sexta-feira, 8 de junho de 2012

Fé raciocinada

Para podermos crer de verdade, antes de mais nada, precisamos compreender aquilo em que devemos crer. 

A crença sem raciocínio não passa de uma crença cega, de uma crendice ou mesmo de uma superstição.

Antes de aceitarmos algo como verdade, devemos analisá-lo bem. O mal de muita gente é acreditar facilmente em tudo que lhe dizem, sem cuidadoso exame. 

A “fé inabalável” é aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade. (Allan Kardec).

A “fé pode ser humana ou divina”, segundo a aplicação que o homem der às suas faculdades, em relação às necessidades terrenas ou às suas aspirações celestes e futuras.
(O Evangelho Segundo o Espiritismo, XIX, 12)

A fé necessita de uma base, e essa base é a perfeita compreensão daquilo em que se deve crer. Para crer, não basta ver, é necessário sobretudo compreender. 
(O Evangelho Segundo o Espiritismo, XIX, 6)

A fé pode ser ativa ou passiva. “Meus irmãos, que aproveita, se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma”. (Tiago 2, 14 e 17)

No Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo 19, item 12, Kardec define a fé como sendo uma força de vontade direcionada para um certo objetivo, ou seja, a vontade de querer. E esta força pode ser aplicada em dois campos distintos: o material e o espiritual, conforme o objetivo proposto.

No “campo material”, Kardec define a “fé como humana”, quando ela é usada para conseguir objetivos materiais e intelectuais, como por exemplo: a construção de uma empresa, a melhoria profissional buscando novos horizontes de atuação.

Todos nós temos que ter esta fé, que é a crença em nossa própria capacidade de realizar uma tarefa material. Mas ela deve ser aliada à humildade e à racionalidade, para não se transformar em orgulho, sentimento este que nos traz ilusões sobre a nossa personalidade.

Cite ao público vários exemplos de homens que realizaram grandes tarefas para o bem da sociedade, acreditando no seu próprio potencial, em vários campos de atuação, como por exemplo: a política, as ciências, os descobrimentos e também o campo empresarial.

No “campo espiritual”, Kardec define a “fé como divina”, pois ela orienta o homem na crença em uma força superior a ele e a tudo, que direciona a sua capacidade na busca de algo além do material, na descoberta do seu lado imortal.

É a religiosidade, agregando a caridade, a fraternidade e a melhoria interior. Esta fé, aliada à fé humana, espiritualiza os objetivos desta última e direciona esta força material para a satisfação da coletividade e não mais só da individualidade.

Vamos definir a fé que a nossa Doutrina veio propagar, que é a “Fé Racional”. Aquela que conforme este trecho do Evangelho Segundo o Espiritismo, veio aliar a este sentimento de crença e vontade de querer, uma qualidade própria do nosso tempo, que é a razão.

É ela quem dá uma base sólida a nossa crença, podendo encarar a ciência e o progresso a qualquer tempo. E que também nos ensina que não basta só crer ou ver, é também necessário compreender. Isto se aplica principalmente ao Espiritismo, onde o estudo e a prática da caridade são fundamentais para um bom desenvolvimento do trabalhador espírita.

Não basta também sentir, ver, ouvir, incorporar ou falar com os espíritos, é importante compreender sua natureza, o seu ambiente, a sua ação no mundo material e no espiritual. Reafirme o que diz o Evangelho Segundo o Espiritismo que é necessário compreender antes de ver.

Deixe claro o perigo da fé cega, aquela que acredita sem compreender, sem questionar, pois ela é a gênese do fanatismo religioso que causou tanto mal para a humanidade, e que deve ser combatida com serenidade e racionalidade.

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