quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Bens da Vida

Embora possamos conceituar os Bens da Vida segundo as nossas concepções pessoais, definindo-os a nosso modo, a verdade é que eles têm qualificações e classificações próprias.

Sob a forma de patrimônio comum, encontramo-los espalhados por toda a parte, como expressão dadivosa da Natureza. 

Tudo quanto existe vale por manifestação de sua presença.

O ar que respiramos. A água que bebemos. O Sol que nos aquece e vivifica. O dia que nos favorece com as suas horas. A noite que nos enleva com a magia do seu cenário e nos felicita com a bênção do repouso. O perfume que balsamiza a atmosfera. A flor que engalana o jardim. A árvore que enfeita a paisagem. O fruto que se ostenta na árvore. A brisa que ameniza o calor. O orvalho que se espalha na relva e resvala nas folhas e flores das plantas. O corpo de que se reveste o Espírito. As substâncias que vitalizam o organismo. O vento, a chuva, as riquezas do solo e do subsolo os minerais e vegetais, a força hidráulica, o magnetismo terrestre, as ondas hertzianas, as correntes marinhas, a eletricidade, as fontes térmicas e minerais, a fauna e a flora - tudo isto forma o majestoso conjunto de dádivas que o Pai Celestial põe à disposição de todos, sem que coisa alguma custe alguma coisa a alguém. 

 Estas são as naturais dotações da Criação ao Homem. A par delas, porém; necessariamente deve haver as doações do Homem à Vida, que, ao contrário das primeiras, têm origem na natureza espiritual da criatura, procedem de dentro para fora. 

Toda e qualquer exteriorização construtiva significando esforço de realização a bem do próximo, equivale a uma projeção do espírito humano, no sentido da ampliação de suas possibilidades, mediante a aquisição de maiores bens e valores eternos, definindo-se e positivando-se cada vez mais para melhor. 

Portanto, não é só o que nos beneficia que são bens da Vida, mas também e principalmente quanto de benefício pudermos proporcionar aos outros, procurando fazê-los felizes para sermos felizes com eles, isto é, fazendo nossa a própria felicidade alheia. 

Poderemos caracterizar atitudes e situações que se enquadram nesta ordem de coisas, aferidas assim por um outro critério de valorização. 

O silêncio que fazemos em torno de acontecimentos isolados do conjunto, para não levarmos ao pelourinho da vergonha e da desonra seus protagonistas. 

A palavra que pomos a serviço da complacência, sempre pronta a defender e a amparar. 

A mensagem de estímulo e conforto que endereçamos aos flagelados do corpo e da alma. A prece que formulamos em favor de alguém. 

O passe que aplicamos com o sincero desejo de colaborar na recuperação do enfermo. 

O lar que fundamos em bases cristãs.

 A família que educamos nos princípios enobrecedores do pudor e da compostura, do trabalho e do estudo, da honradez e da dignidade. 

A escola que ajudamos a manter com o nosso esforço. 

 Os favores desinteressados que prestamos a quem quer que seja. Os ensinos que ministramos aos menos favorecidos de conhecimentos. 

A mão que estendemos aos que precisam de levantar-se e caminhar.

 O aproveitamento das provas e expiações. 

 Sob o aspecto de inspiração própria, de iniciativa individual, de cunho essencialmente íntimo, muita coisa podemos fazer e deixar de fazer, que resultará em bênçãos e luzes do nosso caminho, com tanto mais proveito para nós mesmos quanto maior for o benefício que pudermos proporcionar a outrem. 

Estes outros bens da Vida formam o patrimônio próprio de cada um de nós e perduram conosco por todo o sempre, porque são o tesouro que o ladrão não rouba, a traça não rói, a ferrugem não destrói e o tempo não consome. 

 Passos Lírio Reformador (FEB) Junho 1970

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