspondentes propunha-nos se designasse especialmente este último meio, o das pancadas, pelo vocábulo tiptologia.
 O segundo modo de comunicação é a escrita. Designá-lo-emos pelo nome de psicografia, igualmente empregado por um correspondente.
 Para se comunicarem pela escrita, os Espíritos empregam como intermediários certas pessoas dotadas da faculdade de escrever sob a influência da força oculta que as dirige e que obedecem a um poder evidentemente estranho ao seu controle, pois não podem parar nem prosseguir à vontade e, na maioria dos casos, não têm consciência do que escrevem. A mão é agitada por um movimento involuntário, quase febril; tomam o lápis malgrado seu e assim o largam: nem a vontade, nem o desejo podem fazer prosseguir, caso não o devam fazer. Eis a psicografia direta. Também a escrita é obtida pela só imposição das mãos sobre um objeto colocado de modo conveniente e munido de um lápis ou qualquer outro instrumento para escrever.
 Os objetos mais geralmente empregados são as pranchetas ou as cestas convenientemente preparadas.
 A força oculta que age sobre a pessoa transmite-se ao objeto, o qual se torna, destarte, uma espécie de apêndice da mão e lhe imprime um movimento necessário para traçar os caracteres. Eis a psicografia indireta. As comunicações transmitidas pela psicografia são mais ou menos extensas, conforme o grau da faculdade mediadora. Uns apenas obtêm palavras; noutros a faculdade se desenvolve pelo exercício e escrevem frases completas e, por vezes, dissertações desenvolvidas sobre assuntos propostos ou abordados espontânea-mente pelos Espíritos, sem que se lhes tenha feito qualquer pergunta. 
Às vezes a escrita é clara e legível; outras, só é decifrável por quem a escreveu; este então a lê por uma espécie de intuição ou dupla vista.
 Pela mão da mesma pessoa a escrita às vezes muda, em geral de maneira completa, com a inteligência oculta que se manifesta; e o mesmo tipo de letra se reproduz sempre que se manifesta a mesma entidade. Isto, entretanto, nada tem de absoluto.
Os Espíritos transmitem por vezes certas comunicações escritas sem intervenção direta. Neste caso os caracteres são traçados espontaneamente por um poder extra-humano, visível ou não. Como é útil que cada coisa tenha o seu nome, a fim de nos podermos entender, chamaremos a tal modo de comunicação escrita, espiritografia, para a distinguir da psicografia, ou escrita obtida por um médium. 
A diferença desses dois vocábulos é fácil de apreender. Na psicografia a alma do médium representa, necessariamente, um certo papel, pelo menos como intermediário, ao passo que na espiritografia é o Espírito que por si age diretamente. O terceiro modo de comunicação é a palavra. 
Certas pessoas sofrem nos órgãos vocais a influência de um poder oculto, semelhante ao que se faz sentir na mão dos que escrevem. Transmitem pela palavra tudo aquilo que os outros fazem pela escrita. 
Como as escritas, as comunicações verbais se dão por vezes sem a mediação corpórea. Palavras e frases podem soar aos nossos ouvidos e em nosso cérebro sem causa física aparente. Os Espíritos também nos podem aparecer em sonho ou no esta­do de vigília e dirigir-nos a palavra, para nos darem avisos e instruções. Para seguir o mesmo sistema de nomenclatura adotado para as comunicações escritas, deveríamos chamar a palavra transmitida pelo médium, de psicologia e a que provém diretamente do Espírito, espiritologia. Mas o vocábulo psicologia já tem uma acepção conhecida e não a podemos transformar. Chamaremos, pois, todas as comunicações verbais de espiritologia: as primeiras serão a espiritologia mediata e as últimas a espiritologia direta. 
Dos vários meios de comunicação é a sematologia o mais incompleto. É muito lento e só dificilmente se presta a desenvolvimentos de certa extensão. 
Os Espíritos superiores não o empregam de boa vontade, já pela lentidão, já porque as respostas sim ou não são incompletas e sujeitas a erros. Para o ensino preferem as mais rápidas: a escrita e a palavra. 
A escrita e a palavra são, com efeito, meios mais completos para a transmissão do pensamento dos Espíritos, seja pela precisão das respostas, seja pela extensão do desenvolvimento que comportam. 
Tem a escrita a vantagem de deixar traços materiais e de ser um dos meios mais adequados de combate à dúvida. Aliás, não temos a liberdade de escolha: os Espíritos comunicam-se pelos meios que julgam adequado: e este depende das aptidões. 

Revista Espírita de Allan Kardec Janeiro, 1858 

O Espiritismo de Kardec nos dias de hoje (filme)


Deus sabe

Há momentos muito difíceis, que parecem insuperáveis, enriquecidos de problemas e dores que se prolongam, intermináveis, ignorados pelos mais próximos afetos, mas que Deus sabe.
 Muitas vezes te sentirás à borda de precipícios profundos, em desespero, e por todos abandonado. No entanto, não te encontrarás a sós, porque, no teu suplício, Deus sabe o que te acontece. 
 Injustiçado, e sob o estigma de calúnias destruidoras, quando, experimentando incomum angústia, estás a ponto de desertar da luta, confia mais um pouco, e espera, porque Deus sabe a razão do que te ocorre. 
 Vitimado por cruel surpresa do destino, que te impossibilita levar adiante os planos bem formulados, não te rebeles, entregando-te à desesperação, porque Deus sabe que assim é melhor para ti.
 Crucificado nas traves ocultas de enfermidade pertinaz, cuja causa ninguém detecta, a fim de minimizar-lhe as conseqüências, ora e aguarda ainda um pouco, porque Deus sabe que ela vem para tua felicidade. Deus sabe tudo! Basta que te deixes conduzir por Ele, e sintonizado com a Sua misericórdia e sabedoria, busca realizar o melhor, assinalando o teu caminho com as pegadas de luz, características de quem se entregou a Deus e em Deus progride. 

 Divaldo Franco. Da obra: Filho de Deus. 
Ditado pelo Espírito: Joanna de Ângelis. 

Amor fraternal


Permaneça o amor fraternal. Paulo (Hebreus, 13:1) 

As afeições familiares, os laços consangüíneos, as simpatias naturais podem ser manifestações muitos santas da alma, quando a criatura as eleva no altar do sentimento superior, contudo, é razoável que o espírito não venha a cair sob o peso das inclinações próprias. 
 O equilíbrio é a posição ideal. Por demasia de cuidado, inúmeros pais prejudicam os filhos. 
 Por excesso de preocupações, muitos cônjuges descem às cavernas do desespero, defrontados pelos insaciáveis monstros do ciúme que lhes aniquilam a felicidade.
 Em razão da invigilância, belas amizades terminam em abismo de sombra.
 O apelo evangélico, por isto mesmo, reveste-se de imensa importância. 
 A fraternidade pura é o mais sublime dos sistemas de relações entre as almas. 
 O homem que se sente filho de Deus e sincero irmão das criaturas não é vítima dos fantasmas do despeito, da inveja, da ambição, da desconfiança. 
Os que se amam fraternalmente alegram-se com o júbilo dos companheiros; sentem-se felizes com a ventura que lhes visita os semelhantes. 
 Afeições violentas, comumente conhecidas na Terra, passam vulcânicas e inúteis. 
 Na teia das reencarnações, os títulos afetivos modificam-se constantemente. 
É que o amor fraternal, sublime e puro, representando o objetivo supremo do esforço de compreensão, é a luz imperecível que sobreviverá no caminho eterno. 

Chico Xavier. Da obra: Pão Nosso. 
Ditado pelo Espírito Emmanuel.

Porque eu não consigo mudar? (Palestra em vídeo)


A receita de Santo Agostinho

É raro, no meio espírita, comentar-se sobre autoconhecimento sem fazer referência ao pensamento de Santo Agostinho, exposto na questão 919 de O Livro dos Espíritos.
 Nela o tema foi tratado diretamente em preciosos quatro parágrafos, encerrando uma receita. 
O conhecimento espírita desperta um anseio pelo progresso que nos faz pedir que nos apontem caminhos. 
O Codificador pediu aos espíritos superiores a fórmula da melhoria pessoal, e não pediu para as próximas encarnações, pediu para esta vida e ousou mais: tinha que ser prática e eficaz. 
Respondeu-lhe o Espírito Santo Agostinho, dizendo:
 “UM SÁBIO DA ANTIGUIDADE VOS DISSE: CONHECE-TE A TI MESMO”. 
Referia-se a Sócrates e apontou a necessidade de focarmos os interesses na busca por nós mesmos. 
Ouve-se muito: 
“Conheço fulano como a palma da minha mão, ele não me engana.” Ou seja, conheço o outro, conheço para fora, mas quando perguntam “Quem é você?”, dizemos um nome que nem ao menos foi de nossa livre escolha e completamos informando profissão, estado civil e endereço.
 Pronto, qualquer um nos encontra o que não significa um encontro pessoal. 
O Codificador retruca reconhecendo a sabedoria da resposta, mas alegando dificuldades para se atingir o conhecimento interior e insiste no pedido de uma receita. 
Disse Jesus: “Pedi e obtereis.” 
Ele obteve a fórmula e a legou àqueles que em si descobrem esse anseio. 
Ensinou o interrogado: “Fazei o que eu fazia de minha vida sobre a Terra: ao fim da jornada, eu interrogava minha consciência, passava em revista o que fizera, e me perguntava se não faltara algum dever, se ninguém tinha nada a lamentar de mim.”. 
Estava dada a receita da espiritualidade prática e eficaz para melhorar já nesta vida: conhecer a si mesmo examinando a consciência.
 Mas como se faz um exame de consciência? 
Será que basta rememorar os acontecimentos do dia e verificar como nos comportamos, se fomos gentis, cordiais, caridosos, se cumprimos nossos deveres profissionais, familiares, se fizemos prece etc.? 
Talvez temeroso de que caíssemos nesta simplificação, ele especificou que o modo de fazer é realizar um interrogatório preciso e diário a si mesmo sob o amparo de Deus e do anjo guardião.
 Ele sugeriu que colocássemos para nossa reflexão ao menos cinco questões, a saber: 

 1) “PERGUNTAI-VOS O QUE FIZESTE E COM QUAL OBJETIVO AGISTES EM TAL CIRCUNSTÂNCIA”. 
A primeira parte da questão é tranquila, basta recordar as atitudes do dia. 
A segunda aprofunda- se pedindo para identificarmos os objetivos de nossas ações, os interesses e propósitos que as motivaram, os quais podem estar escondidos muito fundo, num canto sombrio do nosso ser, e ainda se apresentarem mascarados. 

 2) “SE FIZESTE ALGUMA COISA QUE CENSURAIS EM OUTREM”. 
A nossa capacidade de olhar para fora é bem desenvolvida, então vamos aproveitar e conhecer o que estamos projetando. 
É sempre fácil apontar erros, condenar e exigir dos outros esquecendo que só conseguimos reconhecer aquilo que também possuímos. 
Esse é um procedimento importante da receita que se repetirá. 

 3) “SE FIZESTE ALGUMA COISA QUE NÃO OUSARÍEIS CONFESSAR”.
 Um questionamento ético em relação à minha conduta com o próximo e também pessoal, na medida em que devemos responder se tudo o que pensei, senti e fiz pode ficar exposto à luz? Ou falta coragem para assumir opiniões, atitudes, vontades, o “eu” e as motivações reais e profundas das minhas ações, que somente eu e Deus podemos saber quais são. 

 4) “SE APROUVESSE A DEUS ME CHAMAR NESTE MOMENTO (EM QUE ESTOU LENDO ESTA PÁGINA), REENTRANDO NO MUNDO DOS ESPÍRITOS, ONDE NADA É OCULTO, EU TERIA O QUE TEMER DIANTE DE ALGUÉM?”. 
Queremos distância da morte. Não é agradável pensar nela ou falar sobre ela. Aceitá-la não é fácil, trabalhar as perdas é um processo doloroso e delicado. 
Imagine pensar na própria morte, diariamente. Frente a cada decisão, refletir como ficaria a situação se morrêssemos naquele momento. Brigamos com um filho, ou com o marido, ou com um amigo, ficamos magoados, com raiva e morremos num ataque fulminante do coração. Que situação! Essa questão nos põe em xeque com um mundo onde as máscaras não enganam senão quem as usa. Se pensarmos sob esse enfoque, mudaremos muitas atitudes.

 5) “EXAMINAI O QUE PODEIS TER FEITO CONTRA DEUS, CONTRA VOSSO PRÓXIMO, E ENFIM, CONTRA VÓS MESMOS”. 
Discutimos muito as nossas relações amorosas, profissionais e familiares, mais ou menos nessa ordem de prioridade. Mas a relação com Deus vai entre tapas e beijos e não paramos para discuti-Ia. Começa que Dele nem sempre fazemos um juízo claro, a nossa resposta pessoal é em geral vaga ou politicamente correta. Confundimos repetição mecânica de palavras com falar com Ele. Nós o bendizemos quando a vida corre como desejamos, mas é sobre Ele que lançamos nossas incompreensões e ingratidões quando as coisas não são como queríamos. Por fim, Ele é o cangaceiro das nossas vinganças, cada vez que vencidos pela ira desejamos o mal ao próximo e não o realizamos com as próprias mãos. Mas, ironicamente, embora O contratemos para nossas desforras, ainda O tememos. E uma relação complicada: nós a vivemos com uma grande dose de irreflexão misturada ao medo, à ira, à ingratidão. Temos um comportamento mimado e não apto ao diálogo. Desta tríade, a relação com o outro é a mais debatida, só que em geral sob a ótica de vítima: “O que eles fizeram comigo”.
 O convite é para largarmos essa postura e assumirmos nossas responsabilidades.
 A relação conosco é outra e apenas em circunstâncias limites começamos a discutir. Falamos muito sobre reencarnação, obsessão, lei de amor, depressão, sentimentos mal resolvidos, doenças, mas pouco nos perguntamos: “Por que sou e estou assim?” Como lido com as alegrias e as tristezas?”, “Cuido bem de mim, como corpo e alma?”
 O autor da receita mostra conhecimento e compreensão da alma humana antecipando-se ao propor: “Mas, direis, corno se julgar?
 Não se tem a ilusão do amor próprio que ameniza as faltas e as desculpas?”. 
Ilusões e justificativas podem comprometer o resultado e para evitar que algo saía errado na execução da receita, ele deixou também os segredinhos. 
 PARA EVITAR AUTOENGANOS, FAÇAMOS O SEGUINTE: 

1) “Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações, perguntai-vos como a qualificaríeis se fosse feita por outra pessoa; se a censurais em outrem, ela não pode ser mais legítima em vós, porque Deus não tem duas medidas para a justiça.”. 
 2) “Não negligencieis a opinião dos vossos inimigos, porque estes não têm nenhum interesse em dissimular a verdade e, frequentemente, Deus os coloca ao vosso lado como um espelho para vos advertir com mais franqueza que o faria um amigo.” É o verdadeiro “te enxerga”. É uma proposta valiosa para reformularmos comportamento sobre críticas e inimizades, vendo nelas auxiliares divinos para nosso crescimento. Assim, esvazia-se a raiva e a indignação.
 A humildade é o caminho que acaba com a falsa superioridade que nos faz preferir ignorar as críticas e inimizades a aprender com elas.
 3) “Aquele que tem vontade séria de se melhorar explore, pois, sua consciência, a fim de arrancar dela as más tendências.”. O produto da fórmula ê uma visão clara de quem somos e do que precisamos reformar. A promessa final é excelente, nada menos que uma felicidade eterna. Vale a pena conferir. 

 Fonte: Revista Literária Espírita Delfos.  

terça-feira, 14 de julho de 2015

Juventude e Gentileza


 Por certo, não desconheces as conseqüências dessa onda de egoísmo que recrudesce no seio social, toda vez em que os valores educativos não se fazem prezados. 
 A bem da verdade, bem poucas têm sido as pessoas ocupadas em trabalhar essa dimensão da personalidade, qual seja a do altruísmo, tornando-se úteis à dinâmica da vida planetária. 
 Encharcados de personalismo, os indivíduos falam somente de si, disputam nonadas para si, recorrem a favores diversos apenas para si, sufocando-se no esquife do egoísmo, mais e mais. 
 Nas atividades cotidianas, esses egoístas aproveitam-se de todas as chances possíveis para driblarem os outros, tendo a sensação de serem mais astutos, mais vivos, mais sabidos, dando vazão ao intimo doente. 
 Se devem enfrentar as filas variadas, desse ou daquele tipo, para serem atendidos a seu tempo, tratam de descobrir pessoas conhecidas, localizadas à frente, que lhes facilite passar para posições privilegiadas, quando não invadem abusivamente, elas mesmas, o espaço dos que aguardam dignamente. 
Crêem-se mais apressados ou com mais compromissos que os demais. Entretanto, para o egoísta, tanto faz seja a fila bancária, ou dos cinemas e outras diversões, o que deseja é passar à frente dos outros, porque lhe impacienta a espera ou por vício, sempre alimentado. 
 Os males do caráter, desenvolvidos e alicerçados no egoísmo, não se limitam. 
 Nas conduções populares, o acomodado egoísta vê pessoas idosas, mulheres gestantes, criaturas visivelmente enfermas, viajando de pé, sob ingentes sacrifícios, sem qualquer sensibilização, mantendo-se assentados, indiferentes. 
 Em outros momentos, vemos crianças e moços assentados, ao lado de seus pais, que acompanham a tudo, fazendo de conta que não estão vendo ou entendendo o que se passa. 
 A disputa generalizada por entrar ou sair primeiro dos lugares de muita gente, quantos acidentes há provocado? E os desentendimentos e guerras mentais que se somam, incontáveis? 
 A marca do egoísmo, assim, mostra-se em toda parte, entre as mais diversas personalidades. 
Avaliando esse quadro que se forja nos grupos sociais, percebe, meu jovem companheiro, quantas ocasiões de conquista salutar para a alma têm sido postergadas. 
 Verifica, desse modo, como tens agido, em relação à gentileza.
 Se constatares que não tens estado sintonizado com ela, esforça-te para alcançá-la.
 Se te encontrares em algum transporte coletivo, valendo-te do vigor da tua mocidade, não esperes que te solicitem. Oferece o teu assento para quem dele precise, demonstrando os valores que te lucilam no íntimo. E é tão pouca coisa. 
 Evita que tombe uma gestante ou um velho; impede que se fira uma pessoa obesa ou doente, e sintas as alegrias de ser útil. Diante das filas, enfrenta-as.
 Tu podes fazê-lo. Se tiveres pressa, chega mais cedo. Não sobrecarregues os amigos que encontres com teus pedidos, embora possas pedir a alguém que te guarde o lugar e, quando chegues, esse alguém, então, sairá. 
 A virtude costuma parecer tolice, quando começamos a exercitá-la. Depois, transforma-se em luz tão ampla que não mais a dispensamos.
 Ao atravessar a via pública, vê se por perto não haverá um velhinho, um cego, alguém a quem possas ajudar na travessia. 
Far-te-á imenso bem essa atitude. Coopera com alguém que sobe ou desce uma escada com fardos e bolsas pesados. 
Dá-lhe pequena ajuda e recolhe, nas vibrações agradecidas, verbalizadas ou não, as alegrias de servir. 
 Abre uma porta para esse ou aquele, dando-lhe passagem, gentilmente, seja em tua casa, seja num elevador, seja onde for, e sintas a euforia de ser atencioso.
 À principio, terás que fazer esforços; com o tempo a gentileza será parte de ti. 
Juventude, se pretendes influir no mundo para modificar-lhe as bases de vida social, que sabes tão complexa e perturbadora, começa com teu empenho, com a tua contribuição.
 Na gentileza exemplificada por ti, verás que a postura egocêntrica vai sendo transformada, e que, ao te sentires mais leve e feliz, não te preocuparás com a gratidão ou não dos beneficiários da tua solicitude, porque, para o teu coração, valerá a cooperação que prestas à Vida, a cooperação com a Obra de Deus.
 Segue, então, adiante. Contagia os teus amigos e afetos com a tua atitude gentil, ajudando a extinguir o egoísmo do mundo. 

 José Raul Teixeira. Da obra: Cânticos da Juventude. Ditado pelo Espírito Ivan de Albuquerque. 

Palestra sobre: Lei de Causas e Efeitos (vídeo)


Kardec e Vida

Kardequização do sentimento : equilíbrio
 Kardequização do raciocínio : visão
 Kardequização da ciência : humanidade 
Kardequização da filosofia : discernimento 
Kardequização da fé : racionalidade 
Kardequização da inteligência : orientação 
Kardequização do estudo : esclarecimento 
Kardequização do trabalho : organização
 Kardequização do serviço : eficiência 
Kardequização das relações : sinceridade
 Kardequização do progresso : elevação 
Kardequização da liberdade : disciplina
 Kardequização do lar : harmonia 
Kardequização do debate : proveito 
Kardequização do sexo : responsabilidade
 Kardequização da personalidade : autocrítica 
Kardequização da corrigenda : compreensão 
Kardequização da existência : caridade 
Kardequizemos para evoluir com acerto à frente do Cristo de Deus. A Terra é nossa escola milenária e, em suas classes múltiplas, somos companheiros uns dos outros. Kardequizarmo-nos na carteira de obrigações a que estamos transitoriamente jungidos é a fórmula ideal de ascensão. Estudemos e trabalhemos sempre.

Bezerra de Menezes

Cooperemos Fielmente


 "Pois somos cooperadores de Deus." 
Paulo (I Coríntios, 3:9.). 

O Pai é o Supremo Criador da Vida, mas o homem pode ser fiel cooperador dEle.
 Deus visita a criatura pela própria criatura. 
 Almas cerradas sobre si mesmas declarar-se-ão incapazes de serviços nobres; afirmar-se-ão empobrecidas ou incompetentes. Há companheiros que atingem o disparate de se proclamarem tão pecadores e tão maus que se sentem inabilitados a qualquer espécie de concurso sadio na obra cristã, como se os devedores e os ignorantes não necessitassem trabalhar na própria melhoria. 
 As portas da colaboração com o divino amor, porém, permanecem constantemente abertas e qualquer homem de mediana razão pode identificar a chamada para o serviço divino.
 Cultivemos o bem, eliminando o mal. Façamos luz onde a treva domine. Conduzamos harmonia às zonas em discórdia. Ajudemos a ignorância com o esclarecimento fraterno. Seja o amor ao próximo nossa base essencial em toda construção no caminho evolutivo. Até agora, temos sido pesados à economia da vida. Filhos perdulários, ante o Orçamento Divino, temos despendido preciosas energias em numerosas existências, desviando-as para o terreno escuro das retificações difíceis ou do cárcere expiatório. Ao que nos parece, portanto, segundo os conhecimentos que possuímos, por "acréscimo de misericórdia", já é tempo de cooperarmos fielmente com Deus, no desempenho de nossa tarefa humilde. 

Francisco Cândido. Da obra: Vinha de Luz. Ditado pelo Espírito Emmanuel.  

Prece de Agradecimento (vídeo)


Solicitação Fraterna

Ajude com a sua oração a todos os irmãos: que jamais encontram tempo ou recursos para serem úteis a alguém; que se declaram afrontados pela ingratidão, em toda a parte; que trajam os olhos de luto para enxergarem o mal, em todas as situações; que contemplam mil castelos nas nuvens, mas que não acendem nem uma vela no chão; que somente cooperam na torre de marfim do personaiísmo, sem  descerem os degraus para colaborar com os outros; que se acreditam emissários especiais e credores dos benefícios de exceção; que devoram precioso tempo dos ouvintes, falando exclusivamente de si; que desistem de continuar aprendendo na luta humana; que exibem o realejo da desculpa para todas as faltas; que sustentam a vocação de orquídeas no salão do mundo; que se julgam centros compulsórios das atenções gerais; que fazem o culto sistemático à enfermidade e ao obstáculo. São doentes graves que necessitam do Amparo Silencioso. 

 Francisco Cândido Xavier.
 Da obra: Agenda Cristã. Ditado pelo Espírito André Luiz. Edição de Bolso. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1999.