segunda-feira, 31 de julho de 2023

Aflição

Cada criatura retorna à Terra com a aflição que lhe diz respeito às lides regeneradoras. Aflição que nos expressa o passado renascente ou nos define o débito atuante na Contabilidade divina. Aqui, é a enfermidade, que o tempo trará inevitável, quando precisa, ao campo de nossos impulsos inferiores. Ali, é a condição social, repleta de espinhos, em que se nos reajustarão as diretrizes e os pensamentos. Acolá, é o templo doméstico, transformado em cadinho de angustiosos padecimentos, caldeando-nos emoções e ideias, para que a simplicidade nos retome a existência. Além, é a tarefa representativa em que o estandarte do bem comum exige de nós os mais largos testemunhos de compreensão e renúncia, reclamando-nos integral ajustamento à felicidade dos outros, antes de cogitar de nossa própria felicidade. Em toda parte, encontra a criatura a aflição quando vista por ensinamento bendito, propondo-lhe as mais belas conquistas espirituais para a Esfera superior. Entretanto, se o caminho terreno é a nossa prova salvadora, somos em nós o grande problema da vida, uma vez que estamos sempre interessados na deserção do trabalho difícil que nos conferirá o tesouro da experiência. Trânsfugas do dever, nas menores modalidades, achamo-nos sempre à caça de consolação e reconforto, disputando escusas e moratórias, com o que apenas adiamos indefinidamente a execução dos serviços indispensáveis à restauração de nós mesmos. Saibamos valorizar a nossa oportunidade de crescimento para o Mundo maior, abraçando na aflição construtiva da jornada o medicamento capaz de operar-nos a própria cura ou o recurso suscetível de arrojar-nos os mais altos níveis de evolução. Não bastará sofrer. É preciso aproveitar o concurso da dor, convertendo-a em roteiro de luz. Colocados, desse modo, entre as provações que nos assinalam a senda de cada dia, usemos constantemente a chave do sacrifício próprio, em favor da paz e da alegria dos que nos cercam, porque somente diminuindo as provações alheias é que conseguiremos converter as nossas em talentos de amor para as bem-aventuranças imperecíveis. 

(Ceifa de luz. Ed. FEB. Cap. 31)

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