domingo, 18 de novembro de 2012

A alegria de ser Espírita


“Querem escravos para os sistemas falaciosos que mentalizam, quando Jesus deseja te faças livre para a conquista da própria felicidade.”  Emmanuel

 “Mãe estou aqui!” A psicografia, assinada por uma garota que desencarnara aos 14 anos e voltava para amparar a inconsolável mãezinha, é o retrato da era que começa a se delinear na Terra. 

 O próprio Allan Kardec fez a evocação e registrou a conversa na edição de lançamento da Revista Espírita, em janeiro de 1858. 

 Ante as provas contundentes da identidade de Júlia, o Codificador indagou aos leitores: “quem ousaria falar do vazio do túmulo, quando a vida futura se nos revela assim tão palpável?”

 O Espiritismo é o sol de nossas vidas.

 Alegremo-nos em saber que não estamos sós, pois a morte foi desmistificada e todos os dias – na bendita seara espírita – temos provas da justiça e da perfeição absoluta das leis divinas. 

Cansados do vazio secular que nos invadia a alma em turvação, entre erros crassos, viciações e crimes, ora desperdiçando encarnações, ora malbaratando o tempo na erraticidade, fomos chamados à iluminação de nós mesmos. 

Eis a fonte de alegria perene dos nossos dias... Retirados dos escombros morais, resgatados por almas afins ou mentores espirituais, percorremos longos caminhos e estudos para estarmos aqui hoje, irmanados no grande ideal tão bem expressado nas obras básicas da Codificação.

 O Evangelho hoje renasce das cinzas a que foi relegado pela nossa própria ignorância, em tempos não tão longínquos... Incitam-nos Emmanuel e Bezerra de Menezes, entre outros benfeitores, a aplicarmos as lições de Jesus a nós, primeiramente, depois ao lar, por fim ao mundo... 

 Quanta alegria em saber que até os espinhos colaboram em nossa ascensão, ainda quando provenientes dos que mais amamos! 

 A mentora do médium Divaldo Pereira Franco, Joanna de Ângelis, na obra Alegria de Viver, nos faz um apelo sublime, mas não pela alegria estúrdia dos que riem sem saber o porquê. 

A referida obra concita-nos à alegria existencial, inspirada nas bem-aventuranças que o Cristo proclamou.

 A alegria do dever cumprido, da quitação, de conviver em sociedade, de saber obedecer a Deus. A bandeira de luz que levamos adiante é rota segura. Ainda nos momentos de dor suprema, termo inspirado em obra homônima do Espírito Victor Hugo, a misericórdia do Pai estende-se aos filhos sequiosos do pão da vida. 

Não há existência sem motivo, não há um homem sequer criado para a inutilidade, nada que nos alcance sem objetivo providencial e útil, quando vemos o mundo pela ótica espírita.

 As aflições são justas, ensina-nos O Evangelho segundo o Espiritismo, mas não cultuemos a dor e a expiação. 

 Que falar da justiça? O escritor Vinícius (Pedro de Camargo) escreveu que a lei mosaica era “prelúdio de justiça”, limitando a vingança a ato equivalente ao mal sofrido. Ou seja, visava impedir reações desproporcionais. “Nosso orbe  não chegou sequer a integrar-se no vetusto e rude dispositivo da legislação hebraica”, diz. 

Quanta alegria em conhecermos a justiça mais branda, inspirada na lição inesquecível do Mestre de nossas vidas, de fazer ao próximo o que gostaríamos que nos fizessem! 

 Que estejamos sendo veículos do prelúdio dessa outra justiça, mais espiritualizada, a do Cristo! Amando e reconstruindo vidas, em vez de apenas cumprir leis e regras para cercear e punir. 

Cultuando pensamentos, palavras e atos voltados ao bem, ainda que por ora sejamos meros vasos de barro, na acepção evangélica. 

Façamo-nos a pergunta: servimos a quem, sob a luz retumbante que rasgou os dogmas e o academicismo, iluminando-nos como ao peixinho vermelho, citado por Emmanuel em Libertação?

 Quanta gratidão à Doutrina de nossas vidas, que nos elucidou, após séculos de procuras infrutíferas, o verdadeiro sentido da caridade que salva! 

A definição surge em O Livro dos Espíritos, questão 886: “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas”.

 Aprendemos que a caridade não se faz apenas com a moeda que sobra nos bolsos e aplicações financeiras, mas também no sorriso generoso, que se torna verdadeiro cartão de visita do espírita e dos ideais que professa. 

 Quantas benesses e quanto refrigério em saber que nossa elevação não depende de indulgências e favores, mas apenas de nós mesmos! Quanta justiça! 

Não se compra um céu de fantasias nem se herda um inferno injusto, mas se conquista a evolução, dia a dia, com a renovação moral. 

Que importam, então, as pequenas diferenças? 

 Aprendamos a servir amando, unidos, como uma família disciplinada ante o “dirigente” maior, Jesus.

 Quantas bênçãos temos colhido tão-só com o Evangelho no lar, evitando desastres!... Tenhamos em mente o desfavor das queixas. Quanto deixamos de sofrer com isso! Há uma justiça subliminar que a tudo permeia, em tudo conspirando a nosso favor... Kardec abriu a trincheira pela qual tantos bandeirantes da nossa Doutrina, abusando do codinome aplicado ao precursor paulista Cairbar Schutel, semearam ou estão semeando um futuro melhor para a humanidade terrena. 

Hoje, como nos tempos de Jesus, tudo parece desvirtuado, incorrigível. Mas o exército do bem nos sustentará, firmemente. 

 Os benfeitores estão por todos os lados, amparando-nos. Nunca estivemos sós. Quanta consolação nessa verdade! Quanto a isso, a plêiade do Espírito de Verdade não deixa dúvidas, em O Evangelho segundo o Espiritismo: Os Espíritos do Senhor, que são as virtudes dos Céus, qual imenso exército que se movimenta ao receber as ordens do seu comando, espalham-se por toda a superfície da Terra e, semelhantes a estrelas cadentes, vêm iluminar os caminhos e abrir os olhos aos cegos.

 Os que não alcançaram o oásis do Evangelho são os cegos, como já fomos um dia. Irmãos estorcegam aniquilados, outros zombam da realidade espiritual, mas no íntimo amargam o vazio existencial, sinal dos tempos que varrerão o egoísmo e o orgulho do planeta-escola. 

 Espíritas, herdeiros dos mártires à excelsa Codificação, amparemos o próximo! Felizes pelo despertar gradual, mas compungidos ante a dor alheia, recordemos a menina Júlia e Kardec, há 152 anos, testemunhando: Jesus! Estou aqui! 

Reformador Junho 2010

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