sexta-feira, 13 de maio de 2011

O espiritismo na atualidade

Não há dúvida de que os novos conhecimentos modificam os conceitos e a compreensão humana do saber. Estes conhecimentos são sempre adquiridos através de pesquisas, geralmente científicas, na busca da verdade.

Portanto, o que se tinha como certo em séculos passados, gradativamente, vai-se reformulando ante as descobertas que surgem com a evolução do saber.

Infelizmente, as religiões não podem evolver com tais conhecimentos porque elas se estabeleceram, sem exceção, como se fossem verdades absolutas de revelações divinas e que, como tais, possuiriam a palavra do seu Deus, para cada uma, o único existente.

Começa, portanto, daí, a incoerência: a verdade é única para todos e a religião é diferente para cada grupo.

Provavelmente, dentro desta conjuntura, Allan Kardec, ao analisar mensagens mediúnicas, viu no acervo que possuí, uma forma de dar ao homem os conceitos religiosos que tanto ele necessita de forma racional e gradativa, daí garantir que a doutrina por ele codificada avançaria com o progresso e os novos conhecimentos humanos.

Isto significa dizer que suas obrar são o pilar de sustentação para formar tal doutrina. Eu ela, através dos tempos, seria acrescida pelos novos conceitos e reformulada, com eles, para que estivesse sempre atualizada. Todavia, na época em que Kardec viveu, ou seja, segunda metade do século XIX, os conhecimentos científicos eram tão precários que, sequer, se sabia que a molécula possuía partículas atômicas na sua conformação, quanto mais a formação dos átomos em si.

Posto isso, sua linguagem, à época, tinha que estar compatível com os conhecimentos contemporâneos, sob pena de ser considerado um visionário, ou, então, uma obra de ficção, daí a necessidade de ele se adaptar à precariedade dos conceitos da época.

O erro atual é que encontramos, dentro do movimento espírita, uma série de correntes controversas que descaracterizam o principal objetivo do Espiritismo que é abrir a mente humana para a necessidade de progredir com o Universo, tendo a evolução como fundamento.

Erram, dessa forma, os conservadoristas que não admitem que se dê à obra da codificação uma linguagem compatível com os novos conceitos da Ciência. Pecam aqueles que tentam transformá-la em mais uma seita evangélica, descaracterizando seus fundamentos. Equivocam-se os que pretendem dar ao Espiritismo uma conotação científica pura, abandonando sua finalidade precípua que é a de substituir os conceitos errôneos das religiões por princípios lógicos da Criação.

Enfim, o Espiritismo não é uma doutrina individualista nem uma seita cristã onde, cada pastor dá sua interpretação a ela, segundo seus conhecimentos ou sua concepção de ser.

Os grandes erros, portanto, verificados dentro do movimento espírita estão atidos à própria criatura que se diz fiel a seus princípios e que, de alguma forma, em detrimento da verdade, preferem adotar uma postura partidária tendenciosa, voltada para aquele aspecto que mais lhe apraza.

Não! Espiritismo não é nada disso. Ele sobreviverá a tais embates, já que muitas correntes que existem atualmente são voltadas para descaracterizá-lo em seus fundamentos, quiçá, orientadas por falanges espirituais altamente interessadas em criar o dissídio com o único fito de desfazer a obra codificada. Incluindo grandes missionários da Espiritualidade que mais parecem a serviço do desmonte doutrinário do que a serviço da verdadeira obra de atualização doutrinária.

Neste sentido, o fanatismo humano por mensagens mediúnicas é que dá azo a tal fato e permite que o Espiritismo seja adulterado em seus conceitos fundamentais por comunicações nem sempre fidedignas.

E tudo isso ocorre exatamente porque a grande massa que assim age não conhece as obras de Kardec nem sua filosofia básica, muito menos a própria definição que o mestre deu à codificação, contida no preâmbulo da sua obra fundamental "O Que é o Espiritismo" e que não convém àqueles que querem impor uma nova orientação.

Partindo, pois, para uma análise serena, vemos que na sua definição, Kardec não classifica o Espiritismo como sendo uma doutrina cristã, embora, do Cristianismo tome Jesus como exemplo. Ao tê-lo concomitantemente como ciência experimental e doutrina filosófica (sic), o que se espera é que, com as pesquisas, os preceitos doutrinários evolvam ante os novos conhecimentos e, como tal, não se radicalize a conceitos ultrapassados. E se sirva desse acervo para desenvolver a cultura como básica para o progresso evolutivo de cada um e que tenha como escopo, a reforma de cada um, maneira única de fazer com que uma sociedade progrida.

A grande vantagem da parte científica está na análise dos fenômenos paranormais, principalmente os de natureza mediúnica, capazes de descortinar a causa, senão verdadeira, real da existência da humanidade.

Partindo do fenômeno, pode-se concluir que a vida terrena é mera passagem material necessária ao processo evolutivo, embora ainda não possa saber o porquê do fato, contudo, tendo-se como vida real à do Espírito fora do corpo, o fenômeno permite estabelecer uma nova forma filosófica de vida, ou seja, criar uma tese evolucionista onde cada existência encarnatória é uma etapa desse progresso e que, como tal, cabe a cada qual aproveitar a oportunidade para progredir, para corrigir seus defeitos, para aprender e principalmente, dotar-se de uma conduta de vida compatível com a dita evolução.

Não será pois, por temor a um Deus falso, muito menos para agradá-Lo é que deva ter vida ilibada porque os frutos a serem colhidos são pessoais e nada têm que ver com um provável Criador que, se, de fato, fosse perfeito e tivesse uma obra tão perfeita quanto Ele, jamais faria criaturas humanas tão falhas e cheias de defeitos.

O Espiritismo é a única filosofia existente no mundo que permite tal compreensão, sem que se considere como heresia não admitir a existência do falso Deus religioso que exige, através da moral de cada seita, sacrifícios e outros artifícios para que seus fiéis possam alcançar às glorias do Céu.

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