sábado, 2 de julho de 2016

Aborto - Direito ou Crime?


O primeiro dos direitos naturais do homem é o direito de viver. O primeiro dever é defender e proteger o seu primeiro direito: a vida.
 O mais elementar direito humano é o de nascer. Os outros liberdade, educação, saúde, trabalho, justiça, cidadania... só ganham sentido se houver o ser humano para desfrutá-los. Cercear o direito à vida é negar todos os demais. 
 A Humanidade se divide na hora de definir em qual momento a vida tem início. 
Seria na concepção? Seria antes? Seria depois ? 
Em torno desta divergência surge a dúvida sobre a legitimidade do aborto. 
Grupos pró e contra levantam suas bandeiras, centrados no foco de seus respectivos interesses. 
 Há posições das diversas ciências como psicologia, antropologia, medicina.
 Há postulados morais e religiosos. 
Há as diferentes correntes sócio-políticas. 
 No meio desta Babel, fomos buscar informações com o Grupo Arte-Nascente, jovens que se dedicam à pesquisa do assunto e a ações de valorização da vida. 

 O BRASIL E O ABORTO 
 O Brasil é o país mais cristão do mundo. 
A quase totalidade de sua população está distribuída entre os segmentos católico, evangélico e espírita. No entanto, carrega um troféu nada lisonjeiro, frontalmente contrário aos princípios cristãos: é o campeão mundial do aborto, onde a taxa de interrupção supera a taxa de nascimento. 
A cada hora, 168 crianças deixam de nascer. Cerca de 30% dos leitos hospitalares reservados à Ginecologia e Obstetrícia são ocupados por pacientes sofrendo conseqüências de abortos provocados. Embora haja mulheres de todas as idades e condições sócio-econômicas variadas, a maioria é de adolescentes, despreparadas para assumir a maternidade ou apavoradas com a reação dos pais e da sociedade. 
 Esta situação fez surgir no país grupos dispostos a legalizar o aborto, torná-lo fácil, acessível, higiênico, juridicamente correto.
 Os argumentos são os mais diversos: o direito da mulher sobre o seu próprio corpo, as condições sócio-econômicas para educar um filho, a violência sexual contra a mulher, problemas de má formação fetal, gravidez indesejada, rejeição do filho pelo pai, e as más condições em que são realizados os abortos clandestinos. 
 No Congresso Nacional há um projeto de lei PL 20/91, favorável ao atendimento do aborto legal pelo Sistema Único de Saúde. Em contrapartida houve um projeto de emenda constitucional PEC 25AJ95 que pretendeu incluir no texto da Constituição o direito à vida "desde a sua concepção". 
 Num universo de 524 deputados, apenas 32 foram favoráveis. Os demais foram contra ou se omitiram.
 Os grupos pró-aborto acreditam que estão agindo da forma correta e que defendem a vida. Talvez estivessem, se o feto fosse apenas um apêndice do corpo. 

 A VOZ DA CIÊNCIA 
 A verdade como sempre, vem da Espiritualidade Superior, manifestada nas várias religiões, e depois é confirmada pela Ciência, voz capaz de convencer ao mais incrédulo ser. 
 É o que está acontecendo em relação à concepção e ao aborto. 
Os inúmeros relatos mediúnicos, confirmam que o feto é uma vida cujo advento foi preparado minuciosamente por tecnologia ainda muito além da compreensão dos mais renomados cientistas. 
As condições do corpo, as condições de nascimento, tudo é preparado de forma adequada ao cumprimento do seu roteiro de provas, expiações e missões. Interromper a gravidez é impedir que o espírito evolua, que resgate seus débitos ou que cumpra missão de apoio à sua mãe e familiares, a quem está ligado há incontáveis encarnações. 
As conseqüências são negativas, desarticulando a saúde física da mãe e desequilibrando ambos os espíritos. 
 Para confirmar estes fatos ou aprofundar a análise, o leitor poderá recorrer às obras de Kardec, Emmanuel, André Luiz e muitos outros, à disposições nas livrarias espíritas. 
 Estas afirmações estariam restritas ao campo filosófico-espiritual, se a ciência, ainda que tímida, não as confirmasse. Inúmeros estudos comprovam a existência de vida desde o momento da concepção: Brandley Patten, em seu livro "Human Embriology" explica que o zigoto, formado pelo espermatozóide e o óvulo, é um ser humano, um novo indivíduo dotado de vida nova e pessoal. "O feto não é apenas uma massa celular viva, nem um simples pedaço do corpo da mãe, mas um ente autônomo que depende da alimentação materna." Jérome Lejune, especialista em genética fundamental afirma "a vida começa na fecundação. 
Quando os 23 cromossomos masculinos transportados pelo espermatozóide se encontra com os 23 cromossomos do óvulo da mulher, todos os dados genéticos que definem o novo ser humano já estão presentes. A fecundação é o marco do início da vida. Daí para frente, qualquer método artificial para destruí-lo é um assassinato." E. Nathanson, ginecologista, ex-diretor da maior clínica abortiva do mundo, apresentou declarações, referentes ao aborto, defendendo a condição humana do feto. "Talvez alguns pensem que antes de meus estudos devia saber, já que era médico e, ademais, ginecologista, que o ser concebido é uma criatura humana... Efetivamente, eu sabia, porém não havia comprovado eu mesmo e de modo científico... hoje, com técnicas modernas se pode tratar dentro do útero muitas enfermidades, e também efetuar até cinqüenta espécies de operações cirúrgicas. São estes os argumentos científicos que mudaram o meu modo de pensar, e este até agora o meu argumento.
 Se o ser concebido é um paciente a quem se pode tratar até cirurgicamente, então é uma pessoa e se é uma pessoa, tem direito à vida e também tem direito a que nós, médicos e pais, procuremos conservá-la." 
Quem já teve oportunidade de assistir a filmes intra-uterinos dos processos abortivos verificou o silencioso terror dos fetos e sua desesperada luta para sobreviver. São filmes muito mais impressionantes que aqueles que retratam a violência, os assassinatos espetaculares tão ao gosto do Homem do Século XX. Por si só, convencem sobre a realidade da vida, a partir da concepção. Num ponto, Ciência e Religião já caminham juntas: em raríssimos casos, o aborto pode ser aceito, se a gravidez oferece risco à vida da mãe. Neste caso é preciso optar pelo ser que existe há mais tempo e que se encontra em plena tarefa evolutiva.
Neste caso, a Espiritualidade aplica recursos que permitam ao espírito do filho desligar-se da mãe de maneira menos traumática possível e aguardar urna nova oportunidade de reencarnar-se. 
Vale ressaltar que nem mesmo no caso de estupro, o aborto é aceito. Se a mãe não tiver condições de criar o filho, por motivos psicológicos, econômicos ou outros, melhor é entregá-lo à adoção, se possível a familiares. 

 QUAL É A SOLUÇÃO? 
 O respeito à vida, desde que se inicia é fundamental. 
O acaso não existe, portanto, mulher nenhuma engravida por acaso. 
O espírito que a ela se liga, no momento da concepção, é alguém que depende dela para crescer, educar-se, evoluir. 
 O assunto porém, não está afeto apenas à mulher. O pai tem sua parcela de responsabilidade e deve apoiar a ambos, mãe e filho. Hoje, graças aos testes de DNA, dificilmente alguém poderá fugir a esta responsabilidade. 
 A sociedade também tem preponderante papel neste caso. Em lugar de apoiar o aborto, discriminar a mãe solteira, incentivar a excessiva liberdade sexual e aceitar passivamente que milhões de homens rejeitem seus filhos, nascidos de ligações lícitas e ilícitas, deve assumir outras ações mais eficientes. 
 A primeira delas é o incentivo à educação dos jovens sobre métodos de planejamento familiar, saúde sexual e suas implicações morais. Cientistas, políticos, educadores e comunicadores podem, e devem, reavaliar suas ações em relação ao aborto, a partir do reconhecimento que ele é um assassinato, e como tal deve ser combatido. Até agora, os órgãos governamentais e a mídia tem tratado os problemas sociais, combatendo apenas o efeito. Um exemplo é o gasto de milhões de reais em confecção e distribuição de preservativos bem como a veiculação de peças publicitárias paliativas e inócuas. Centrar as ações na remoção das causas será gratificante. 
O apoio aos pais carentes, através de política de combate aos males sociais como desemprego, falta de acesso à educação e saúde, aliado a intensa campanha de informação, são caminhos a tomar. 
 Os resultados não serão imediatos. Mas se houver a participação de cada um, em seu respectivo campo de ação, as soluções surgirão ao longo dos anos. 
Gradativamente, o aborto deixará de ser uma prática comum para tornar-se medida de exceção, somente utilizada em caso de risco de vida. 
 Nossa esperança é que as gerações futuras conheçam o aborto como hoje conhecemos a guilhotina: um primitivo meio de execução, perdido na memória dos tempos.

 Revista Espírita Allan Kardec. Edição de Nº 32.

Na hora da crise

Na hora da crise, emudece os lábios e ouve as vozes que falam, inarticuladas, no imo de ti mesmo. Perceberás, distintamente, o conflito. 
É o passado que teima em ficar e o presente que anseia pelo futuro. É o cárcere e a libertação. 
 A sombra e a luz. A dívida e a esperança. É o que foi e o que deve ser. 
Na essência, é o mundo e o Cristo no coração. 
Grita o mundo pelo verbo dos amigos e dos adversários, na Terra e além da Terra. 
Adverte o Cristo, através da responsabilidade que nos vibra na consciência. 
Diz o mundo: acomoda-te como puderes. 
Pede o Cristo: levanta-te e anda. 
Diz o mundo: faze o que desejas.
Pede o Cristo: não peques mais. 
Diz o mundo: destrói os opositores. 
Pede o Cristo: ama os teus inimigos. 
Diz o mundo: renega os que te incomodem. 
Pede o Cristo: ao que te exija mil passos, caminha com ele dois mil. 
Diz o mundo: apega-te à posse. 
Pede o Cristo: ao que te rogue a túnica cede também a capa. 
Diz o mundo: fere a quem te fere. 
Pede o Cristo: perdoa sempre. 
Diz o mundo: descansa e goza. 
Pede o Cristo: avança enquanto tens luz. 
Diz o mundo: censura como quiseres. 
Pede o Cristo: não condenes.
Diz o mundo: não repares os meios para alcançar os fins. 
Diz o Cristo: serás medido pela medida que aplicares aos outros. 
Diz o mundo: aborrece os que te aborreçam. 
Pede o Cristo: ora pelos que te perseguem e caluniam. 
Diz o mundo: acumula ouro e poder para que te faças temido.
Diz o Cristo: provavelmente nesta noite pedirão tua alma e o que amontoaste para quem será?
Obsessão é também problema de sintonia. 
O ouvido que escuta reflete a boca que fala. 
O olho que algo vê assemelha-se, de algum modo, à coisa vista. Não precisas, assim, sofrer longas hesitações nas horas de tempestade. 
Se realmente procuras caminho justo, ouçamos o Cristo, e a palavra dele, por bússola infalível, traçar-nos-á rumo certo. 

Chico Xavier. Religião dos Espíritos. 
Pelo Espírito Emmanuel. 

Tudo passa, com Chico Xavier (vídeo)


Saibamos confiar

"Não andeis, pois, inquietos." Jesus. (MATEUS, 6:31.) 
 Jesus não recomenda a indiferença ou a irresponsabilidade. O Mestre, que preconizou a oração e a vigilância, não aconselharia a despreocupação do discípulo ante o acervo do serviço a fazer. Pede apenas combate ao pessimismo crônico. Claro que nos achamos a pleno trabalho, na lavoura do Senhor, dentro da ordem natural que nos rege a própria ascensão. 
 Ainda nos defrontaremos, inúmeras vezes, com pântanos e desertos, espinheiros e animais daninhos. Urge, porém, renovar atitudes mentais na obra a que fomos chamados, aprendendo a confiar no Divino Poder que nos dirige. 
Em todos os lugares, há derrotistas intransigentes. Sentem-se nas trevas, ainda mesmo quando o Sol fulgura no zênite. Enxergam baixeza nas criaturas mais dignas. Marcham atormentados por desconfianças atrozes. E, por suspeitarem de todos, acabam inabilitados para a colaboração produtiva em qualquer serviço nobre. 
 Aflitos e angustiados, desorientam-se a propósito de mínimos obstáculos, inquietam-se, com respeito a frivolidades de toda sorte e, se pudessem, pintariam o firmamento à cor negra para que a mente do próximo lhes partilhe a sombra interior. 
 Na Terra, Jesus é o Senhor que se fez servo de todos, por amor, e tem esperado nossa contribuição na oficina dos séculos. A confiança dEle abrange as eras, sua experiência abarca as civilizações, seu devotamento nos envolve há milênios... Em razão disso, como adotar a aflição e o desespero, se estamos apenas começando a ser úteis?

Chico Xavier. Vinha de Luz. Pelo Espírito Emmanuel.

Qualidade da prece


Quando orardes, não vos assemelheis aos hipócritas, que, afetadamente, oram de pé nas sinagogas e nos cantos das ruas para serem vistos pelos homens. Digo-vos, em verdade, que eles já receberam sua recompensa. Quando quiserdes orar, entrai para o vosso quarto e, fechada a porta, orai a vosso Pai em secreto; e vosso Pai, que vê o que se passa em secreto, vos dará a recompensa. Não cuideis de pedir muito nas vossas preces, como fazem os pagãos, os quais imaginam que pela multiplicidade das palavras é que serão atendidos. Não vos torneis semelhantes a eles, porque vosso Pai sabe do que é que tendes necessidade, antes que lho peçais. 
 (S. MATEUS, cap. VI, vv., 5 a 8.) 
 Quando vos aprestardes para orar, se tiverdes qualquer coisa contra alguém, perdoai-lhe, a fim de que vosso Pai, que está nos céus, também vos perdoe os vossos pecados. Se não perdoardes, vosso Pai, que está nos céus, também não vos perdoará os pecados.
 (S. MARCOS, cap. XI, vv. 25 e 26.)
 Também disse esta parábola a alguns que punham a sua confiança em si mesmos, como sendo justos, e desprezavam os outros: Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu, publicano o outro. O fariseu, conservando-se de pé, orava assim, consigo mesmo: Meu Deus, rendo-vos graças por não ser como os outros homens, que são ladrões, injustos e adúlteros, nem mesmo como esse publicano. Jejuo duas vezes na semana; dou o dízimo de tudo o que possuo. O publicano, ao contrário, conservando-se afastado, não ousava, sequer, erguer os olhos ao céu; mas, batia no peito, dizendo: Meu Deus, tem piedade de mim, que sou um pecador. Declaro-vos que este voltou para a sua casa, justificado, e o outro não; porquanto, aquele que se eleva será rebaixado e aquele que se humilha será elevado. 
 (S. LUCAS, cap. XVIII, vv. 9 a 14.) 
 Jesus definiu claramente as qualidades da prece. Quando orardes, diz ele, não vos ponhais em evidência; antes, orai em secreto. Não afeteis orar muito, pois não é pela multiplicidade das palavras que sereis escutados, mas pela sinceridade delas. Antes de orardes, se tiverdes qualquer coisa contra alguém, perdoai-lhe, visto que a prece não pode ser agradável a Deus, se não parte de um coração purificado de todo sentimento contrário à caridade. Orai, enfim, com humildade, como o publicano, e não com orgulho, como o fariseu. Examinai os vossos defeitos, não as vossas qualidades e, se vos comparardes aos outros, procurai o que há em vós de mau. (Cap. X, n.7 e n.8.)

Reflexão com Padre Fábio de Melo



A paciência

A dor é uma bênção que Deus envia a seus eleitos; não vos aflijais, pois, quando sofrerdes; antes, bendizei de Deus onipotente que, pela dor, neste mundo, vos marcou para a glória no céu. 
Sede pacientes. A paciência também é uma caridade e deveis praticar a lei de caridade ensinada pelo Cristo, enviado de Deus. 
A caridade que consiste na esmola dada aos pobres é a mais fácil de todas. Outra há, porém, muito mais penosa e, conseguintemente, muito mais meritória: a de perdoarmos aos que Deus colocou em nosso caminho para serem instrumentos do nosso sofrer e para nos porem à prova a paciência. 
 A vida é difícil, bem o sei. Compõe-se de mil nadas, que são outras tantas picadas de alfinetes, mas que acabam por ferir. Se, porém, atentarmos nos deveres que nos são impostos, nas consolações e compensações que, por outro lado, recebemos, havemos de reconhecer que são as bênçãos muito mais numerosas do que as dores. 
O fardo parece menos pesado, quando se olha para o alto, do que quando se curva para a terra a fronte. Coragem, amigos! Tendes no Cristo o vosso modelo. Mais sofreu ele do que qualquer de vós e nada tinha de que se penitenciar, ao passo que vós tendes de expiar o vosso passado e de vos fortalecer para o futuro. Sede, pois, pacientes, sede cristãos. Essa palavra resume tudo. 

Um Espírito amigo. (Havre, 1862.) Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB. Capítulo 9. 

As doenças da visão espírita


 O Espiritismo, nos ensina que saúde é o estado de completo bem-estar biopsicossocioespiritual, pois leva em consideração os fatores biológicos, psicológicos, sociais e espirituais que influenciam o ser humano em sua passagem pela existência terrena.
 Diferentemente da Medicina do Corpo, que ainda é exercida em larga escala nos dias de hoje, o Espiritismo descortina um novo modelo, o da Medicina da Alma. 
 No paradigma médico-espírita, o ser humano é um conjunto complexo, constituído de corpo físico, corpos sutis e alma; a prioridade, no entanto, na direção desse conjunto, é a da alma. Compete, pois, ao espírito imortal, a construção do seu destino terreno e, consequentemente, a da manutenção da sua própria saúde. 
 Segundo esses conceitos, o fato de uma pessoa não exteriorizar doença durante determinada fase da existência, pode não significar que ela esteja saudável. Assim, a criatura pode apresentar-se aparentemente saudável durante um período, mas já trazer no perispírito as marcas indeléveis da doença que eclodirá um pouco mais adiante, segundo a lei de ação e reação, que tem no tempo o principal fator desencadeante.
 Segundo os princípios espíritas, a questão saúde-doença está profundamente vinculada à lei de causa e efeito, ao carma. André Luiz explica, no livro Ação e Reação, que carma designa “causa e efeito”, porque a toda ação corresponde uma reação. Quer dizer que está ligado a ações de vidas passadas. Assim, o carma seria uma espécie de “conta do destino criada por nós mesmos”, faz parte do sistema de contabilidade da Justiça Divina. 
 Segundo esse princípio, a criatura humana tem de dar conta de tudo que recebe da vida, de todos os empréstimos de Deus, patrimônios materiais, inteligência, tempo, afeições, títulos, e também do corpo físico, que lhe é concedido para o aperfeiçoamento espiritual. E será sempre assim, na roda viva da evolução espiritual em que deve se empenhar, tendo em vista a conquista de amor e sabedoria. 
 Aprendemos, com os Mentores Espirituais, que a percentagem quase total das enfermidades humanas tem origem no psiquismo. Assim, orgulho, vaidade, egoísmo, preguiça e crueldade são vícios da alma, que geram perturbações e doenças nos seus envoltórios, quer dizer, no corpo espiritual ou perispírito e no corpo físico. Assim, no estudo de toda doença, é preciso levar o perispírito em consideração, mesmo porque a cura do corpo físico está diretamente subordinada à cura desse envoltório espiritual. Há exemplos importantes nos livros da coleção André Luiz que elucidam o nosso estudo. Vou citar apenas dois deles. Vejamos o caso de Segismundo, em Missionários da Luz. Em vida passada, por causa de Raquel, ele tirou a vida física de Adelino com um tiro, que atingiu a vítima na altura do coração. Na vida atual, Segismundo renasceu como filho de Adelino e Raquel e trouxe, já na formação do seu corpo físico, o problema cardíaco que só se manifestará mais tarde, como doença do tônus elétrico do coração, após os 40 anos de idade. As doenças, em geral, surgem relacionadas à idade em que as faltas foram cometidas.
 Em outro livro, Ação e Reação, podemos acompanhar o caso de Adelino Silveira. No século XIX, Adelino era filho adotivo de um fazendeiro de grandes posses. Ambos eram muito unidos. Aos 42 anos, seu pai casou-se com uma jovem de 21 anos, a mesma idade de Adelino. Aconteceu, porém, que os dois jovens Adelino e a madrasta apaixonaram-se e ambos tramaram a morte do pai e marido. A pretexto de cuidar do pai enfermo, Adelino deu uma bebida forte ao dono da fazenda e depois ateou fogo ao seu corpo. Foi uma morte muito dolorosa. Depois de tudo consumado, Adelino casou-se, mas não conseguiu ser feliz, atormentado pelo remorso. No mundo espiritual, os padecimentos foram intensos e contínuos. Finalmente, arrependido, reencarnou no século XX como Adelino Silveira e, desde pequeno, teve seu corpo tomado por um eczema extenso, que o dominava quase por inteiro. 
 Como podemos observar, as ações praticadas vincam o nosso perispírito e se refletem no corpo físico que age como uma espécie de filtro das impurezas. Assim, em matéria de saúde e doença, temos de levar em consideração as ações das vidas passadas e as da existência atual para que as nossas conclusões não sejam falhas ou incompletas. Ao estudarmos esses casos, podemos constatar também o importante papel que a dor tem em nossas vidas. 
Segundo o benfeitor Clarêncio: Depois do poder de Deus, é a única força capaz de alterar o rumo de nossos pensamentos, compelindo-nos a indispensáveis modificações, com vistas ao Plano Divino, a nosso respeito, e de cuja execução não poderemos fugir sem graves prejuízos para nós mesmos.