segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Mágoas sem razão

Era uma vez um rapaz que ia muito mal na escola.
 Suas notas e seu comportamento eram uma decepção para seus pais que, como a maioria, sonhavam em vê-lo formado e bem sucedido.
 Um belo dia, o pai lhe propôs um acordo: Se você, meu filho, mudar seu comportamento, se dedicar aos estudos e conseguir entrar para a Faculdade de Medicina, lhe darei um carro de presente. 
 Por causa do carro, o rapaz mudou totalmente de atitude. Passou a estudar como nunca e a se comportar muito bem. 
 O pai estava feliz, mas tinha uma preocupação: sabia que a mudança do rapaz não era fruto de uma conversão sincera, mas apenas pelo interesse em obter o automóvel, e isso era ruim! Assim, o grande dia chegou. Fora aprovado para o Curso de Medicina. 
Como havia prometido, o pai convidou a família e os amigos para uma festa de comemoração. O rapaz tinha por certo que na festa o pai lhe daria o automóvel. Mas, quando pediu a palavra, o pai elogiou o resultado obtido pelo filho e lhe passou as mãos uma caixa de presente.
 Crendo que ali estavam as chaves do carro, o rapaz abriu emocionado o pacote. Mas, para sua surpresa era uma Bíblia. Visivelmente decepcionado, nada disse. E, a partir daquele dia, o silêncio e a distância separaram pai e filho.
 O jovem se sentia traído e agora lutava para ser independente. Deixou a casa dos pais e foi morar no Campus da Universidade. Raramente mandava notícias para a família. O tempo passou, ele se formou, conseguiu um emprego em um bom hospital e se esqueceu completamente do pai.
 Todas as tentativas do pai para reatar os laços afetivos foram em vão.
 Os anos rolaram até que um dia o velho, muito triste com a situação, adoeceu, não resistiu e morreu. 
 No enterro, a mãe entregou ao filho indiferente, a Bíblia que tinha sido o último presente do pai e que havia sido deixada para trás. De volta a sua casa o rapaz, que nunca perdoara o pai, ao colocar o livro numa estante notou que entre as suas páginas havia um envelope. Abriu-o e encontrou uma carta. Dentro dela, um cheque. A carta dizia: Meu querido filho, sei o quanto você deseja ter um carro. Eu prometi e aqui está o cheque para que você escolha aquele carro que mais lhe agradar. No entanto, fiz questão de lhe dar um presente ainda melhor: a Bíblia, pois nela aprenderá o amor de Deus pelas Suas criaturas e a fazer o bem, não pelo prazer da recompensa, mas pela gratidão e pelo dever de consciência. Corroído de remorso, o filho caiu em profundo pranto...

  O perdão incondicional é uma das mais sublimes virtudes que os seres podem almejar. Quem perdoa sempre, não corre o risco de se arrepender mais tarde por ter alimentado tanto tempo uma mágoa sem razão. Por isso é que devemos ter sempre em mente a recomendação do Mestre Jesus: Perdoar setenta vezes sete, isto é, perdoar sempre. Pensem nisso!

Nenhum comentário:

Postar um comentário