terça-feira, 25 de julho de 2017

Desapego


Allan Kardec afirma que o egoísmo é a fonte de todos os vícios, como a caridade é a fonte de todas as virtudes. Destruir um e desenvolver a outra, deve ser o alvo de todos os esforços do ser humano, caso queira assegurar a sua felicidade tanto neste mundo quanto no futuro. Sábio é aquele que renuncia pela força da verdade a si mesmo, libertando-se do egoísmo – grande causador do apego. Esquecer ou deixar para mais tarde a evolução espiritual, para aquisição das riquezas materiais, é marca inegável de apego e imperfeição. Nós somos almas ainda muito apegadas às pessoas, situações, à matéria e emoções, sentindo grande dificuldade em deixar ir o homem velho, o desnecessário e até mesmo quem precisa partir para continuar seu caminho evolutivo longe de nós, aqui ou em outro plano. Deixando um pouco de lado as questões materiais, vamos refletir sobre o apego às pessoas encarnadas e às desencarnadas. O apego excessivo a toda e qualquer coisa é pernicioso tanto quanto o desapego absoluto pode significar desleixo. O apego é consequência de sentimento de posse, de dependência, de insegurança e ainda, a falta de fé na imortalidade da alma. O que aprendemos com a Doutrina Espírita é que precisamos exercitar amor incondicional para com todos iniciando com a nossa família. A vida é feita em ciclos. É preciso saber quando uma etapa chega ao final e permitir que ela se encerre. O fim de um emprego, de um relacionamento, um filho que parte para longe, pessoas amadas que desencarnam. Uma questão muito difícil de se vivenciar, é amar nossos entes queridos sem apego. Quase sempre nos julgamos insubstituíveis junto àqueles que amamos, achamos que ninguém, vai amá-los, mais do que nós, que somos indispensáveis. Apegamo-nos assim, esquecendo que eles também são amados por Deus e podem ser chamados por Ele a qualquer momento. Infelizmente, nossa cultura não nos prepara para o desencarne. Somos companheiros de viagem, cabendo a cada um caminhar de acordo com o que foi planejado antes da reencarnação. Temos um tempo previsto de permanência no planeta e algumas tarefas que devem ser cumpridas. Muitas vezes, nessas caminhadas, somos levados a nos distanciar um do outro, mas afetos sinceros não se separam. Podem estar ausentes, mas um dia se reencontrarão. Os laços de carne se rompem, mas não os laços de amor! Deixar que nossos amados partam antes de nós, é algo que devemos procurar entender e aceitar com resignação. A ausência do convívio com eles, pode gerar um sofrimento destrutivo para nós mesmos e angustiantes para os que se foram. É claro que sentiremos a dor da saudade, mas um sentimento sem desespero, sem revolta, sem desequilíbrios. Precisamos aprender a amar com desapego, ampliar o número de nossos afetos, sem a ilusão da posse. Se formos chamados pela desencarnação, continuemos a amá-los, respeitando-os e ajudando-os porque, a vida do Espírito após a Morte do Corpo Físico, Continua... Quando se propõe o desapego, não significa abandonar o mundo, mas entender a existência terrena como transitória e passageira; o que é imortal e verdadeiro é o Espírito. É necessário desapegar-se das coisas, das pessoas, das situações e sentimentos que nos algemem, permitindo assim, que uma nova etapa se inicie em nossa vida. Isso não significa amar menos ou descuidar, mas, ao contrário, enquanto o amor liberta e cuida, o apego aprisiona e sufoca. Sabemos que o espírito vivencia experiências para o seu crescimento moral e intelectual, e para isso, ele reencarna. Será que não seria egoísmo de nossa parte, não permitir e não aceitar que nosso ente querido parta para uma nova jornada evolutiva? No cap. XIV do Evangelho temos, muito bem desenvolvido, a passagem bíblica quando Jesus explica a real ordem da família: Quando entra um de seus discípulos e diz: Mestre, estão lá fora sua mãe e seus irmãos! E Jesus estende as mãos apontando seus apóstolos e diz: Eis aqui minha mãe e meus irmãos porque todo aquele que faz a vontade de meu PAI, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe. A Doutrina Espírita vem nos esclarecer que Jesus, nesta passagem, queria mostrar-nos que além de nossa família corporal temos a nossa família espiritual. Lembrando que somos Espíritos vivendo uma experiência na Terra e nossa verdadeira Pátria é a Pátria Espiritual. Portanto a Família Espiritual é formada por Espíritos ligados por laços de afinidade, sintonizados pelos pensamentos e ideais dentro do mesmo padrão vibratório. Isto explica nossa simpatia por esta ou aquela pessoa, muitas vezes, mais até do que um membro próximo de nossa própria família.

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