sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

O supremo bem

"Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo semelhante a este; Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os profetas."  
Mateus 22:37 a 40. 

O amor de Deus é a força misteriosa da vida: cria, conserva, e transforma a vida no Universo. Tudo quanto vive é animado pelo amor divino. Sem ele nada existiria; nenhum Ser viveria. Ele é a energia que engendra, organiza e governa tudo quanto existe, visível ou invisível, mutável ou perpétuo. É o poder universal e eterno que em tudo e todos se manifestam numa variedade infinita de formas. As leis de coesão, atração, gravitação, repulsão, reprodução, são manifestações materiais do amor divino que tudo governa de toda a eternidade e por toda a eternidade. A sede desse amor se manifesta inconscientemente nos seres inferiores e conscientemente nos mais adiantados. Como todas as formas de vida física da Terra recebem e refletem do Sol a luz e o calor vivificante; assim também todos os seres do Universo recebem e refletem o amor divino, que é a vida mesma em toda a sua gloriosa manifestação. A luz e o calor do Sol que se projetam sobre a Terra são os mesmos, mas a recepção e a reflexão podem ser em parte impedidas por obstáculos materiais. Igualmente o amor divino é o mesmo para todos os seres, mas encontra obstáculos morais e intelectuais, em grau maior ou menor, que o forçam a refletir-se de modos diferentes nos seres vivos, sedentos de individualização ilusória e de monopólio da vida. Somente os seres muito avançados em perfeição recebem e refletem em toda a plenitude o amor de Deus, e amam com todas as veras de sua alma o Criador e a todas as suas criaturas, sem distinguir entre bons ou maus, isto é, entre felizes e infelizes, adiantados e atrasados na escala do progresso. Essa capacidade de receber e distribuir em toda a plenitude o amor divino, é a suma felicidade, a bem-aventurança indizível na pobre linguagem humana, incompreensível para nós, retrógrados terrícolas, calcetas do pecado e da ignorância. Só podemos por enquanto gozar as formas muito menos elevadas do amor, formas quase materiais, como o amor materno, o amor conjugal, ainda muito próximos da animalidade; porém, mesmo estas formas elementares já nos permitem imaginar a suprema ventura dos seres que já podem cumprir literalmente o primeiro mandamento; porque amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a si mesmo, significa viver a vida superior na plenitude do amor divino, haver-se identificado com Deus e realizado o Cristo em seu próprio ser, possuir em si a Eternidade e o Infinito; ter o pleno gozo da força, da bondade, da compreensão, da vida completa e indestrutível; gozar toda a luz que irradia de Deus; estar integrado em tudo que vive; ser uno com O Criador e com todas as Suas criaturas. Tristes calcetas do pecado, ligados à roda dos renascimentos expiatórios em mundos inferiores: ousando julgar, pelas aparências enganosas do curto momento de uma encarnação, as criaturas de Deus; esquecidos do passado e apavorados diante do porvir; preocupados com o que havemos de comer e com o que havemos de vestir; famintos e sedentos de aprovação e simpatia; tentando egoisticamente monopolizar em nosso favor as coisas que nos parecem boas, em detrimento dos nossos companheiros de peregrinação; divididos pelo medo em grupos que se hostilizam; confundindo o cárcere do corpo com ai vida. Contudo isso, somos os beneficiários do amor divino que nos não abandona um momento e nos faz caminhar para a plenitude da vida, para a plenitude do amor, para a Bem-aventurança dos eleitos do Pai; somos as ovelhas do rebanho confiado a Jesus, e nunca seremos abandonados, porque ele é o bom pastor que disse: Dou a minha vida pelas ovelhas , e nos levará um dia ao supremo bem. 

Ismael Gomes Braga 
Reformador (FEB) Junho 1954 

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