sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

A influência do pensamento

 Há muitas coisas na vida que não são devidamente consideradas pelos encarnados.
 Uma delas é a influência do pensamento na vida de cada homem (individualmente) e de todas as coletividades (encarnadas e desencarnadas). 
Habituados a viver dos pensamentos alheios, tudo recolhem no subconsciente e transformam em celeiro de joio e trigo ao mesmo tempo, sem perceberem os prejuízos que isso causa. Filósofos da Antiguidade afirmavam o que os atuais metapsiquistas repetem hoje: “Tudo quanto entra pelo Espírito tende a sair pelos músculos.” 
Isso significa que o homem acaba exteriorizando, por atos ou palavras, aquilo que lhe passa pela mente. 
Essa teoria é mais ou menos aceita pela ciência moderna, para a qual a influência do ambiente é importante na formação do caráter do homem. 
Se por um lado é um excesso dizer que “o homem é produto do meio onde vive” – desconsiderando seus valores intrínsecos – por outro lado, é aconselhável evitar os ambientes inferiores, cujas influências negativas agem como inimigos ocultos, a forçar a porta de entrada da mente de cada um. 
Não se pode negar a força comunicativa dos pensamentos, pois o contrário demonstra o hipnotismo – que não é outra coisa senão a influência de um pensamento mais forte sobre outro mais fraco. 
Um fenômeno interessante, nesse sentido, é a formação de estigmas no corpo do feto por influência do pensamento materno. Isso tudo significa que o pensamento é algo digno de estudos e cuidados, pelos benefícios ou malefícios que podem ocasionar a cada pessoa. 
No campo físico, o Espírito está para o corpo assim como o combustível está para a máquina. Mas, se o Espírito é que dirige o corpo, este é também influência daquele. A saúde perfeita é o equilíbrio de ambos – corpo e Espírito.
 E os pensamentos que emitimos influenciam não só os encarnados, mas também os desencarnados que pensam do mesmo modo que nós. 
Em determinadas circunstâncias, todos temos exemplos vividos de influências que sofremos, em relação a pensamentos alheios. 
E, salvo raras exceções, todos temos certa inclinação para atrair e alojar pensamentos inferiores. 
Sabendo disso, devemos procurar sintonizar nossa mente nas faixas positivas do pensamento, procurando nosso aperfeiçoamento pelo Amor, pela Compreensão e pelo Trabalho construtivo.

Espíritas e frequentadores de Centros


A cada dia que passa, maior número de pessoas tem procurado os recursos do Espiritismo para a solução dos seus problemas mais aflitivos. 
Por isso, as sessões públicas frequentemente estão repletas. Talvez um dos fatores que estão colaborando para isto seja a redução gradativa do preconceito que existia contra a Doutrina, graças à ampla divulgação através dos veículos de difusão. 
 Entretanto, continua reduzidíssimo o número dos que efetivamente trabalham na Seara do Mestre. 
A grande maioria se contenta em receber. São reconhecidos pelos benefícios recebidos e esperam continuar merecendo os recursos espirituais indefinidamente. 
Permanecem encantados com os ensinamentos consoladores do Espiritismo, com as maravilhas da mediunidade com Jesus, com a caridade praticada na Seara ou mesmo com os próprios médiuns.
 Contentam-se com a adoração passiva que tem sido a sua atitude característica há séculos.
 Podemos, pois, dividir os assistentes das instituições espíritas em dois grupos: um, reduzido, que se desdobra na execução das múltiplas tarefas, que precisam ser executadas, e outro, numeroso, que se limita a receber, acreditando que o céu que não conseguiu conquistar frequentando os templos tradicionais, pode obtê-lo, agora, a expensas da amizade dos Espíritos Superiores.
 Como despertar esta grande multidão que dorme?
 Como faze-Ia passar da inatividade para a luta constante e efetiva na seara do Bem?
 Como levá-Ia a entender que a Doutrina é o roteiro que impulsiona o progresso espiritual, quando verdadeiramente vivida?
 Estarão sendo eficazes os métodos de estudo usados atualmente nos Centros? 
 É possível que as respostas a estas questões só apareçam depois de muita reflexão. Mas uma coisa é certa: a única solução é orientar os frequentadores a conhecer a Doutrina Espírita com maior profundidade, a fim de que possam adotar os comportamentos que caracterizam os espíritas conscientes. 
 Se não tomarmos medidas urgentes, correremos o risco de permitir que o Espiritismo seja concebido, pela massa de frequentadores que cresce dia a dia, como mais uma religião que garante aos seus seguidores a salvação pela simples aceitação dos seus ensinamentos e o comparecimento passivo às suas reuniões. 

 Reformador (FEB) Abril 1981

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Índigo (filme completo)


Anjos Guardiães

 Os anjos guardiães são embaixadores de Deus, mantendo acesa a chama da fé nos corações e auxiliando os enfraquecidos na luta terrestre.
Quais estrelas formosas, iluminam as noites das almas e atendem-lhes as necessidades com unção e devotamento inigualáveis. 
 Perseveram ao lado dos seus tutelados em toda circunstância, jamais se impacientando ou os abandonando, mesmo quando eles, em desequilíbrio, vociferam e atiram-se aos despenhadeiros da alucinação. 
 Vigilantes, utilizam-se de cada ensejo para instruir e educar, orientando com segurança na marcha de ascensão.
 Envolvem os pupilos em ternura incomum, mas não anuem com seus erros, admoestando com severidade quando necessário, a fim de lhes criarem hábitos saudáveis e conduta moral correta. 
 São sábios e evoluídos, encontrando-se em perfeita sintonia com o pensamento divino, que buscam transmitir, de modo que as criaturas se integrem psiquicamente na harmonia geral que vige no Cosmo. 
 Trabalham infatigavelmente pelo Bem, no qual confiam com absoluta fidelidade, infundindo coragem àqueles que protegem, mantendo a assistência em qualquer circunstância, na glória ou no fracasso, nos momentos de elevação moral e naqueloutros de perturbação e vulgaridade.
 Nunca censuram, porque a sua é a missão de edificar as almas no amor, preservando o livre-arbítrio de cada uma, levantando-as após a queda, e permanecendo leais até que alcancem a meta da sua evolução.
 Os anjos guardiães são lições vivas de amor, que nunca se cansam, porquanto aplicam milênios do tempo terrestre auxiliando aqueles que lhes são confiados, sem se imporem nem lhes entorpecerem a liberdade de escolha.
 Constituem a casta dos Espíritos Nobres que cooperam para o progresso da humanidade e da Terra, trabalhando com afinco para alcançar as metas que anelam. 
 Cada criatura, no mundo, encontra-se vinculada a um anjo guardião, em quem pode e deve buscar inspiração, auscultando-o e deixando-se por ele conduzir em nome da Consciência Cósmica.
  Tem cuidado para que te não afastes psiquicamente do teu anjo guardião. Ele jamais se aparta do seu protegido, mas este, por presunção ou ignorância, rompe os laços de ligação emocional e mental, debandando da rota libertadora. Quando erres e experimentes a solidão, refaze o passo e busca-o pelo pensamento em oração, partindo de imediato para a ação edificante. 
 Quando alcances as cumeadas do êxito, recorda-o, feliz com o teu sucesso, no entanto preservando-te do orgulho, dos perigos das facilidades terrestres. 
 Na enfermidade, procura ouvi-lo interiormente sugerindo-te bom ânimo e equilíbrio.
 Na saúde, mantém o intercâmbio, canalizando tuas forças para as atividades enobrecedoras. 
 Muitas vezes sentirás a tentação de desvairar, mudando de rumo. Mantém-te atento e supera a maléfica inspiração.
 O teu anjo guardião não poderá impedir que os Espíritos perturbadores se acerquem de ti, especialmente se atraídos pelos teus pensamentos e atos, em razão do teu passado, ou invejando as tuas realizações... Todavia te induzirão ao amor, a fim de que te eleves e os ajudes, afastando-os do mal em que se comprazem. 
 O teu anjo guardião é o teu mestre e amigo mais próximo. Imana-te a ele. Entre eles, os anjos guardiães e Deus, encontra-se Jesus, o Guia perfeito da humanidade.
 Medita nas Suas lições e busca seguir-Lhe as diretrizes, a fim de que o teu anjo guardião te conduza ao aprisco que Jesus levará ao Pai Amoroso.

  Divaldo Pereira Franco. Da obra: Momentos Enriquecedores. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador, BA: LEAL, 1994.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Espiritismo - Religião de liberdade


O Espiritismo Cristão é uma religião de homens livres, uma religião de verídica liberdade, porque o espírita legítimo aprende, na Doutrina codificada por Allan Kardec, que o homem somente é verdadeiramente livre quando consegue libertar-se dos preconceitos, do egoísmo, da ambição malsã, do espírito de revolta, da maledicência, da mentira, do fanatismo, etc. 
É livre quando exerce a bondade, a tolerância, o amor ao próximo, mostrando-se solidário com todas as criaturas, predisposto sempre à prática da caridade indistinta, a servir sem esperar compensação, seguindo a trilha traçada por Jesus e tão bem sintetizada no “Sermão do Monte”. 
Quando adquirimos a convicção de que podemos, por exemplo, suportar impertinências e até insultos, sem perder a serenidade, compreendendo que o mal não está em quem é agredido e insultado sem motivo, mas naquele que, movido ainda por instintos inferiores, age sem reflexão, pronto a destruir, como javali furioso que investe contra a árvore que encontra em sua corrida alucinada e feroz. 
 Não se pense que o Espiritismo seja uma escola de múmias, capaz de transformar o homem num ser apático e passivo diante da vida, porque nele incute a necessidade de exemplificar a humildade. 
Nem se considere também a humildade cristã como um rebaixamento da espécie humana, porque, na realidade, quando bem compreendida, ela constitui um meio de educação da vontade, dá ao homem o domínio de si mesmo, capaz de considerar sem qualquer valor as expressões de ira de adversários mais dignos de piedade do que de raiva.
 O exercício da humildade fortalece o homem, porque o torna invulnerável a certos conceitos errados de honra, pois a verdadeira honra é inatingível por aqueles que possuem a alma enodoada de ideias falsas e traiçoeiras. 
 Nossa Doutrina prepara o homem e a mulher para a vida terrena e também para a vida espiritual. No tocante à humildade, ensina-nos a ser comedidos, discretos, modestos, sem vaidade nem orgulho, mas, em contrapartida, prestativos, assíduos no bem, permanentes na caridade e no amor. Aliás, Jesus entendia a caridade como “benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas”. E em “O Livro dos Espíritos” lê-se esta lição prodigiosamente bela: “O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça, pois amar o próximo é fazer-lhe todo o bem que nos seja possível e que desejáramos nos fosse feito. 
Tal o sentido destas palavras de Jesus: Armai-vos uns aos outros como irmãos.” O Espiritismo educa o homem, não para o temor a Deus, mas para o amor a Deus. Erige a fraternidade com a condição imprescindível ao bem-estar doméstico e social, repudiando a violência por incompatível com o bem. Considera o egoísmo como um dos grandes males da Terra, apontando o Evangelho em Espírito e Verdade como a luz que tirará as trevas da alma e fará este planeta redimir-se dos erros dos homens. Mostra ainda, através dos ensinos dos Espíritos, que a pessoa humana deve ser preservada da corrupção ideológica que a anula, desconhecendo o indivíduo para somente levar em conta a massa, dirigível e sem vontade, subordinada à influência negativa e homicida de líderes divorciados de Deus, que mistificam as massas, destruindo a personalidade humana. Mas as coletividades humanas não foram criadas para figurarem extensos rebanhos tangidos por indivíduos audaciosos e maus. 
Se cada criatura humana não consegue conservar sua personalidade, mesmo quando partilha de qualquer grupo, então sofre a mutilação da sua vontade, perde a sua legítima liberdade pessoal, deixando de pensar por sua cabeça, deixando de tomar decisões por si mesma, porque há sempre alguém que pensa e age por ela. 
Se abdica da sua personalidade para escravizar-se a uma ideia sedutora, mas falsa e traiçoeira, renuncia à sua condição humana, transmudando-se em mero integrante anônimo e abúlico de um rebanho automatizado.
 O Espiritismo valoriza o homem, consolida-lhe a personalidade, dele faz uma força individual atuante nas coletividades humanas, porque lhe dá o conhecimento do verdadeiro papel que veio desempenhar na Terra, como Espírito exilado, em busca de reabilitação. 
 Exalta o valor da família, célula social de inestimável valor. Prova que a ordem não pode subsistir sem a disciplina e que esta é indispensável ao trabalho ordeiro e fecundo. Esclarece o verdadeiro sentido da liberdade, demonstrando que ninguém é livre se não sabe respeitar o seu próximo. 
Não há liberdade quando se age contra alguém. A falsa liberdade leva ao erro e ao crime. A verdadeira liberdade edifica e ilumina o homem, exaltando-lhe a personalidade, sem conspurcá-la nem aviltá-Ia. O Espiritismo esclarece o Espírito humano, apontando-lhe o caminho certo, talvez não o mais fácil, mas, sem dúvida, o mais aconselhável, porque é o que nos levará ao Cristo de Deus. O homem sem Evangelho será sempre um atormentado, um insatisfeito, um cego a tatear numa estrada perigosa em noite tempestuosa. Não façamos, porém, em nenhum caso, o culto da personalidade. Aprimoremo-Ia para que melhor possa servir os altos interesses da Humanidade, mas não o elejamos instrumento do egoísmo, porque este tem sido demasiado nocivo. “Somente o trabalho e o sacrifício, a dificuldade e o obstáculo, como elementos de progresso e auto-superação, podem dar ao homem a verdadeira notícia de sua grandeza” esclarece Emmanuel. 

 Boanerges da Rocha Reformador (FEB) Fevereiro 1970

Visão espírita do carnaval (vídeo)


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Sobrevivência

Ter o de que se alimentar, onde morar, um trabalho, meios de aperfeiçoar-se intelectualmente etc.: tudo isso faz parte da realidade dos Espíritos encarnados, pois, em caso contrário, o corpo físico não consegue manter-se. 
O grande problema para o Espírito encarnado é saber até que ponto deve investir na aquisição e manutenção desses bens e interesses, porque aí é que muitos falham, normalmente acumulando mais do que o necessário para o cumprimento da sua meta reencarnatória.
 Para cada Espírito está destinado um programa de realizações e, assim, o que é importante para um cumprir sua tarefa, para outro é supérfluo e para um terceiro insuficiente: não há uma medida única para todos.
 Uns têm de ter uma riqueza à sua disposição para desempenhar tarefas na produção de utilidades para a vida das pessoas, outro tem de ter acesso fácil à Cultura para cumprir um trabalho na divulgação do Conhecimento e assim por diante.
 “Sobreviver” é uma expressão que utilizamos aqui no sentido de conseguir manter-se em condições de cumprir seu programa de trabalho enquanto encarnado. 
A consciência de cada um é que é o único juiz em condições de avaliar se está tudo na medida exata, sem excesso nem supérfluo.
 A preparação para a vida no mundo terreno deve englobar a consideração sobre esses dados, conjugando-se o que se pretende realizar com os recursos necessários para tanto. Jesus, por exemplo, precisou de poucos recursos materiais, pois Sua Missão era totalmente espiritual.
 Chico Xavier precisou de poucos recursos materiais, mas não podia dispensar aqueles relacionados com a produção dos seus livros mediúnicos e assim por diante.

 Espírito J. Piajet Livro: Preparação para a vida feliz no modelo espírita 

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

O carnaval


Nenhum espírito equilibrado em face do bom senso, que deve presidir a existência das criaturas, pode fazer a apologia da loucura generalizada que adormece as consciências, nas festas carnavalescas. 
 É lamentável que, na época atual, quando os conhecimentos novos felicitam a mentalidade humana, fornecendo-lhe a chave maravilhosa dos seus elevados destinos, descerrando-lhe as belezas e os objetivos sagrados da Vida, se verifiquem excessos dessa natureza entre as sociedades que se pavoneiam com o título de civilização. 
Enquanto os trabalhos e as dores abençoadas, geralmente incompreendidos pelos homens, lhes burilam o caráter e os sentimentos, prodigalizando-lhes os benefícios inapreciáveis do progresso espiritual, a licenciosidade desses dias prejudiciais opera, nas almas indecisas e necessitadas do amparo moral dos outros espíritos mais esclarecidos, a revivescência de animalidades que só os longos aprendizados fazem desaparecer. 
 Há nesses momentos de indisciplina sentimental o largo acesso das forças da treva nos corações e, às vezes, toda uma existência não basta para realizar os reparos precisos de uma hora de insânia e de esquecimento do dever.
 Enquanto há miseráveis que estendem as mãos súplices, cheios de necessidade e de fome, sobram as fartas contribuições para que os salões se enfeitem e se intensifiquem o olvido de obrigações sagradas por parte das almas cuja evolução depende do cumprimento austero dos deveres sociais e divinos. 
 Ação altamente meritória seria a de empregar todas as verbas consumidas em semelhantes festejos, na assistência social aos necessitados de um pão e de um carinho. 
 Ao lado dos mascarados da pseudo-alegria, passam os leprosos, os cegos, as crianças abandonadas, as mães aflitas e sofredoras. Por que protelar essa ação necessária das forças conjuntas dos que se preocupam com os problemas nobres da vida, a fim de que se transforme o supérfluo na migalha abençoada de pão e de carinho que será a esperança dos que choram e sofrem? 
Que os nossos irmãos espíritas compreendam semelhantes objetivos de nossas despretensiosas opiniões, colaborando conosco, dentro das suas possibilidades, para que possamos reconstruir e reedificar os costumes para o bem de todas as almas. 
É incontestável que a sociedade pode, com o seu livre-arbítrio coletivo, exibir superfluidades e luxos nababescos, mas, enquanto houver um mendigo abandonado junto de seu fastígio e de sua grandeza, ela só poderá fornecer com isso um eloqüente atestado de sua miséria moral.

 Emmanuel. Psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier em Julho de 1939 / Revista Internacional de Espiritismo, Janeiro de 2001.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Mágoas sem razão

Era uma vez um rapaz que ia muito mal na escola.
 Suas notas e seu comportamento eram uma decepção para seus pais que, como a maioria, sonhavam em vê-lo formado e bem sucedido.
 Um belo dia, o pai lhe propôs um acordo: Se você, meu filho, mudar seu comportamento, se dedicar aos estudos e conseguir entrar para a Faculdade de Medicina, lhe darei um carro de presente. 
 Por causa do carro, o rapaz mudou totalmente de atitude. Passou a estudar como nunca e a se comportar muito bem. 
 O pai estava feliz, mas tinha uma preocupação: sabia que a mudança do rapaz não era fruto de uma conversão sincera, mas apenas pelo interesse em obter o automóvel, e isso era ruim! Assim, o grande dia chegou. Fora aprovado para o Curso de Medicina. 
Como havia prometido, o pai convidou a família e os amigos para uma festa de comemoração. O rapaz tinha por certo que na festa o pai lhe daria o automóvel. Mas, quando pediu a palavra, o pai elogiou o resultado obtido pelo filho e lhe passou as mãos uma caixa de presente.
 Crendo que ali estavam as chaves do carro, o rapaz abriu emocionado o pacote. Mas, para sua surpresa era uma Bíblia. Visivelmente decepcionado, nada disse. E, a partir daquele dia, o silêncio e a distância separaram pai e filho.
 O jovem se sentia traído e agora lutava para ser independente. Deixou a casa dos pais e foi morar no Campus da Universidade. Raramente mandava notícias para a família. O tempo passou, ele se formou, conseguiu um emprego em um bom hospital e se esqueceu completamente do pai.
 Todas as tentativas do pai para reatar os laços afetivos foram em vão.
 Os anos rolaram até que um dia o velho, muito triste com a situação, adoeceu, não resistiu e morreu. 
 No enterro, a mãe entregou ao filho indiferente, a Bíblia que tinha sido o último presente do pai e que havia sido deixada para trás. De volta a sua casa o rapaz, que nunca perdoara o pai, ao colocar o livro numa estante notou que entre as suas páginas havia um envelope. Abriu-o e encontrou uma carta. Dentro dela, um cheque. A carta dizia: Meu querido filho, sei o quanto você deseja ter um carro. Eu prometi e aqui está o cheque para que você escolha aquele carro que mais lhe agradar. No entanto, fiz questão de lhe dar um presente ainda melhor: a Bíblia, pois nela aprenderá o amor de Deus pelas Suas criaturas e a fazer o bem, não pelo prazer da recompensa, mas pela gratidão e pelo dever de consciência. Corroído de remorso, o filho caiu em profundo pranto...

  O perdão incondicional é uma das mais sublimes virtudes que os seres podem almejar. Quem perdoa sempre, não corre o risco de se arrepender mais tarde por ter alimentado tanto tempo uma mágoa sem razão. Por isso é que devemos ter sempre em mente a recomendação do Mestre Jesus: Perdoar setenta vezes sete, isto é, perdoar sempre. Pensem nisso!